OS FILHOS DO CAPITÃO
Quando garoto eu gostava muito de revistas em quadrinhos. Meu preferido era os Sobrinhos do Capitão, quadrinhos com estorinhas de uma dupla de garotos travessos que infernava a vida de uma família de militares aposentados, entre eles um capitão e um coronel.
Essas memórias me vieram por conta dos imblóglios que os filhos do Capitão Bolsonaro, agora feito Presidente da República, estão arrumando para o seu convalescente pai e a colônia de militares que ele botou para administrar o país.
Bolsonaro chegou ao poder com um discurso que a grande maioria do povo brasileiro queria ouvir. Prometeu mudanças significativas na forma de fazer política e seriedade no trato da coisa pública. Mas só boas intenções não bastam. É preciso que os atos correspondam aos tratos. Eleição é como contrato entre o eleitor e candidato. Um promete fazer certas coisas, o outro compra sua promessa. Nem sempre é possível cumprir o prometido, mas quando a intenção é boa, até infidelidade se perdoa. Mesmo porque um presidente, em países democráticos, não governa sozinho. E aqui há um Congresso Nacional, com mais de seiscentas cabeças, cada uma pensando com seus próprios interesses, e um Supremo Tribunal Federal, cujos membros, não raras vezes, se esquecem que suas atribuições é defender a Constituição e não legislar ou mesmo praticar atos de governo.
Bolsonaro está enfrentando suas primeiras crises. Crises causadas, ou pelo menos fermentadas pela inexperiência, açodamento, ou mesmo vaidade de membros da sua família e da sua equipe. Seus filhos parecem os capetinhas do gibi. Um deles tem que explicar seu envolvimento no escândalo dos “dividendos” recebidos pelo principal assessor, que ao que tudo indica, são resultado de uma “laranjada” geral feita na Assembleia Legislativa do Rio. Que não é privilégio do Rio, diga-se de passagem. Em todas as casas legislativas do país há casos de parlamentares que colocam funcionários fantasmas nas folhas de pagamento para que estes repassem para eles parte dos seus salários.
E agora seu filho Carlos, chamando o Ministro Bebianno de mentiroso. Bebianno, como se sabe, foi o principal cabo eleitoral de Jair Bolsonaro. O Presidente deve a ele boa parte do seu sucesso. Talvez seja essa relação de dívida entre Bebianno e o Presidente que incomoda os filhos de sua Excelência. E por conta disso eles estão esquentando a chapa dele. Fora o caso dos “laranjas” que foram pagos para cabalar votos para o partido. Isso também vai dar dor de cabeça para o Presidente.
É preciso aprender com a História. Bolsonaro não deve esquecer que quem derrubou Collor foi um amigo e um irmão. Misturar família com amizades e política, e deixar que essas relações entrem em ebulição podem explodir o laboratório que ele montou para produzir as fórmulas que quer aplicar no seu governo. Tomara que as travessuras dos filhos do Capitão não acabem contribuindo para esse desfecho, que seria trágico para um país que, mais que tudo, precisa de paz para se equilibrar.
Quando garoto eu gostava muito de revistas em quadrinhos. Meu preferido era os Sobrinhos do Capitão, quadrinhos com estorinhas de uma dupla de garotos travessos que infernava a vida de uma família de militares aposentados, entre eles um capitão e um coronel.
Essas memórias me vieram por conta dos imblóglios que os filhos do Capitão Bolsonaro, agora feito Presidente da República, estão arrumando para o seu convalescente pai e a colônia de militares que ele botou para administrar o país.
Bolsonaro chegou ao poder com um discurso que a grande maioria do povo brasileiro queria ouvir. Prometeu mudanças significativas na forma de fazer política e seriedade no trato da coisa pública. Mas só boas intenções não bastam. É preciso que os atos correspondam aos tratos. Eleição é como contrato entre o eleitor e candidato. Um promete fazer certas coisas, o outro compra sua promessa. Nem sempre é possível cumprir o prometido, mas quando a intenção é boa, até infidelidade se perdoa. Mesmo porque um presidente, em países democráticos, não governa sozinho. E aqui há um Congresso Nacional, com mais de seiscentas cabeças, cada uma pensando com seus próprios interesses, e um Supremo Tribunal Federal, cujos membros, não raras vezes, se esquecem que suas atribuições é defender a Constituição e não legislar ou mesmo praticar atos de governo.
Bolsonaro está enfrentando suas primeiras crises. Crises causadas, ou pelo menos fermentadas pela inexperiência, açodamento, ou mesmo vaidade de membros da sua família e da sua equipe. Seus filhos parecem os capetinhas do gibi. Um deles tem que explicar seu envolvimento no escândalo dos “dividendos” recebidos pelo principal assessor, que ao que tudo indica, são resultado de uma “laranjada” geral feita na Assembleia Legislativa do Rio. Que não é privilégio do Rio, diga-se de passagem. Em todas as casas legislativas do país há casos de parlamentares que colocam funcionários fantasmas nas folhas de pagamento para que estes repassem para eles parte dos seus salários.
E agora seu filho Carlos, chamando o Ministro Bebianno de mentiroso. Bebianno, como se sabe, foi o principal cabo eleitoral de Jair Bolsonaro. O Presidente deve a ele boa parte do seu sucesso. Talvez seja essa relação de dívida entre Bebianno e o Presidente que incomoda os filhos de sua Excelência. E por conta disso eles estão esquentando a chapa dele. Fora o caso dos “laranjas” que foram pagos para cabalar votos para o partido. Isso também vai dar dor de cabeça para o Presidente.
É preciso aprender com a História. Bolsonaro não deve esquecer que quem derrubou Collor foi um amigo e um irmão. Misturar família com amizades e política, e deixar que essas relações entrem em ebulição podem explodir o laboratório que ele montou para produzir as fórmulas que quer aplicar no seu governo. Tomara que as travessuras dos filhos do Capitão não acabem contribuindo para esse desfecho, que seria trágico para um país que, mais que tudo, precisa de paz para se equilibrar.