ENTRE LOBOS E HIENAS.
Lucio A. Silva
O Brasil já foi o país dos vira-latas amistosos, domesticados, inofensivos. Hoje virou terra de cachorro doido, de Lobo selvagem e de hiena histérica.
Gulosas, irracionais, aquelas bestas sacrificaram o futuro da nação por um naco de carniça surrupiado às escondidas quando poderiam obtê-lo equilibradamente pelas vias do mérito.
Mais que famintas, além de devorarem a riqueza material da nação, aquelas bestas defecaram solenemente sobre os símbolos patrióticos e destruíram a um só tempo, o orgulho, a dignidade e a soberania nacional, além de inviabilizar para sempre as promessas de riquezas que poderiam acudir a miserabilidade do povo.
Sob o domínio de golpistas, o caos se instalou no país. Liquidaram-se direitos sociais, conspurcaram a cidadania, profanaram a história ao soterrar sob camadas sucessivas de charlatanice, as pegadas gloriosas da ancestralidade.
Sem autoestima a massa impotente segue descuidada o clamor dos demagogos e, sofre com a carência de lideranças e, se sacrifica com a ausência de representatividade e se cala vitimada pelo desprezo das ameaças que recebe de seus espúrios mandatários.
Não se vislumbra no horizonte, perspectivas de melhoras, porque não pode haver futuro onde falta autoridade legítima e justiça universal.
Aquela que um dia fora considerada pela comunidade internacional como a nação desprovida de seriedade, finalmente ratificou as previsões de seus críticos: o Brasil sucumbiu ao peso da própria mediocridade.
Fracassou por absoluta incompetência gerencial de seus líderes, inábeis na organização, mortiços na condução da sociedade cuja potencialidade jamais fora aproveitada.
Enfim, sobre montanhas de ouro e oceanos de petróleo, o Brasil morreu na praia, miseravelmente, sem nunca ter se consolidado como a potência sugerida por seu rico e colossal território.
Como espólio, restaram o passivo ambiental irrecuperável, a pobreza invencível do povo e o desonra eterno da classe política.
O brasileiro é o principal culpado por este estado de coisas, ao se deixar contaminar, inadvertidamente, pela malandragem improdutiva e pela esperteza sem mérito.
O Brasil é hoje o triste retrato de um povo humilhado, pobre, desorganizado, desconfiado, deprimido, sem orgulho, triste, sem identidade, decadente, sem norte, agredido em seus valores e desrespeitado em seus direitos. Enfim, um país que teve ao seu alcance um futuro glorioso mas que o viu se extinguir inutilmente, pelas mãos odiosas de seus traidores.
O comando nacional hoje se encontra nas mãos de matilhas famintas e de alcateias inescrupulosas, enquanto o povo submisso e alienado continua rebanho, subjugado e indefeso.
Inconsciente da força da união, a massa dividida, espera inocentemente pelo berrante que a conduzirá rumo ao abatedouro.
O silêncio incompreensível do conformismo potencializa a força sinistra do inimigo, que se aquartela sem resistência no Congresso Nacional, onde as vítimas veem agigantar o vulto apavorante do autoritarismo e da barbárie.
Tal e qual o gado encurralado, o povo sem consciência, sem voz, destituído da soberania popular e omisso, vive à mercê das contingências e não regula mais o próprio destino.
Apenas se deixa levar como manada estúpida, incapaz de ver na guilhotina que degola seu semelhante, ameaça iminente ao próprio pescoço.