ASSASSINO ECONÔMICO (5) - PANAMÁ, 1981
            Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
            Omar Torrijos, presidente do Panamá, era um dos meus favoritos, eu realmente o admirava. Quando eu tentava suborna-lo ou corrompe-lo, ele dizia: “Olha, John” – ele me chamava de Juanito – “Olha, Juanito, eu não preciso do dinheiro, o que eu preciso é que meu país seja tratado com justiça. Preciso que os EUA paguem as dívidas que possuem com meu país por toda a destruição que vocês causaram aqui. Preciso estar em uma posição onde eu possa ajudar outros países latino-americanos a se tornarem independentes e se libertarem desta presença terrível do Norte com a qual vocês vêm nos explorando tão terrivelmente. Preciso que o canal do Panamá esteja de volta nas mãos do povo, é disso que eu preciso”. “Me deixem em paz, parem de tentar me subornar”. Isso foi em 1981, e em maio daquele ano, Jaime foi assassinado. Omar sabia muito mais o que era isso, então juntou sua família e disse: “Provavelmente eu sou o próximo, mas tudo bem, porque eu fiz o que vim fazer, renegociei o canal, agora ele estará em nossas mãos”. Ele tinha acabado de fazer um acordo com Jimmy Carter. Em junho de 1981, apenas dois meses depois. Ele também morreu em um acidente aéreo que certamente foi realizado por chacais apoiados pela CIA. Há evidências que um dos agentes entregou ao presidente, quando ele embarcava, um pequeno gravador que continha uma bomba.
            Ainda acontece de serem encontrados pessoas capazes de assumir um cargo público e não se deixar envolver pela corrupção. Certamente não existe apenas uma pessoa com essa característica de ser incorruptível, de seguir as trilhas do amor, quanto mais perto possível do amor incondicional. A dificuldade é que essas pessoas ainda não conseguiram se reunir e atuar em conjunto com ética para influenciar a sociedade, tornar-se modelo comportamental para todos. Isso as pessoas envolvidas com a corrupção fazem muito bem, se associam uns com os outros, formando rede.
            Isso indica que o papel que as pessoas de bem, éticas, honestas, dentro da sociedade, é formarem também uma rede do bem para se contrapor a rede do mal, da corrupção alimentada pelo egoísmo. Talvez o modelo dos Alcoólicos Anônimos usado para combater a doença do alcoolismo, possa servir para o homem combater a doença do egoísmo, que é necessária para a sua evolução enquanto animal, mas não para evolução do espírito humano.
            Quando todos nós reconhecermos a presença do egoísmo em nossas ações, mesmo que não queiramos ser egoístas, nem corruptos, então chega a necessidade de formarmos grupos por todos os agrupamentos humanos, em salinhas pequena, sem ostentação, mas preparadas para receber nossos depoimentos de ações egoístas e como conseguimos deixar as ações de corrupção, e até ser capaz de colaborar com o esforço coletivo para o bem de todos. Talvez se isso tivesse já sendo colocado em prática, o ilustre presidente do Panamá poderia ainda estar em companhia de outras pessoas.