ARTIGO – Tateando – 01.02.2019 (PRL)
 
 
ARTIGO – Tateando – 01.02.2019 (PRL)
 
O povo brasileiro, em sua maioria, elegeu o Capitão Jair Bolsonaro e o General Hamilton Mourão na certeza de que estava dando poderes às forças armadas para comandar os destinos do país, caso necessário, confiantes em que a corrupção enraizada na vida nacional seria sufocada de uma vez por todas.

Decorridos trinta dias da investidura no mais alto cargo da república, o presidente tem sido alvo de críticas contundentes da mídia, especialmente das grandes empresas, até mesmo porque dissera que os gastos do governo com divulgação e propaganda seriam menores e ainda por cima divididos de maneira mais equitativa, medida que consideramos corretíssima.

Cada nome escolhido para compor o ministério era seguido de críticas as mais diversas, ora a respeito da capacidade, por vezes em relação até mesmo à idoneidade e assim por diante. Havia a promessa de campanha no sentido de que seriam indicados nomes absolutamente técnicos em sua quase totalidade, sem qualquer dúvida e isentos de condenação em processos na justiça. Ou seja, o cidadão poderia até ser réu, todavia se ainda não condenado era ficha limpa. Discordamos disso, porquanto onde há fumaça deve haver fogo.

A verdade, porém, é que somente escaparam de algumas críticas os Doutores Sérgio Moro, da Justiça, e o Paulo Guedes da Economia. O próprio Chefe da Casa Civil, Doutor em Veterinária Ônix Lorenzoni (DEM-RS), recebeu restrições, em face de haver recebido algum dinheiro como ajuda de campanha de uma das empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Nada lemos sobre esse processo, por isso que não temos condições de estender nossos comentários a respeito. Nossa opinião é de que deveria ter sido substituído, isso até que resolvida a pendência no STF.

O pior de tudo é que todo dia aparece um escândalo, uma nova operação da Polícia Federal, de sorte que pessoas e mais delinquentes vão sendo envolvidos, em razão das delações premiadas, essas que facilitam em muito as apurações, todavia não deveriam receber bônus tão expressivos como tem sido praticado no país, havendo casos de redução de penas privativas de liberdade em regime fechado e sua substituição pelo sistema aberto, com tornozeleiras, procedimento que deveria de pronto ser reexaminado por quem de direito. Sentimos que essas confissões têm sido fora de época e isso pode até ter contribuído para a destruição de provas mais substanciais ao desenvolvimento dos processos.

De par com tudo isso, segundo tomamos conhecimento ontem, há uma notícia assaz interessante circulando pelas mídias, dando conta de que o presidente Bolsonaro, que está ainda hospitalizado por conta da grande cirurgia que fizera no dia 28 p. passado, havia telefonado para o senador Renan Calheiros (MDB-AL), manifestando seu apoio a sua volta ao comando da maior casa de leis do país. Estranhamos essa mudança de posicionamento, eis que o combate ao que existe de mal no Brasil jamais poderia iniciar por esse caminho tortuoso, tal seja o de negar o que prometera.

Houve quem arriscasse a dizer que tudo fora fruto de uma negociação, a fim de que o presidente do senado apoiasse a reforma da previdência e, por outro lado, nada deixasse acontecer com o antes deputado estadual Flávio Bolsonaro, que fora eleito senador da república, conclusões que não queremos acreditar de maneira alguma. Essas coisas somente poderão ser explicadas quando o titular estiver exercendo em toda a plenitude seu mandato popular. Sobre o processo do Flávio o ministro Marco Aurélio acaba de negar a suspensão das investigações dos ilícitos de que é acusado.

Sobre o desastre de Brumadinho, o maior da história, há vários pontos obscuros, de difícil explicação: a) o alarme não funcionou, eis que fora tragado pela lama; como, se o aviso deve vir antes da tragédia? b) – a Vale distribuiu R$ 82 milhões na campanha eleitoral do ano passado; c) – qual o porquê da saída brusca da equipe de Israel no socorro às vítimas? d) – onde vão buscar tantos técnicos para fiscalizar todas as barragens brasileiras? Agora virou moda e toda e qualquer cidade vai providenciar essa medida, a fim de gastar dinheiro público a toque de caixa, isso sem precisar de concorrência; e) – os laudos que indicaram segurança na barragem que estourou foram feitos presencialmente ou os profissionais já os receberam prontinhos para apor suas assinaturas? f) – seria verdade que a Vale já estava com os estudos prontos para desativar dezenove barragens, sendo que dez já o foram; g) - alguém notou que quando falava em tecnologia o presidente da empresa mencionava repetidamente a assistência internacional, ou seja, no país não tem ninguém em condições; h) – pra que ninguém entendesse ele dizia “descomissionar” as barragens, quando seria mais fácil falar em desativação, destruição, etc.

Já estamos nos alongando muito e esse não era nosso propósito. Mas uma coisa é certa. Não se pode dirigir uma empresa, um negócio, um estado, um país somente com técnicos sem experiência política, por exemplo. É absolutamente necessário que se tenha “tática” de administrar. Um treinador de futebol, somente para ilustrar o texto, jamais poderia sê-lo se apenas dominasse a “técnica”, pois quando jogasse com outro time com “técnica e tática” forçosamente poderia ser derrotado. Esses dois predicados caminham sempre juntos, um não funciona sem o outro.

Daqui vamos arriscar um palpite. Ou a situação melhora ou o primeiro a pedir as contas será o grande jurista Doutor Sérgio Moro, da Justiça, tendo de procurar emprego, mas não faltará, claro.

Ficamos por aqui.

Nosso abraço.
Ansilgus
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 01/02/2019
Código do texto: T6564604
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