TUDO É VERDADE SOBRE A DITADURA MILITAR?
(...) Certamente a “ditadura militar” foi um período controverso de nossa história, não se pode negar que houveram muitas atrocidades e torturas, entretanto, ( pois existem muitos “entretantos”), o verdadeiro historiador tem que ser sensato e guiados pelas fontes históricas, não pode ser tendencioso nem partidário ideológico, ao menos no momento de registrar com o máximo de fidelidade sobre algo tão obscuro que é a “verdade de um momento histórico da politica brasileira”, se o historiador não pode ser de todo imparcial, ele não deve em hipótese alguma esconder fatos ou cercear as diversas fontes ainda existentes.
Não estou aqui negando tudo que está escritos nos livros, só estou dizendo que muitas das coisas escritas foram exageradas e outras suprimidas da história por pura visão tendenciosa. O historiador não é um agente neutro, por mais que se deseje ser, o historiador é um “ser de olhares”, em sua maioria olhares marxistas, pois necessitam de amparos e visões teóricas para elaborar uma direção da sua produção, caso contrário, sua argumentativa é desacreditada por falta de “bagagens”.
O livro "1964, o Elo Perdido: o Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista", resultado das pesquisas de Mauro Abranches Kraenski e Vladimír Petrilák no arquivo do serviço de inteligência comunista tchecoslovaco, dará fim a um silêncio de mais de 50 anos por parte de nossos historiadores, que, durante todo esse tempo, ignoraram e negligenciaram deliberadamente os arquivos das antigas repúblicas soviéticas, fontes relevantíssimas de documentos sobre a atuação dos serviços secretos comunistas no Brasil durante toda a Guerra Fria. Mas, não vou me aprofundar nessa questão, pois o que quero questionar aqui é a produção da história.
Nas ciências humanas, existem uma necessidade intrínseca de bagagens teóricas ou amparo que validem suas argumentativas nas suas pesquisas de mestrado e doutorado. O referencial teórico é uma espécie de “guia de raciocínio”, onde você tem que está ali dentro enquadrado e referenciado naquele modelo de pensamento para entender certo fenômeno social.
De fato, dissociado da prática, o fazer História se torna abstrato e a História, enquanto disciplina, não faz mais do que reproduzir um conhecimento desarticulado, despolitizado, fragmentado, especializado, cada vez mais tomado como prática educativa destinada a desenvolver nos alunos o mito da “memoria nacional” com seus ditos e maniqueísmos de vilões e heróis. Não que me agrade essa dicotomia.
E é ai aonde vem à questão com relação à “ditadura”;
Afirmar que a “ditadura” é aquilo hermeticamente pregada nas universidades e escolas; contidos livros didáticos que são claramente escritos por apaixonados do socialismo. Pois nas universidades ela é uma versão demonizada e paradoxalmente sacramentada como verdade inquestionável sem direitos a dúvidas, ou até como uma "verdade" cega, que passa a imagem de um período sem nenhum progresso.
A atual historiografia do período militar é a pérola argumentativa da esquerda, a ancora da falácia e da distorção, sendo assim proibido de contrapor suas "verdades", pois também temem que a realidade desta verdade venha a tona. Um registro histórico não se torna uma verdade hermeticamente fechada com o tempo de sua duração, ou por sua mentira ser tão antiga e durável, um registro histórico, independente de ser uma verdade ou não, tem que sempre passar pelo crivo da revisão historiográfica para ou acrescentar mais informações ou retirar os mitos.
O fanatismo ideológico de uma visão historiográfica e política guiada por referenciais teóricos marxistas tendem a colocar a história como algo fechado em suas analises, a fim de validar suas próprias lutas e ambições. O "pronto e acabado" é a maior ofensa a qualquer pesquisa séria da área humanística, tendo em vista que os registros dos acontecimentos históricos são coletados em diversas e diferentes fontes.
As novas fontes vão ajudar a historia de determinado acontecimento a ser fortificada ou até revisada em parte, sendo a importância da revisão historiográfica nítida para o caráter retificador ou ratificador do acontecimento, entretanto, para inibir os curiosos da revisão histórica, os que são mais compromissados em criar uma "verdade exagerada de um período" elaboram estratégias que vai desde a “ridicularização” até o proibido duvidar dos seus “nuances mais esquisitos que fazem parte dos registros”.
