ARTIGO – O Senado se apequena - 02.02.2019 (PRL)
ARTIGO – O Senado se apequena – 02.02.2019 (PRL)
No artigo anterior, antes da posse e eleição no Senado, chegamos mesmo a aventar a possibilidade de o Doutor Sérgio Moro abandonar o barco fora de tempo, isto é, se a governança do país estivesse à deriva, com muita gente mandando, alguns até se aproveitando da fraqueza do estado de saúde do Presidente Bolsonaro. Muita gente nos criticou, com todo o direito, mas isto é apenas uma modesta opinião de quem nunca fez carreira na política.
Na verdade, o nosso Senado, embora renovado em termos de nomes, não mostrou isso em relação a oradores que possam impressionar e convencer. É o tal caso, a pessoa pode até ser culta, todavia não tem o dom da oratória, e em casa política isso é imprescindível. Justiça se faça, vimos uma meia dúzia se distinguindo entre os noveis parlamentares, mas isso pode ser aquele friozinho que vem à barriga quando se assume posições de destaque na coletividade, mera inibição. Quando a máquina engrenar poderá funcionar melhor.
Aqui abrimos parêntesis para fazer um registro da comédia triste e desonrosa patrocinada por senadores antigos do MDB quando, liderados pela senhora Kátia Abreu (PDT-TO) -- essa que já fora até ministra da agricultura no governo cassado da petista Dilma Rousseff --, tornaram o ambiente mais sujo do que chiqueiro de porcos de pobres, isso no momento em que ela numa rapidez fora do normal se apossou da pasta de documentos do presidente da sessão, onde estavam as repostas às questões de ordem produzidas pela sua secretaria. Evidente que não fora um bom exemplo para uma população que tem em seu bojo mais mulheres do que homens, principalmente quando se reclama por maior participação das senhoras no quadro político brasileiro, e muito menos para as demais senadoras que compõem o quadro da instituição. A reunião foi suspensa, e marcada outra para o dia de hoje, porquanto o clima assim o recomendava. A sigla de que participa a aguerrida senadora é a sexta na sua carreira, a partir de 1995.
Ocorre que, na madrugada, conseguiram uma ordem do ministro do STF Dias Tóffolli, que estava de plantão, revogando o que o plenário do Senado havia decidido – eleição aberta e nominal – retornando—se ao velho regime de voto secreto por cédulas e envelopes, em sessão a ser presidida pelo senador paraibano José Maranhão, o mais velho, de direito, grande raposa política da Paraíba, natural da ordeira cidade de Araruna, no agreste, de onde já fora prefeito, casa e batiza, com os seus pouco mais de vinte mil habitantes, que vivem da precária exploração agropecuária nos moldes tradicionais. Depois ficam reclamando da injunção do tribunal nas decisões internas do parlamento.
Ora, com dois senadores nordestinos comandando a eleição, pois a ele se juntou o não menos fera Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), oriundo da progressista cidade de Petrolina, sertão do estado, não era de se esperar outra coisa. Tanto é assim que flagraram oitenta e duas cédulas de votação rubricadas pelo presidente da mesa, situação impossível, em face de somente haver 81 membros nessa casa legislativa. Logo levantou-se a possibilidade de ter havido fraude, tanto que o senador Maranhão rasgara imediatamente os dois votos escusos, mandou incinerar os demais e chamou nova votação. Vale aqui mencionar que nessas localidades (Araruna e Petrolina) e nos pertinentes estados o Doutor Fernando Haddad, do PT, foi o mais votado nas eleições de outubro de 2018.
Encerrada a nova rodada, como pudemos ver, o clima ficou ameno, o vitorioso foi o amapaense Davi Alcolumbre com 42 votos, resultado que consideramos no cômputo geral como apertado, em virtude de ter havido no dia anterior 48 sufrágios pelo voto aberto, em decisão do plenário do Senado. Assim, o DEM passou a mandar definitivamente na política nacional, uma vez que o deputado Rodrigo Maia fora reeleito para presidir a Câmara dos Deputados.
A senadora Simone Tebet (MDB-MT), candidata avulsa, abriu mão de sua pretensão em favor também do Davi Alcolumbre, sendo exemplo de postura entre as mulheres da vida pública brasileira na atualidade.
Os perdedores, claro, tentarão no STF tornar nula a eleição, podendo alegar que o voto secreto foi desrespeitado, mas isso seria se apequenar ainda mais diante de um poder que também está se desgastando pouco a pouco no cenário nacional.
Nosso abraço.
Foto: TV