O grande acordo e seus inimigos
Após a tempestade pouco amena das eleições de 2018, é de se perguntar qual será o rumo do país daí em diante, para além das narrativas de campanha.
Há, no presente, a urgência de se solver o Estado Brasileiro. Durante as eleições, pouco se debateu a respeito, mas impera resolver a questão fiscal e econômica do Brasil. Este caminha para se tornar uma nova Grécia caso nada seja feito, pois a previdência (tanto a do regime geral quanto a dos servidores públicos) é inviável no longo prazo. Não há, também, de onde tirar mais recursos da sociedade, sufocada pelo complexo sistema tributário brasileiro, o que leva a crescentes déficits na esfera pública. Por isso, deve haver um grande acordo nacional. Sem capacidade de diálogo e de transigência, os diversos grupamentos políticos podem arrastar o país para o abismo.
No entanto, existem problemáticas que obstam o prosseguimento do acordo. Uma delas é a animosidade que ainda viceja da campanha eleitoral. De um lado, boa parte da população caiu no conto marxista, elaborado pela elite intelectual e por setores pouco interessados com a democracia. Nela, não há possibilidade de diálogo: os adversários políticos são inimigos do povo e cabe somente aos seus reais representantes (a "esquerda") conduzi-lo. Uma espécie de coletivismo forçado e paradoxalmente também uma forma de elitismo cultural. Dando nomes aos bois: um completo desprezo pela capacidade dos indivíduos de tocarem suas vidas sozinhos e de promoverem mudanças através da sociedade civil, além de verdadeira fonte de ódio e ressentimento.
Em contraste, há o renascente movimento conservador, ultranacionalista, recém empossado no poder federal, que utiliza de táticas equivalentes para promover suas narrativas. Os inimigos, neste caso, são todos aqueles que atentam contra a Nação, uma entidade tão rarefeita quanto o ar. Também exsurge a tentativa de se criar medo através da estória da ameaça comunista bolivariana (em parte verdade: vide Venezuela; mas igualmente histérica, no caso Brasil). Ou seja, através do medo e da discórdia, ambos os grupos criam formas de controle e inflamam os populares uns contra os outros.
Por fim, é de se citar que, atuando na margem dessas narrativas ideológicas, existem ainda grupos de interesse bastante influentes que pouco se importam com o bem público: o conhecido fisiologismo brasileiro. Corporações de servidores públicos da elite (auditores fiscais, juízes, promotores, procuradores), empresários monopolistas, entidades de classe, políticos da velha guarda, dentre outros sanguessugas do Estado Brasileiro, tentarão inviabilizar o acordo nacional de qualquer maneira. O povo, menos organizado, ainda não tomou consciência desses grupos e, enquanto briga entre si, é furtado pelos batedores de carteira.
Qual a viabilidade, portanto, do acordo nacional? Só o tempo dirá, mas a confluência de forças no presente nos dá pouca esperança de melhora.
Após a tempestade pouco amena das eleições de 2018, é de se perguntar qual será o rumo do país daí em diante, para além das narrativas de campanha.
Há, no presente, a urgência de se solver o Estado Brasileiro. Durante as eleições, pouco se debateu a respeito, mas impera resolver a questão fiscal e econômica do Brasil. Este caminha para se tornar uma nova Grécia caso nada seja feito, pois a previdência (tanto a do regime geral quanto a dos servidores públicos) é inviável no longo prazo. Não há, também, de onde tirar mais recursos da sociedade, sufocada pelo complexo sistema tributário brasileiro, o que leva a crescentes déficits na esfera pública. Por isso, deve haver um grande acordo nacional. Sem capacidade de diálogo e de transigência, os diversos grupamentos políticos podem arrastar o país para o abismo.
No entanto, existem problemáticas que obstam o prosseguimento do acordo. Uma delas é a animosidade que ainda viceja da campanha eleitoral. De um lado, boa parte da população caiu no conto marxista, elaborado pela elite intelectual e por setores pouco interessados com a democracia. Nela, não há possibilidade de diálogo: os adversários políticos são inimigos do povo e cabe somente aos seus reais representantes (a "esquerda") conduzi-lo. Uma espécie de coletivismo forçado e paradoxalmente também uma forma de elitismo cultural. Dando nomes aos bois: um completo desprezo pela capacidade dos indivíduos de tocarem suas vidas sozinhos e de promoverem mudanças através da sociedade civil, além de verdadeira fonte de ódio e ressentimento.
Em contraste, há o renascente movimento conservador, ultranacionalista, recém empossado no poder federal, que utiliza de táticas equivalentes para promover suas narrativas. Os inimigos, neste caso, são todos aqueles que atentam contra a Nação, uma entidade tão rarefeita quanto o ar. Também exsurge a tentativa de se criar medo através da estória da ameaça comunista bolivariana (em parte verdade: vide Venezuela; mas igualmente histérica, no caso Brasil). Ou seja, através do medo e da discórdia, ambos os grupos criam formas de controle e inflamam os populares uns contra os outros.
Por fim, é de se citar que, atuando na margem dessas narrativas ideológicas, existem ainda grupos de interesse bastante influentes que pouco se importam com o bem público: o conhecido fisiologismo brasileiro. Corporações de servidores públicos da elite (auditores fiscais, juízes, promotores, procuradores), empresários monopolistas, entidades de classe, políticos da velha guarda, dentre outros sanguessugas do Estado Brasileiro, tentarão inviabilizar o acordo nacional de qualquer maneira. O povo, menos organizado, ainda não tomou consciência desses grupos e, enquanto briga entre si, é furtado pelos batedores de carteira.
Qual a viabilidade, portanto, do acordo nacional? Só o tempo dirá, mas a confluência de forças no presente nos dá pouca esperança de melhora.