OUTRA DILMA ROUSSEF?
Não ando mais de carro em São Paulo. Agora, quando vou à capital, pego trem e metro. Além de não gastar nada com isso (tenho mais de 60) contribuo para diminuir a poluição. A par isso, ainda consigo fazer alguma ideia do que está acontecendo com o nosso país. Escuto e vejo histórias de esforço, heroísmo pessoal, comprometimento e garra, de pessoas simples que enfrentam a vida como tem que ser. Também vejo coisas que me sugerem razões pelas quais estamos em crise. Um exemplo veio de uma jovem que sentou-se ao meu lado num dos assentos reservados. Aparentava não ter mais que vinte e cinco anos. Bem vestida, celular moderninho nas mãos. Sequer olhou se havia pessoas com direito aos acentos reservados no vagão. Fez de conta que os olhares reprovadores das pessoas não eram para ela. Nem se mexeu quando levantei para dar meu lugar para uma senhora que entrou em Itaquera. Permaneceu impassível, rolando para cima e para baixo a telinha do seu celular, como se o mundo estivesse dentro dele. Fez pelo menos umas três ligações. Numa delas falou com alguém que estava indo participar de um protesto contra o Bolsonaro. Marcou encontro com ela em frente ao MASP. Em outra ligação reclamou com alguém que ainda não tinha recebido sua Bolsa-Família este mês porque a Caixa não tinha transferido sua conta para a agência de Itaquera, onde agora ela estava morando. Na outra falou mal do namorado. A senhorinha a quem eu havia dado o assento devia ter uns setenta anos. Em pleno sábado estava indo trabalhar de diarista em um apartamento em Jabaquara. Da Sé pegaria o metrô até lá. Um monte de coisas me passou pela cabeça. Multidões fazendo protestos contra isso e contra aquilo. Torcidas organizadas esperando jogadores no aeroporto par bater neles porque perderam um jogo; sindicalistas que param o país só para defender seus privilégios. Se essa gentalha toda trabalhasse, como aquela senhorinha, esse país estaria muito melhor. Alguém financia essa vagabundagem toda. Alguém paga para que esses desocupados tenham tempo para fazer baderna, interditar avenidas e azucrinar a vida de quem quer trabalhar. É o Estado provedor. Nós estamos pagando para criar mais mocinhas descomprometidas como aquela. E sepultando, no limbo da permissividade ociosa o exemplo de virtude daquela senhorinha. Não é a toa que um candidato que prometa acabar com o socialismo caolho do PT tenha caído nas graças de uma parte do povo que se sente incomodada com a irresponsabilidade macunaímica que os petralhas espalharam pelo país, ainda que essas promessas tragam no bojo a lembrança amarga de uma experiência dolorida. E que outra parte do país, iludida pelo messianismo lulista, ache que a corrupção, a bandalheira, o desgoverno e o laxismo desagregador das esquerdas é mais suportável que um fanfarrão no governo. Francamente, eu não sei o que é pior. Mas acho que o país não sobreviverá à outra Dilma Roussef.
Não ando mais de carro em São Paulo. Agora, quando vou à capital, pego trem e metro. Além de não gastar nada com isso (tenho mais de 60) contribuo para diminuir a poluição. A par isso, ainda consigo fazer alguma ideia do que está acontecendo com o nosso país. Escuto e vejo histórias de esforço, heroísmo pessoal, comprometimento e garra, de pessoas simples que enfrentam a vida como tem que ser. Também vejo coisas que me sugerem razões pelas quais estamos em crise. Um exemplo veio de uma jovem que sentou-se ao meu lado num dos assentos reservados. Aparentava não ter mais que vinte e cinco anos. Bem vestida, celular moderninho nas mãos. Sequer olhou se havia pessoas com direito aos acentos reservados no vagão. Fez de conta que os olhares reprovadores das pessoas não eram para ela. Nem se mexeu quando levantei para dar meu lugar para uma senhora que entrou em Itaquera. Permaneceu impassível, rolando para cima e para baixo a telinha do seu celular, como se o mundo estivesse dentro dele. Fez pelo menos umas três ligações. Numa delas falou com alguém que estava indo participar de um protesto contra o Bolsonaro. Marcou encontro com ela em frente ao MASP. Em outra ligação reclamou com alguém que ainda não tinha recebido sua Bolsa-Família este mês porque a Caixa não tinha transferido sua conta para a agência de Itaquera, onde agora ela estava morando. Na outra falou mal do namorado. A senhorinha a quem eu havia dado o assento devia ter uns setenta anos. Em pleno sábado estava indo trabalhar de diarista em um apartamento em Jabaquara. Da Sé pegaria o metrô até lá. Um monte de coisas me passou pela cabeça. Multidões fazendo protestos contra isso e contra aquilo. Torcidas organizadas esperando jogadores no aeroporto par bater neles porque perderam um jogo; sindicalistas que param o país só para defender seus privilégios. Se essa gentalha toda trabalhasse, como aquela senhorinha, esse país estaria muito melhor. Alguém financia essa vagabundagem toda. Alguém paga para que esses desocupados tenham tempo para fazer baderna, interditar avenidas e azucrinar a vida de quem quer trabalhar. É o Estado provedor. Nós estamos pagando para criar mais mocinhas descomprometidas como aquela. E sepultando, no limbo da permissividade ociosa o exemplo de virtude daquela senhorinha. Não é a toa que um candidato que prometa acabar com o socialismo caolho do PT tenha caído nas graças de uma parte do povo que se sente incomodada com a irresponsabilidade macunaímica que os petralhas espalharam pelo país, ainda que essas promessas tragam no bojo a lembrança amarga de uma experiência dolorida. E que outra parte do país, iludida pelo messianismo lulista, ache que a corrupção, a bandalheira, o desgoverno e o laxismo desagregador das esquerdas é mais suportável que um fanfarrão no governo. Francamente, eu não sei o que é pior. Mas acho que o país não sobreviverá à outra Dilma Roussef.