O que acontecerá com os partidos políticos?
O que acontecerá com os partidos políticos?
Publicado no jornal Pioneiro de Caxias do Sul, em 7/12/2018
Falaram que a ultima eleição foi uma forma de “virar a mesa”. O Brasil realmente estava precisando que se “virasse a mesa”, tal o nível de anarquia social a que fomos conduzidos.
Democracia não existe sem partidos. Não há mais partidos. Existem grupos de interesses onde os candidatos se registram e o fundo partidário é distribuído. Não se fala mais das ideologias de cada agremiação porque não existem.
Os partidos aglutinam grupos de pessoas que acreditam em pressupostos comuns sobre a forma de organizar as sociedades.
Agora a velharia politica começa a juntar os cacos e já se ouve noticia de que estão conversando para promoverem fusões e a criação de “novos” partidos, de tal forma que as carcomidas figuras derrotadas e a corrupção sistêmica possam voltar. É difícil acabar com os desonestos e incompetentes que precisam, sempre, de um instrumento legal para que continuem a enganar o povo.
Existem outas maneiras de liquidar com os partidos: o cansaço dos políticos honestamente vocacionados para a construção do bem comum e a não renovação dos quadros dos militantes decepcionados.
Para que a proposta democrática atinja o seu objetivo, de possibilitar a convivência pacífica e justa de opiniões contrárias, há uma exigência incontornável: que existam, nas sociedades democráticas, alta densidade moral e clareza nos propósitos partidários, crença e aceitação nos princípios da vida democrática: - liberdade, justiça e igualdade.
Quais as funções do Estado e seus limites de intervenção na vida das pessoas e da economia, para garantir a operação do mercado livre e a propriedade privada? Quais as exigências legais para que se dê concretude à liberdade, à justiça e à igualdade? Tudo o mais é decorrência das respostas que os partidos venham a oferecer para estas perguntas que, por implicarem reflexão filosófica competente, afastam da questão a maioria dos que se intitulam políticos, pois na sua quase totalidade são medíocres.
Eurico Borba, aposentado, ex-professor da PUC RIO, ex-Presidente do IBGE, mora em Ana Rech, Caxias do Sul.