COLLOR E BOLSONARO- OS SUPER-HERÓIS

Cada dia que passa Bolsonaro se parece mais com Collor de Mello. Até no penteado. Com Collor também foi assim. Chegou ao governo cercado de boas expectativas. Derrotou Lula numa corrida presidencial que não teve nada de republicana. Foi mais uma briga de foice, uma refrega de caatinga do que uma campanha presidencial. Para derrotar o “sapo barbudo”, (apelido que Brizola deu a Lula), Collor descolou até uma antiga mulher dele, para falar que Lula a havia abandonado com um filho no colo. Deu certo, a estratégia funcionou, o “saco roxo” das Alagoas ganhou. O resultado, quem tem mais quarenta anos sabe. Collor, da mesma forma que Bolsonaro agora, julgava suficiente ter ganho as eleições e contar com o apoio popular. Bolou um ambicioso e rocambolesco programa de mudanças no sistema econômico do país,  trocou de moeda e promoveu uma nova abertura dos portos. Achava-se uma espécie de Superman, que tudo pode. E principalmente, como Bolsonaro,hoje, pensava não precisar dos políticos, pois com seu carisma de super herói, o Congresso faria tudo que ele quisesse. Crente na sua onipotência montou uma equipe de “técnicos” para ajudá-lo a governar, deixando de lado a experiência da “velha política”, como ele chamava os parlamentares mais rodados. Botou à frente da economia, para conduzir um plano tão ousado e controverso,  uma noviça recém formada em História, a tal Zélia Cardoso de Mello, que mais que gerir a nossa complicada economia, queria mesmo é namorar. Tanto que logo enrabichou-se do insosso e canhestro ministro da Justiça, Bernardo Cabral, e foram para Paris curtir o seu affair, enquanto o país pegava fogo. Acabou defenestrada, na sargeta. Por sorte achou a cama do Chico Anísio para se aquecer. 
Tudo se repete no país da serpentina e do confete. Bolsonaro parece querer seguir a mesma trilha de Collor. Até seus slogans soam como algo já ouvido antes. “Caçador de Marajás”, “Projeto Brasil Novo”, “Defensor dos descamisados”, eram os motes colloridos. Agora temos “Pátria Amada Brasil”, “Brasil acima de todos, Deus acima de tudo”, etc. E projetos ousados e inovadores para serem votados por um Congresso, que se ainda não é hostil, pelo menos já se mostra um tanto ressabiado por conta das ambiguidades do governo do Capitão.
Collor de Mello, o Superman, tinha um bom plano de governo. Mas escolheu uma equipe imatura e incompetente para executá-lo. Deu com os burros na água em menos de dois anos. Bolsonaro, o Capitão América, também tem um ótimo plano para consertar as mazelas do país. Salvo algumas exceções, parece que também não foi feliz na escolhas dos seus ministros. Não temos dois meses de governo e alguns deles já meteram o pé na jaca. Para governar um país como o nosso não basta ter boas intenções. É preciso saber formar uma equipe. Além da arrogância e da falta de experiência política, é nesse quesito de vital importância para um líder, que ambos mais se parecem. Bolsonaro ainda tem tempo. Que seu ego messiânico não o impeça de corrigir os seus erros.