TRÓTSKY (20) – RAZÃO E JUSTIÇA, SOCIAL E CONJUGAL
Série da Netflix, segundo episódio.
A cena acompanha o caminhar de Trótski pela cidade até a entrada de um atelier onde encontra Natália posando nua para diversos pintores. Observa de longe o cenário daquela bela mulher despida, sendo pintada por vários alunos com seus pincéis. Ela, como se percebesse intuitivamente que estava sendo observada com tanto ardor, vira o rosto para onde se encontra Trótski e faz um ar de riso sem que ele perceba. Depois do seu trabalho, Natália se despede e vai ao encontro de Trótski.
- N. Oi, Leon. Apreciando lindas paisagens?
- T. Centenas, até milhares de pessoas verão essas imagens. Sou apenas o primeiro.
- N. Você não gostou.
- T. Você não me conhece, Natália. Creio que ninguém deve dizer a uma mulher o que fazer com seu corpo. Esta moral é do passado, eu vivo pelo futuro.
- N. Então, seu futuro é imoral?
- T. Uma mulher deve decidir sozinha a quem entregar o seu corpo. Seu corpo e seu coração. Se ela escolher livremente ser fiel a apenas um homem, será mais sincero que esses morais dúbios. E então, isso é lindo.
- N. Sim, é mesmo. E você tem razão. Sou eu quem decido para quem me entregar.
- T. Você disse que gosta de Freud. Tome.
- N. Palestra do Freud?
- T. Isso.
- N. Em Viena.
- T. Sim. O trem parte em uma hora. É melhor corrermos.
A cena se desloca para a viagem de trem. Trótski e Natália estão juntos na mesma cabine. Ele folheia um jornal em pé, ela está sentada.
- N. Vai ter um congresso?
- T. Isso mesmo. De Viena vou para Bruxelas. Venha comigo.
- N. Para Bruxelas?
- T. Sim.
- N. É chato.
Batem na porta da cabine, os guardas entram e solicitam documentos. O guarda tenta soletrar o nome que consta no passaporte. Trótski ajuda.
- T. Kristo Samokovalov. Nós búlgaros temos nomes longos.
Natália se mostra surpresa. Os guardas saem e ela pergunta.
- N. Trótski! Que diabo foi isso?
- T. É a rotina diária de um democrata social.
Dois aspectos surgem para a compreensão de Natalia de quem é Trótski. Primeiro, sua visão da mulher, como deve ser vista, como deve se comportar. Isso deve ter agradado a Natalia. Também concordo com a opinião dele, mesmo que eu veja uma pontinha de machismo quando ele valoriza a posição da mulher virtuosa ser fiel a apenas um homem. Será que a mulher que ele deixou em sua cidade com uma filha, está liberada para ter um novo envolvimento como ele está tendo? Será que o seu ideal de justiça social também se aplica a justiça conjugal, onde a mulher deve ter o mesmo direito que o homem? Será que sua razão associada a justiça conseguirá vencer o instinto associado ao preconceito?
O segundo aspecto pode ter deixado ela com certa preocupação. O trabalho que ele faz como revolucionário, é um trabalho clandestino e que a qualquer momento pode ser preso ou mesmo eliminado pelas forças do poder constituído. Mas isso não deve constituir impedimento para uma paixão que está se desenvolvendo.
Série da Netflix, segundo episódio.
A cena acompanha o caminhar de Trótski pela cidade até a entrada de um atelier onde encontra Natália posando nua para diversos pintores. Observa de longe o cenário daquela bela mulher despida, sendo pintada por vários alunos com seus pincéis. Ela, como se percebesse intuitivamente que estava sendo observada com tanto ardor, vira o rosto para onde se encontra Trótski e faz um ar de riso sem que ele perceba. Depois do seu trabalho, Natália se despede e vai ao encontro de Trótski.
- N. Oi, Leon. Apreciando lindas paisagens?
- T. Centenas, até milhares de pessoas verão essas imagens. Sou apenas o primeiro.
- N. Você não gostou.
- T. Você não me conhece, Natália. Creio que ninguém deve dizer a uma mulher o que fazer com seu corpo. Esta moral é do passado, eu vivo pelo futuro.
- N. Então, seu futuro é imoral?
- T. Uma mulher deve decidir sozinha a quem entregar o seu corpo. Seu corpo e seu coração. Se ela escolher livremente ser fiel a apenas um homem, será mais sincero que esses morais dúbios. E então, isso é lindo.
- N. Sim, é mesmo. E você tem razão. Sou eu quem decido para quem me entregar.
- T. Você disse que gosta de Freud. Tome.
- N. Palestra do Freud?
- T. Isso.
- N. Em Viena.
- T. Sim. O trem parte em uma hora. É melhor corrermos.
A cena se desloca para a viagem de trem. Trótski e Natália estão juntos na mesma cabine. Ele folheia um jornal em pé, ela está sentada.
- N. Vai ter um congresso?
- T. Isso mesmo. De Viena vou para Bruxelas. Venha comigo.
- N. Para Bruxelas?
- T. Sim.
- N. É chato.
Batem na porta da cabine, os guardas entram e solicitam documentos. O guarda tenta soletrar o nome que consta no passaporte. Trótski ajuda.
- T. Kristo Samokovalov. Nós búlgaros temos nomes longos.
Natália se mostra surpresa. Os guardas saem e ela pergunta.
- N. Trótski! Que diabo foi isso?
- T. É a rotina diária de um democrata social.
Dois aspectos surgem para a compreensão de Natalia de quem é Trótski. Primeiro, sua visão da mulher, como deve ser vista, como deve se comportar. Isso deve ter agradado a Natalia. Também concordo com a opinião dele, mesmo que eu veja uma pontinha de machismo quando ele valoriza a posição da mulher virtuosa ser fiel a apenas um homem. Será que a mulher que ele deixou em sua cidade com uma filha, está liberada para ter um novo envolvimento como ele está tendo? Será que o seu ideal de justiça social também se aplica a justiça conjugal, onde a mulher deve ter o mesmo direito que o homem? Será que sua razão associada a justiça conseguirá vencer o instinto associado ao preconceito?
O segundo aspecto pode ter deixado ela com certa preocupação. O trabalho que ele faz como revolucionário, é um trabalho clandestino e que a qualquer momento pode ser preso ou mesmo eliminado pelas forças do poder constituído. Mas isso não deve constituir impedimento para uma paixão que está se desenvolvendo.