A VERDADE SOBRE O DEBATE COLLOR-LULA
Miguel Carqueija
Em 1989, pouco antes da votação do segundo turno presidencial, a Rede Globo exibiu um debate entre os candidatos restantes dos vinte (sic) originais: Fernando Collor de Mello e Lula da Silva. Depois disso a Globo exibiu uma edição com trechos do confronto. O PT começou então a reclamar que a emissora havia feito uma edição facciosa, de maneira a favorecer amplamente o candidato Collor, que representava um partido novo, desconhecido e hoje extinto e esquecido. E mesmo assim era um fenômeno. A tal edição devia mostrar momentos de visível vantagem do candidato que tinha sido governador de Alagoas.
Veio o segundo turno, Collor ganhou por margem apertada mas ganhou. E desde então e por muito tempo os petistas espalharam que Lula havia sido prejudicado por uma versão maldosa, criada pela Globo para derrubá-lo.
Anos depois dessa eleição Collor foi afastado num episódio rumoroso e o PT participou ativamente deste impedimento. Lula deve ter-se sentido vingado.
Vamos porém lançar alguma luz sobre esse assunto. Eu não assisti a tal versão editada. Não duvido da maldade da Rede Globo, que considero uma entidade altamente nociva ao nosso povo. Mas eu vi o debate ao vivo, ou seja, no dia mesmo em que passou, sem edição nenhuma. E posso garantir — seria capaz de jurar com a mão sobre a Bíblia — que Lula perdeu o debate, perdeu vergonhosamente. Collor deu-lhe um banho e o petista saiu humilhado, derrotado. Afinal Collor era mais inteligente, mais culto, mais preparado. No primeiro encontro não se saíra muito bem, mas no segundo veio com tudo. E tão seguro de si Collor estava ao final, que pediu aos seus correligionários que no dia seguinte saíssem às ruas de amarelo (a memória escapa um pouco, mas creio que ele pediu amarelo e não verde). E no dia seguinte, saindo eu à rua de amarelo, encontrei o velho que costumava encontrar na pensão onde pegava marmitas — ele, adepto como eu de Collor, estava de amarelo e visivelmente alegre. O resultado do debate alegrou os “colloridos”. (Entre parênteses, o decorrer dos acontecimentos desiludiu o povo brasileiro em relação ao “caçador de marajás”: ele também era da politicalha, e 16 anos depois do impedimento acabou, como Sarney, sendo aliado de Lula).
Talvez não queiram me acreditar, acreditar na mendacidade do PT. Ora bem, anos depois o próprio Leonel Brizola reconheceu o fato. Falando com franqueza, Brizola declarou que Lula havia entregue o debate. Estava, nas palavras de Brizola, “menor do que a própria roupa”, esfregando as mãos, nervoso. Vejam bem. O próprio Brizola, líder esquerdista e ele próprio adversário de Collor na eleição de 1989, e que posteriormente foi até vice de Lula numa das chapas onde o petista perdeu para FHC, reconheceu esse fato. Basta ter assistido o confronto Collor-Lula como de fato aconteceu do início ao fim, para confirmar o que aqui digo.
Adendo: ninguém me contou essas declarações de Brizola. Eu assisti na televisão.
Pensem nisso antes de engolir facilmente as conversas desse partido PT.
Rio de Janeiro, 26 de outubro de 2018.
Miguel Carqueija
Em 1989, pouco antes da votação do segundo turno presidencial, a Rede Globo exibiu um debate entre os candidatos restantes dos vinte (sic) originais: Fernando Collor de Mello e Lula da Silva. Depois disso a Globo exibiu uma edição com trechos do confronto. O PT começou então a reclamar que a emissora havia feito uma edição facciosa, de maneira a favorecer amplamente o candidato Collor, que representava um partido novo, desconhecido e hoje extinto e esquecido. E mesmo assim era um fenômeno. A tal edição devia mostrar momentos de visível vantagem do candidato que tinha sido governador de Alagoas.
Veio o segundo turno, Collor ganhou por margem apertada mas ganhou. E desde então e por muito tempo os petistas espalharam que Lula havia sido prejudicado por uma versão maldosa, criada pela Globo para derrubá-lo.
Anos depois dessa eleição Collor foi afastado num episódio rumoroso e o PT participou ativamente deste impedimento. Lula deve ter-se sentido vingado.
Vamos porém lançar alguma luz sobre esse assunto. Eu não assisti a tal versão editada. Não duvido da maldade da Rede Globo, que considero uma entidade altamente nociva ao nosso povo. Mas eu vi o debate ao vivo, ou seja, no dia mesmo em que passou, sem edição nenhuma. E posso garantir — seria capaz de jurar com a mão sobre a Bíblia — que Lula perdeu o debate, perdeu vergonhosamente. Collor deu-lhe um banho e o petista saiu humilhado, derrotado. Afinal Collor era mais inteligente, mais culto, mais preparado. No primeiro encontro não se saíra muito bem, mas no segundo veio com tudo. E tão seguro de si Collor estava ao final, que pediu aos seus correligionários que no dia seguinte saíssem às ruas de amarelo (a memória escapa um pouco, mas creio que ele pediu amarelo e não verde). E no dia seguinte, saindo eu à rua de amarelo, encontrei o velho que costumava encontrar na pensão onde pegava marmitas — ele, adepto como eu de Collor, estava de amarelo e visivelmente alegre. O resultado do debate alegrou os “colloridos”. (Entre parênteses, o decorrer dos acontecimentos desiludiu o povo brasileiro em relação ao “caçador de marajás”: ele também era da politicalha, e 16 anos depois do impedimento acabou, como Sarney, sendo aliado de Lula).
Talvez não queiram me acreditar, acreditar na mendacidade do PT. Ora bem, anos depois o próprio Leonel Brizola reconheceu o fato. Falando com franqueza, Brizola declarou que Lula havia entregue o debate. Estava, nas palavras de Brizola, “menor do que a própria roupa”, esfregando as mãos, nervoso. Vejam bem. O próprio Brizola, líder esquerdista e ele próprio adversário de Collor na eleição de 1989, e que posteriormente foi até vice de Lula numa das chapas onde o petista perdeu para FHC, reconheceu esse fato. Basta ter assistido o confronto Collor-Lula como de fato aconteceu do início ao fim, para confirmar o que aqui digo.
Adendo: ninguém me contou essas declarações de Brizola. Eu assisti na televisão.
Pensem nisso antes de engolir facilmente as conversas desse partido PT.
Rio de Janeiro, 26 de outubro de 2018.