Hoje não tem "Buemba, Buemba" na Band News FM, que foi o retrato falado de um tempo, na gandaia nacional...

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Hoje não tem "Buemba, Buemba" na Band News FM, que foi o retrato falado de um tempo, na gandaia nacional

Hoje não tem a coluna radiofônica "Buemba, Buemba", da Band News FM, com Ricardo Boechat e José Simão, pra ouvir e me divertir, depois do almoço. Negócio triste.

Aquilo era coisa que funcionava de uma forma incrível. Tecnicamente, Boechat se colocava como "escada" para José Simão, que era o "dono" da título da coluna, que vinha de seu site do portal UOL. Mas, a certa altura, ele estava ombro a ombro com o outro no ar (com auxílio luxuoso de Carla Bigatto nas carrapetas e participações), fazendo troça da incrível piada pronta que é a contínua e constante gandaia nacional, na Band News FM.

Impossível não rir, lembrando de quadros inesquecíveis como "O brasileiro é cordial (justamente naquele sentido por Sérgio Buarque de Hollanda)", "Os predestinados", "Piada pronta (anunciada com o estrondoso grito de "breaking news"!)", e tantos outros, que muitas vezes precedidos da famosa ordem "tirem as crianças do carro!", onde se dava a dica dom tom ou nível do tratamento do tema que vinha a seguir.

A popularidade chegou a tal ponto que os próprios ouvintes, inclusive crianças, começaram a interagir e participar, compondo músicas, como o celebrado "Tango da Macacada (acuerda macacada/ bandidos e ordinários/ tiene que trabajar...)" ou gravando o grito de guerra da entrada de Simão, o que se tornou uma atração à parte. No pacote, entraram também as impagáveis marchinhas e paródias compostas pelos marcheiros de Campinas - a última que foi executada se referia ao rolo em que está metido o filho do presidente e seu assessor Queiroz ("alô, Queiroz/ alô, Queiroz/ Arruma um negócio/ Aí pra nós!...). Até mesmo a esposa e a mãe deste e a Bahia, mãe espiritual do outro, viraram personagens de constantes da bagunça deles, no programa.

Diante da tragédia de Brumadinho, José Simão sucumbiu e pediu um tempo. Mal voltou ao ar e tem que lidar com a morte do companheiro de troças radiofônicas. Imagino que talvez seja difícil continuar.

Ricardo Boechat era jornalista das antigas, que tinha faro para notícia e simpatia e habilidade para aliciar boa fontes de informação. Já consagrado, podia ficar na dele, mas resolveu partir para o jornalismo no rádio, onde provocou uma onda de mudanças que se refletiu na audiência, que afetou inclusive na concorrente CBN, confessada no ar pelo jornalista Milton Jung, hoje pela manhã.

Muitos vão querer fazer reparos nestas afirmações, alegando sua preferência ideológica ou mesmo defesa de governos passados. Mas, no caso dele, uma coisa não tem ver com a outra.

Que descanse em paz...