Sindicalismo no Brasil
Com a extinção do imposto, e a aprovação de outros artigos da Reforma Trabalhista, os sindicatos enfrentam, talvez, os piores dias da sua existência, de forma direta ou indireta, gravemente feridos pela própria desarticulação do sindicalismo brasileiro. Dentre esses artigos estão, a possibilidade de negociação individual de aspectos importantes da relação de trabalho sem assistência sindical, a representação dos trabalhadores no local de trabalho, independentemente dos sindicatos, e a não obrigatoriedade de que as rescisões contratuais sejam homologadas nos sindicatos. Não há dúvidas de que os sindicatos terão de se reinventar para sobreviver.
O mercado já está sofrendo os impactos dos novos tempos. O Dieese, principal entidade de apoio aos sindicatos de trabalhadores do país, vive a pior crise financeira de sua história. Com a situação crítica do movimento sindical, sua principal fonte de receita, o instituto corre até o risco de fechar. Em apenas 3 anos, o orçamento da instituição caiu de R$ 42 milhões para R$ 21 milhões, e 100 funcionários foram desligados. O quadro atual é de 250 colaboradores, mas a direção não descarta novos cortes ainda em 2018, reduzindo o número para apenas 150 pessoas. O motivo da penúria é a inadimplência das entidades sindicais, que não estão quitando as mensalidades. Os sindicatos estão com dificuldade para pagar e vamos ter que nos reorganizar, ou estaremos assumindo a falência moral e organizacional das nossas representações sindicais.
O sindicalismo irresponsável ditou o ritmo da música durante décadas em regiões importantes sob a ótica industrial, mas isso mudou; A velha ideologia do confronto de classes, que colocou patrões e empregados em lados opostos, atravancou o desenvolvimento de várias regiões brasileiras; O resultado não poderia ter sido pior. Sem arrecadação, a nossa antiga entidade sindical, que hoje representa, mais de 5 mil trabalhadores da categoria em Sergipe, também atrofiou. O que nós estamos fazendo? Aliás, o que foi que nós fizemos?
O sindicalismo à moda antiga está caindo em desuso em razão das profundas transformações na sociedade. O mercado de trabalho mudou, as empresas se ajustaram aos novos tempos, os profissionais se atualizaram, o ambiente de negócios é bem diferente do de anos atrás, portanto, os sindicatos perderam a relevância e terão de aprender a caminhar com as próprias pernas.
É provável inclusive, que centenas de sindicatos deixem de existir num espaço de tempo relativamente curto. Especialmente os pequenos vão desaparecer. Fecharão as portas por falta de dinheiro ou serão devorados por grandes grupos sindicais. Aqueles que viviam às custas da arrecadação do imposto, terão de trabalhar e adotar uma postura proativa para convencer os trabalhadores de que a contribuição voluntária vale a pena. Isto significa, trabalhar de segunda à segunda, sábados, domingos e feriados em prol dos interesses de classe. Me permitam indagar, quem está realmente disposto a isso? Ou será que nós enquanto simples mortais, aprendemos a fazer mágica no conforto das nossas poltronas, ou mesmo, brincando de sindicalismo nas redes sociais?
Verdadeiros líderes reagem, se movimentam, se questionam, reformulam conceitos fracassados, e trabalham, porque acreditam não nas pessoas, porque elas mentem, traem, se corrompem e se auto-mutilam, mas neles próprios, enquanto agentes proativos verdadeiramente capazes. Eles jamais se acomodam enquanto meros "personagens" de uma história de "ficção" e de "milagres".
Precisamos estabelecer parâmetros de ação, mobilizações sociais e manifestações que possam impulsionar o crescimento, e alavancar a credibilidade das nossas representações de classe. Enquanto estivermos sepultados, como se fôssemos "múmias", no cemitério das nossas ilusões, nada acontecerá, e o mais óbvio, é que nada mais reste para fazermos, além de aceitarmos o fim...