A oposição que dá apoio

A OPOSIÇÃO QUE DÁ APOIO
Miguel Carqueija

Primeiramente quero retificar um cacoete muito comum na mídia, que é a referência à “oposição” como se fosse uma coisa só. Devemos entender que se a situação (quem está no governo em determinada altura e local) é uma só, existem várias oposições, até muitas, pela simples razão de que as posições políticas não são somente duas. Falar em “a oposição” assim sempre no singular dá uma ideia de maniqueísmo, de polarização.
Isto posto, quero colocar que a oposição a um determinado governo pode sim, e sem problema nenhum, dar apoio ao governo sem deixar de opor-se a ele. Alguém pode estranhar: como assim, oposição dando apoio? Ora essa, e por que não?
Se pudermos entender que o cidadão, antes de ser oposição tem que ser patriota, ordeiro e altruísta, então a coisa muda de figura. Situacionistas e oposicionistas não têm que se odiar mutuamente e se estraçalharem uns aos outros. Acima disso está o bem do país, que equivale ao bem do povo. Se alguém é da oposição — uma das oposições possíveis — mas reconhece que, em determinado assunto, o governo está fazendo o que é certo, tem mais é que apoiar o governo, caso contrário estaria preferindo a mentira e o ódio.
É por isso que, mesmo estando na oposição ao Bolsonaro, eu dou apoio a esse governo. Não tenho nada a ver com a oposição do PT, do PSDB, das esquerdas. Faço oposição de conservador. E há muitas razões para apoiar Bolsonaro. Vejamos:
— Redução da maioridade penal. Certo. Se um galalau de 16 anos e 1,80 de altura sequestra, tortura, estupra e mata uma menina de 5 anos, quem é vulnerável?
— Contra a ideologia de gênero. Certo. Ideologia de gênero significa a imposição da pedofilia nas escolas e o claro estímulo ao estupro por causa dos banheiros transgêneros.
— Contra o politicamente correto. Certo. Isso é uma forma nojenta de patrulhar a consciência das pessoas. Você não pode mais ter opinião no mundo “politicamente correto”.
— Nossa bandeira jamais será vermelha. Certíssimo! Durante o processo de impedimento de Dilma Roussef houve manifestações pró e contra no país inteiro. Quando os helicópteros da mídia sobrevoavam alguma delas, já sabíamos que aquela era do PT e quejandos, pela cor vermelha. As manifestações contra Dilma e o PT eram verde-amarelas, patrióticas.
— Redução do número de ministérios. Certo. Jair Bolsonaro diminuiu de 29 para 23 (com Dilma chegaram a 39). Ficou aquém da promessa, Bolsonaro, durante a campanha, falara em 15 no máximo. Excesso de ministérios é cabide de emprego.
— Nada de indulto de Natal ou Dia das Mães para criminosos. Certo! Nesse país davam indulto no Dia das Mães até para quem já não tinha mãe ou tinha assassinado a mãe.
— Reconhecimento de Juan Guaidó como legítimo presidente da Venezuela. Certo! Como ficar apoiando um monstro como Maduro???
— Permitir que as pessoas de bem se armem. Certo! Lula fez o contrário, desarmou as pessoas de bem, mas os bandidos prosseguiram cada vez mais bem armados.
Em tempo: sou contra a reforma da Previdência. Mesmo que a de Bolsonaro seja um pouco melhor que a de Temer, ela não se justifica. Estão ignorando a CPI do Senado que mostra que a Previdência não dá prejuízo, dá lucro. E, afinal, as empresas devem quase 500 bilhões ao INSS, por que não cobrar primeiro? Sou contra Bolsonaro nesse assunto. Espero escrever um texto específico sobre isso.

Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2019.