A avidez do mercado
Tendo em vista a questão do lucro, é preciso que se olhe com cuidado as privatizações, ou seja, a transferência para a iniciativa privada de serviços realizados pelo setor público.
Não há empresa que não objetive com avidez o lucro financeiro, razão de ser da sua própria existência. Como as empresas têm dono, é lícito que eles levem pras suas casas o lucro produzido.
No caso dos serviços públicos, o lucro por eles proporcionado é social, isto é, a expressão financeira se dilui no interesse da sociedade. E como os órgãos públicos não têm dono, esse lucro ninguém leva pra casa. É distribuído pela sociedade.
Por isso, a privatização em larga escala não almeja ou consegue proporcionar melhores níveis de vida para a população. Na medida em que tem de se ocupar preferencialmente com lucros financeiros mais vantajosos a serem obtidos com os serviços oferecidos. E isso, aliado à dificuldade para a obtenção de emprego, à baixa escolaridade, precários níveis de saúde e de oferecimento de moradias, etc., concorre para o melhor desempenho do mercado livre, favorecendo, em contrapartida, o aquecimento do subemprego ou do mercado secundário ou informal. Além de exigir, da parte do Poder Público, uma fiscalização sempre severa dos serviços privados, para a garantia da qualidade do que for produzido, em que pese a necessidade do maior lucro financeiro possível a ser obtido.
Rio, 07/02/2019