TAMARES- A  MINISTRA VITORIANA
                     
 
Votei em Jair Bolsonaro nas últimas eleições porque cansei de ver a quadrilha petista solapando os cofres públicos. Não me arrependi (ainda) da minha opção, mas começo a ficar preocupado com o rumo que as coisas estão tomando. Não bastassem as trapalhadas dos seus filhos, que parecem não ter ainda se conscientizado de seu pai agora é o primeiro mandatário do país e não um capitão de exército com um mandato de deputado, há alguns membros da equipe que ele escolheu para ajudá-lo a governar, que sinceramente me preocupam.
Uma delas é essa senhora Tamires Damares, pastora evangélica ultra-reacionária, que o presidente parece ter tirado de um romance da era vitoriana para comandar uma pasta tão importante como a que cuida de direitos humanos e assuntos de família.
Certo que o presidente Jair Bolsonaro também é evangélico, tem formação militar e no seu modo de pensar agasalha um certo conservadorismo que, às vezes, chega a ser reacionário. Isso não é de todo mau, porquanto, penso eu, o comportamento do povo brasileiro, nas últimas décadas, por conta de um liberalismo mal entendido e mal aplicado, desembocou numa crise moral, onde a prática da liberdade está sendo confundida com libertinagem. Assim como na vida constitucional de um país existe o chamado sistema de freios e contra pesos para contrabalançar o equilíbrio entre os poderes, é preciso que na dinâmica social também existam liberais e conservadores para equilibrar o anseio humano pela liberdade e pelo progresso, com o cuidado que se deve ter em não deixar que esse anseio cancele valores que a sociedade consagrou como úteis à sua saúde moral.
Vai longe o tempo em que o papel da mulher era apenas cuidar da casa e procriar. E que meninos e meninas não podiam escolher a cor das suas roupas. Também já pertence à borra dos séculos o tempo em que as pessoas eram condenadas, penal e socialmente, pela sua opção sexual. A era vitoriana já terminou e talvez a ministra Tamires não tenha se dado conta disso, pois ainda acha que a espécie humana foi criada a partir de um molde de barro a quem Deus deu vida com um sopro em suas narinas. E que ainda está no púlpito da sua igreja e não atrás de uma mesa ministerial que cuida de assuntos importantes para a vida da nação.
O governo Bolsonaro trouxe muitas esperanças a um país atolado no pântano da corrupção e da libertinagem, produzido por governos de ideologia progressista, que descuidou completamente daquilo que deve ser mais caro à identidade e à saúde de uma nação: a moral social e pública. Mas é preciso tomar cuidado para não substituirmos essa conjuntura por outra onde o obscurantismo e o sectarismo religioso se tornem política de Estado e façam o país retroceder no tempo.
A propósito, Bolsonaro tem no nome o substantivo próprio Messias. Que esse nome não contamine sua gestão como presidente, pois uma das pragas que infesta esta nossa pobre América Latina é justamente o messianismo político. Que ele não se perca pelo nome.