O NOVO COLONIALISMO

O colonialismo tradicional, praticado até meados do século XX, implicava domínio do território colonizado, com um governo títere estabelecido ou um governante devidamente empossado, com toda a estrutura burocrática, preocupação com defesa, diplomacia etc. Isso dava muito trabalho, embora tenha sido sempre uma empresa extremamente lucrativa, para o país dominador, claro. Mas, o tempo passa e tudo se sofistica. Tudo se torna mais simples. Ou menos trabalhoso. Então, inventa-se uma nova forma de colonialismo, inaugurada pelos Estados Unidos, já que os países europeus têm outras preocupações lá deles.

Nada de ocupação territorial etc. etc. etc. Basta colocar um governo títere, que ama os Estados Unidos, depois, é claro, de dar um jeito de convencer o povo a votar no imbecil que eles querem. O que não é muito difícil, com as fake news, com uma série de “preparações” devidamente combinadas com juízes corruptos e complacentes ou coniventes e que também “amam os Estados Unidos”, porque foram formados lá, e têm todas as ferramentas do direito deles, contrariando princípios jurídicos milenares, provindos do Direito Romano.

Empossado o imbecil escolhido, coloca-se no seu pescoço a coleira, com alguns agrados típicos para domesticar cães que adoram receber biscoitinhos do dono, em troca da fidelidade total. O imbecil viaja aos Estados Unidos com toda a pompa e circunstância, é recebido na Casa Branca, visita a CIA, abana o rabo para o presidente deles, que também é um imbecil, mas é um imbecil esperto e tinhoso. Então, o imbecil que diz que “ama os Estados Unidos” abre as portas do país para o capital, para o povo, para tudo que é estadunidense, em falsos acordos em que só um país tem deveres e o outro tem todos os direitos.

O cachorrinho amestrado daqui e seus filhotes fofinhos acham que abrir as fronteiras para os “americanos”, que não mais precisarão de visto para entrar no país, vai atrair turistas, vai atrair dólares. E que seremos felizes e enriqueceremos enfiando a mão no bolso dos gringos idiotas, que vão pagar para levar bala perdida no Rio de Janeiro, subir morro de favela, comprar fitinha do Senhor do Bonfim, na Bahia, comer baião de dois no Recife etc. etc. etc.

Então, que venham os “americanos”!

E eles virão, sim. Não as famílias endinheiradas do Texas, ou o branquelos de Wall Street, com suas valises cheias de projetos ou de negócios ou mesmo com a intenção de se bronzear em nossas praias, como sonha a família de cãezinhos amestrados do palácio da Alvorada, mas virá gente do mais alto gabarito das múltiplas máfias de traficantes de drogas, de armas, de carne humana. E virão todos os bandidos endinheirados para fazer – como já fizeram nos tempos de antanho em Cuba – “grandes negócios” e negociatas, transformando o nosso país num grande quintal de suas sacanagens, devidamente protegidos pela extensão de nosso território, de nossas praias desertas e paradisíacas, de nosso interior de grandes extensões vazias ou quase vazias de população. E mais: sem serem incomodados pelas nossas polícias, que mal conseguem correr atrás de nossos próprios bandidos.

É claro que os branquelos de Wall Street não virão em carne, osso e valises cheias de dinheiro, mas mandarão seus prebostes ou os contratarão por aqui mesmo (que os haverá, às dúzias – entreguistas e canalhas são como formiga), para comprarem nossas terras, nossas florestas, nossas indústrias e ganharem muito, muito dinheiro, à custa da mão de obra de um país empobrecido pelas políticas econômicas de um idiota que se diz economista, mas é só mais um especulador canalha e entreguista do mercado de capitais; pelas políticas sociais de um cretino que cumpre bem o papel de tirar direitos trabalhistas do povo, de reformar a previdência para obrigar o povo a trabalhar até morrer; pela pregação evangélica de pastores estrategicamente colocados em postos chaves do governo para impor ao povo a ideologia do cristianismo mais torpe, aquela que prega a humildade, a pobreza e a ignorância como a única forma de entrar no tal reino de deus.

É este, pois, o novo colonialismo. Ao qual o Brasil dá as boas-vindas, com o povo amordaçado, espezinhado, empobrecido, sem perspectiva, a não ser esperar as migalhas do dono lá de cima.

19.3.2019

VENENO DE COBRA XXI – 2019

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