ARTIGO – Vitória dos derrotados – 08.11.2018 (PRL)
 
ARTIGO – Vitória dos derrotados – 08.11.2018 (PRL)
 
O presidente eleito, Capitão Bolsonaro, (PSL), num gesto de humildade, cortesia e bondade fez, em data de ontem, visitas significativas ao parlamento (em comemoração aos trinta anos de nossa Carta Magna), a diversas autoridades da área militar, judiciária, administrativa e até mesmo ao presidente Temer, que está no final do mandato, este que fora adquirido após a queda da Doutora Dilma Rousseff, em face de seu “impeachment”, que tramitou de conformidade com as leis do país, e que as oposições insistem em chamar de “golpe”. Na verdade é bom não esquecer que esse político havia sido eleito vice-presidente na chapa do Partido dos Trabalhadores.

E justamente ontem pela manhã, em entrevista logo cedo, indagado sobre o possível aumento dos vencimentos dos membros do poder judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal, por ele foi dito que não considerava oportuno, em face da precária situação do orçamento do país, que está deficitário, esperando que o bom senso levasse a que essa hipótese pudesse não acontecer.

Todavia, talvez em revide ao que teria dito o Doutor Paulo Guedes, próximo ministro da fazenda, também em entrevista à mídia brasileira, a propósito da reforma da previdência, sugerindo fosse dada uma “prensa” nos parlamentares para que pudesse ser votada ainda na presente legislatura a lei que se encontra momentaneamente esquecida no congresso nacional. Como se sabe não se cogitou seriamente de colocá-la em votação no ano corrente, em virtude das eleições, porquanto poderia trazer prejuízo aos deputados e senadores, amedrontados em possível derrota perante seu eleitorado. Na verdade, nem precisou disso, eis que a renovação na Câmara e no Senado foi expressiva.

Então o presidente do Senado, Eunício de Oliveira, oriundo do nordestino estado do Ceará, derrotado nas eleições para retornar ao Senado, ficando assim sem mandato na próxima legislatura, resolvendo mostrar que ainda tinha autoridade e poder, colocou em votação o aumento dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que passaram de R$ 33 mil para 39 mil reais por mês, impactando em cerca de R$ 4 bilhões o orçamento nacional, a partir de janeiro/2019, justamente quando o Bolsonaro assumirá o comando de nossa nação. Foram 41 senadores que votaram pela aprovação, e 16 contrários, vencendo a maioria, claro. Dentro dessa vantagem, por conta de apenas um voto, o Brasil inteiro vai sofrer com a medida, de vez que essa majoração nos vencimentos (alegada como reposição salarial) servirá de base para todos os aumentos da máquina pública, a partir da esfera municipal, assim como uma cascata. E se dermos uma olhada nalguns que aprovaram a medida poderemos ver que grande parte deles saiu derrotada nas eleições deste ano, seja para senador ou mesmo para governar seus estados.

Entenderam suas excelências que aquele termo “prensa” fora usado como forma de subserviência dos políticos aos desejos do presidente eleito, numa demonstração de pequenez absoluta, orgulho e falta de amor aos brasileiros, mormente aos que ganham tão baixos salários, carentes dessa falada reposição, que é somente usada para os mais abastados. Não se pode dormir com um barulho desses, notadamente porque pela manhã todos foram unânimes em dizer que gostariam que a nossa Constituição continuasse a ser cumprida como vem prometendo o solitário Capitão Bolsonaro.

Não tem argumento tão pequeno como esse de que os aumentos não impactarão os cofres do país, isso que é história pra bois dormirem, eis que a economia feita durante o exercício corrente, por si só, cobriria o montante das despesas do pertinente poder judiciário. Na feitura do orçamento, e isso é praxe, geralmente com a ajuda famosa do “chute”, coloca-se no lado da despesa valor muito acima do necessário, de sorte que ao final do ano possa ser argumentada a contração dos gastos de forma fictícia. Pra ser práticos vamos exemplificar: Tem-se que, por hipótese, as despesas normais do poder judiciário sejam da ordem de dez bilhões, e na hora do orçamento colocam catorze bilhões (elevação de quatro bilhões). Mas no final do exercício os gastos atingiram aqueles dez bilhões do começo, logo uma economia de quatro bilhões irreal aparece milagrosamente, fazendo-se verdadeiras loas aos administradores que souberam conduzir com desvelo as verbas orçamentárias.

Então surge um inteligente e diz que poderá fazer uma lei para dar cabo ao famigerado auxílio moradia, que cobrirá com margem a elevação das despesas com o aumento salarial aprovado, que também soa como uma crítica ao novo presidente, eis que recebera tal regalia mesmo possuindo imóvel em Brasília, embora um pequeno e inexpressivo apartamento.

Não poderíamos deixar de dizer que quem mais colocou fogo pra queimar foi, mais uma vez, a notável Rede Globo de Comunicações, através de seus já nefastos jornais apresentados todos os dias e repetidos diversas vezes, recheados de celebridades políticas, cuja maioria é de pouca expressividade.

Outra hipótese seria o presidente Temer "vetar" o aumento, todavia ele não está nem doido, uma vez que ainda depende e muito do Supremo, alvo que é da Polícia Federal em vários inquéritos. "Matheus, primeiro os meus".

Assim não pode.

Nosso abraço.
Silva Gusmão
Foto: INTERNET/GOOGLE
ansilgus
Enviado por ansilgus em 09/11/2018
Reeditado em 09/11/2018
Código do texto: T6498228
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