A ARMA QUE REVOLUCIONOU A GUERRA

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Durante muitos séculos, a partir de Alexandre, Aníbal, Júlio César, Gengis Khan até Napoleão, a vitória nas batalhas sempre ia ao exército que podia deslocar suas tropas com a maior rapidez possível, ou seja, ao general que, em detrimento da defesa, privilegiava o ataque. Raros foram os casos onde a defesa revelou ser o fator decisivo da vitória como, por exemplo, na batalha de Gettysburg (1863) entre as tropas confederadas do general Robert Lee e os federais liderados pelo general George Meada. De regra o atacante levava vantagem como no caso do famoso general Giuseppe Garibaldi que, por sinal, combateu também no Brasil. O seu estilo de luta era muito simples: atacar o inimigo com ímpeto, correndo antes que ele pudesse se recuperar da surpresa inicial e organizar alguma forma de defesa. Foi assim que Garibaldi venceu quase todas as batalhas e esse estilo tornou-se tão famoso que, na língua italiana, entrou a expressão idiomática “fazer as coisas à garibaldina”, ou seja, bem rápidas e sem se preocupar muito com os pormenores.

Ainda durante a guerra Franco-Prussiana (1870-1871), apesar do aperfeiçoamento tecnológico tanto da artilharia como dos fuzis, a cavalaria, principal arma móvel de ataque, manteve um papel bastante importante. Entretanto, apenas quinze anos depois, o americano Hiram Maxim inventou uma arma que iria revolucionar a arte da guerra: a metralhadora. Os Britânicos, que ainda disponham de umas rudimentares metralhadoras a manivela Gatling, recusaram-se de adquirir os novos modelos Maxim considerando-a uma arma “inelegante” e inadequada para um estilo de guerra “cavalheiresco”.

Ao contrário, a Alemanha imperial compreendeu imediatamente o enorme potencial tático dessa nova invenção e, em seu arsenal de Spandau, deu início a uma produção em escala industrial de metralhadoras capazes de disparar cerca de 600 tiros por minuto. Quando, em 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial, o exército do Kaiser dispunha de 12.000 metralhadoras que, em breve, se tornaram 100.000. Enquanto isso, o números de metralhadoras das tropas da Tríplice Entente não passavam de algumas centenas.

Com a introdução dessas máquinas tecnologicamente simples, principalmente quando aninhadas em posições defendidas por arame farpado, a defesa tornou-se um fator bem mais importante que o ataque. Destarte, toda a doutrina militar de nações como França, Grã Bretanha e Itália, que privilegiavam o ataque frontal em massa das infantarias, mostrou toda a sua impotência contra as defesas onde havia combinação de trincheiras, arame farpado e metralhadoras. Por exemplo, durante o primeiro dia da ofensiva Aliada do Somme, algo como 60.000 soldados ingleses perderam suas vidas na vã tentativa de ocupar as trincheiras inimigas bem defendidas pelos metralhadores alemães. Infelizmente, com a exceção do Estado-Maior alemão, os demais generais da Entente continuaram com obstinação (e desprezo pela vida humana!) a usar os soldados em manobras cruentas fadadas ao insucesso. Um típico caso foi o das doze sangrentas “Batalhas do Rio Isonzo”, comandadas pelo general Luigi Cadorna, nas quais foram ceifados mais de 600.000 soldados italianos em troca de poucas centenas de metros de terreno.

Foi justamente para se opor a essa mortífera arma que os Ingleses desenvolveram os primeiros tanques de guerra. Quanto à aviação, mais uma vez foi a combinação entre avião e metralhadora que deu origem aos modernos aviões de combate. Visando destruir os ninhos de metralhadoras, foi também inventado o lança-chamas. Podemos portanto concluir que essa arma revolucionou a arte da guerra, tornando-a ainda mais horrível e acarretando a invenção de outros tipos de armas.

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Richard Foxe
Enviado por Richard Foxe em 11/11/2018
Reeditado em 15/12/2019
Código do texto: T6500296
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