É inegável que muitos dos que entram nas universidades já saem das escolas com a sua visão estreita e moldada pelo pela visão socialista marxista da história, e acham que conhecer história é ler livros de olhares nitidamente fanatizados e apaixonados de esquerdistas, sem ver o outro lado das questões.
A esquerda universitária reclama que têm surgido pessoas que defendem a ditadura militar, mas a culpa disso tudo é exatamente de vocês – quando os professores universitários escondem fatos históricos que podem dá margens a outras interpretações daquilo que eles falam e enfatizam ser “pronto e acabado” eles cristalizam o conhecimento como uma forma de seita onde não se pode duvidar de nada, mesmo que os fieis (alunos) tenham duvidas lacerantes no seu interior.
O enfoque diverso, ou a abordagem de ângulo diferenciado, não exprime nenhum pesquisador ou cientista social do abandono do processo concreto e antecipado para fundamentar suas analises. Não estou dizendo que fazer história é simplesmente coletar dados ou arranja-los cronologicamente, mas o contato direto com as fontes, a problematização do concreto, o necessário posicionamento no presente pela busca e compreensão critica do nosso passado.
A decepção de saber e ver outros lados que eram proibidos de falar ou tocar em sala de aula faz com que aquele aluno decepcionado veja toda a verdade pregada pelo professor como algo herético, e a mente deste aluno tende a desprezar tudo generalizando o conhecimento do assunto como mentira total, é ai onde surgem os gritos de “queremos a ditadura militar”.
Proibir a duvida ou os questionamentos com zombaria ou preconceitos só revela duas coisas neste professor, a incapacidade de responder e a militância fanática em tentar sustentar a versão da história ridicularizando a duvida do aluno. A simples menção de alguns fatos ainda que se solicite com inteireza de duvida, é muitas vezes combatido como um ato reacionário.
Fazer e produzir história, é ir a varias fontes primárias do registro, é ler outras versões de bons autores (que não sejam fanáticos), é considerar os indícios que levam a outras possibilidades; é usar fontes orais, é consultar os agentes políticos e não-políticos; e entender a mentalidade de uma época; é analisar comportamentos cotidianos, atos e ações gerais.
E mais, é separar paixões de analises históricas; e, por fim, é sempre revisar os conhecimentos e nunca se fechar no olhar cartesiano dos outros, isso é um exercício continuo sem nunca parar de acrescentar ou rever tudo que está lá escrito.
Acredita no teu professor esquerdista que diz que duvidar de tudo isso é ignorância? Pois bem, nas ciências tecnológicas e físicas, o consenso geral dos cientistas é sempre duvidar, pois na ciência não existem verdades absolutas, se naquilo que se pode rever em laboratório com máxima precisão de reprodução, existe a necessidade de duvidar, quanto mais interpretações da história que tem muitos nuances de olhares guiados por ideologias pessoais.
Uma história fechada, pronta e acabada, não é algo confiável; Isso vai contra tudo que o verdadeiro historiador diz; pois sempre a história precisa ser revisada e até retirada algumas fábulas ou acrescentada mais informações, e muitas dessas informações são deixadas de lado por pura ideologia, o que faz com que a verdade histórica seja mal contada resultando em um bando de bitolados fechados no próprio pensamento.
Não estou com isso dizendo que todas as produções históricas são produzidas assim, na tendência fanática, não, a história é vista como uma verdade quando há um esgotamento de fontes, sendo assim a única interpretação possível para aquele fato, em geral quanto mais longínquo e simples é a civilização ou povo na temporariedade é um acontecimento histórico, menos fontes têm para acrescentar, exemplo; a história dos primeiros habitantes da América.
Acha que todos os registros da nossa época foram estudados ou esgotados? Será que os arquivos do período militar foram todos liberados ou liberaram somente aqueles que validavam a argumentativa exagerada da esquerda? Acreditar nessa falácia incompleta é acreditar em mais de 35 anos de predomínio esquerdistas nas universidades que monopolizaram "as versões da história da ditadura", ridicularizam os que duvidam dentro de uma lógica moderada e baseada nos registros históricos e desconsideraram muitos registros porque lhes causavam “embaraços ideológicos”. Sempre existe um meio a meio ai, pois nada está acabado (...).
Lililson Santos