O PROLETÁRIO E O TRABALHADOR 
 
As eleições terminaram e as esquerdas tiveram uma fragorosa derrota. E o PT revelou-se um mau perdedor. Seu candidato, Fernando Haddad, não se deu nem ao trabalho de cumprimentar o adversário e desejar-lhe boa sorte, que é de praxe em todo final de eleição. Limitou-se a dizer que fará oposição férrea ao vencedor, como se a única coisa que interessa ao seu partido é defender suas teses e não o bem estar do povo brasileiro.
Marx acertou em muitas coisas, mas se esqueceu de dizer que os sistemas, em si mesmos, não têm vida própria. Quer sejam econômicos, políticos ou sociais, eles são criados e sustentados pelos homens que os operam. Assim, não há sistema bom ou ruim, certo ou verdadeiro, virtuoso ou perverso, mas sim, pessoas que os fazem ser uma coisa ou outra. O PT teve a sua chance de mostrar a que veio. Quatorze anos de governo não é pouco. Fez algumas coisas boas, como reduzir desigualdades regionais e reduzir a pobreza absoluta que ainda subsiste em muitas regiões. Mas no contexto geral o resultado não agradou á maioria do povo brasileiro. Isso se comprova pela altíssima taxa de rejeição que o partido ostenta e levou o seu candidato à derrota. Na verdade, o PT caiu no logro daquele sujeito que ganhou uma galinha que botava ovos de ouro. Não se contentou com um ovo por dia e resolveu abrir a barriga da bichinha para pegar tudo de uma vez.  Abraham Lincoln, que não pode ser carimbado de direitista reacionário (como os petistas gostam de chamar todos aqueles que discordam do seu discurso)  disse certa vez que não se promove a prosperidade tirando dos ricos para dar aos pobres. Não se acaba com a desigualdade tratando-a desigualmente.  
Quem é pobre e analfabeto não precisa aceitar o rótulo e esperar que alguém venha libertá-lo desse estado. A função de um governo não é ajudar ninguém a sobreviver, mas sim criar condições para que as pessoas ganhem suas próprias vidas com dignidade. A prosperidade vem quando se cria condições para que os pobres também possam melhorar de vida. E isso só com investimentos na educação, saúde, infra-estrutura e uma política capaz de promover o desenvolvimento, criando empregos que paguem bons salários. Não é separando o país em duas facções e jogando uma contra a outra que vamos conseguir isso. Não se trata de uma guerra de pobres contra ricos. A esquerda raivosa precisa parar de tratar o povo como um bando de pobres diabos, incapazes de ganhar a própria vida.  
É nisso que as esquerdas erraram. Pobre não quer esmola nem ajuda para sobreviver. Quer, sim, oportunidade para crescer e mostrar o seu valor. E trabalhador não é proletário, como os chamava Marx, mas sim, dono do capital mais importante do sistema produtivo, que é o trabalho. Só precisa ter o seu valor melhor avaliado. E não será um estado tutor que será capaz de fazer isso.