O aborto na visão de Olavo de Carvalho. Artigo na p. 387-390 - 30ª Ed. Record- 2018. Leia e medite em Mc 9, 30-37.

Evangelho do dia

Mc (9, 30-37)

Jesus atravessava a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes:

" -O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles O matarão. Mas três dias após sua morte, Ele ressuscitará!".

Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. Eles chegaram a Cafarnaum.

Estando em casa, Jesus perguntou-lhes:

"- O que discutíeis no caminho?" Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior!

Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse:

" - Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!"

Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse:

" - Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a Mim que estará acolhendo. E quem Me acolher, está acolhendo, não a mim,

mas Àquele que Me enviou!"

Mc (9, 30-37)

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Manual de Proteção Escolar e Promoção da Cidadania

Sistema de proteção escolar

São Paulo, 2009

http://file.fde.sp.gov.br/portalfde/Arquivo/protecao_escolar_web.pdf

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COMENTÁRIO SOBRE O ARTIGO

Artigo na p. 387-390 - 30ª Ed. Record- 2018.

de Olavo de Carvalho.

ABORTO: Desejo de matar

Lógica do abortismo

Conversa franca sobre o aborto

J B PEREIRA

Ao longo da minha vida: eis um artigo bem elaborado. Com efeito de ironia, bom- senso, disciplina moral e equilíbrio ético, ponderado dialeticamente entre espiritualistas e materialistas, feministas e patriarcado, interesses outros do poder e a pobreza que humilha lares, mulheres e homens.

Abaixo, logo após meu comentário modesto demais para a punjança deste artigo, poderá você ler o artigo oritginal na integra e avaliar por si mesmo - por si mesma - a envergadura e urdidura do autor e sua altivez profunda sem esvaziar o senso de respeito à vida humana desde o seio materno até seu direito de nascer. Convido-as - as mulheres (defensoras de seu corpo e mente, mas dotadas de sabedoria e sensibilidade cultural e ética) a lerem todo e depois igualmente fazerem sua crítica positiva e a valoração da Vida - nada compensa a projeção das pessoas com a negação e criminalização da vida, como valor absoluto, sem a qual nada aqui teria seu início como projeto pessoal de vida e individualização/individuação...

Vê com cuidado os paradoxos dos argumentos pela legitimação do aborto.

Na verdade, repensa que os extremos em si coincidem com a desculpa de matar o embrião e o feto na cultura abortista.

O embrião humano já é humano e não um corpo estranho a ser eliminado.

Nem é um de um animal qualquer, pois está no corpo da mulher.

Não é unicamente da mulher de que possa dispor de sua gravidez como quiser, embora leva em si o processo embrionário. Tem metade da carga genética do homem.

A política abortiva é uma forma terrivelmente de eliminar o embrião por incomodar com argumentos sobre a pobreza das mulheres ou a morte clandestina das mesmas. O que se sugere investir na saúde e em programas de respeito à vida da mulher e da criança, ambas relevantes para a humanidade.

Há legislação já definida no Brasil, mas do que isso pode ser perigoso para o futuro do Brasil e das mulheres. Nada justifica sacrificar a vida da criança! A mulher tem a maternidade como dádiva e desafio...

Apologia à vida contra o abortismo: o cruel e ilógico, desumano e criminoso desejo de matar, o pior: matar o nascituro que não se pode defender, por precisar de tudo e em tudo da mãe e nela se encontrar como "o fruto na árvore da vida". Toda criança - como nós - somos " benditos frutos - bem-vindos do ventre de uma mãe, mulher que concebe..."

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Desejo de matar

Jornal da Tarde, 22 de janeiro de 1998

Amigos e leitores pedem-me uma opinião sobre o aborto. Mas, inclinado por

natureza à economia de esforço, meu cérebro se recusa a criar uma opinião

sobre o quer que seja, exceto quando encontra um bom motivo para fazê-lo.

Diante de um problema qualquer, sua reação instintiva é apegar-se ferozmente

ao direito natural de não pensar no caso. Mas, ao argumentar em favor desse

direito, ele acaba tendo de se perguntar por que afinal existe o maldito problema.

Assim, o que era uma tentativa de não pensar acaba por se tornar uma

investigação de fundamentos, isto é, o empreendimento mais filosófico que

existe. Os futuros autores de biografias depreciativas dirão, com razão, que me

tornei filósofo por mera preguiça de pensar. Mas, como a preguiça gradua os

assuntos pela escala de atenção prioritária mínima, acabei por desenvolver um

agudo sentimento da diferença entre os problemas colocados pela fatalidade das

coisas e os que só existem porque determinadas pessoas querem que existam.

Ora, o problema do aborto pertence, com toda a evidência, a esta última

espécie. O questionamento do aborto existe porque a prática do aborto existe, e

não ao contrário. Que alguém decida em favor do aborto é o pressuposto da

existência do debate sobre o aborto. Mas o que é pressuposto de um debate não

pode, ao mesmo tempo, ser a sua conclusão lógica. A opção pelo aborto, sendo

prévia a toda discussão, é inacessível a argumentos. O abortista é abortista por

decisão livre, que prescinde de razões. Essa liberdade afirma-se diretamente pelo

ato que a realiza e, multiplicado por milhões, se torna liberdade genericamente

reconhecida e consolidada num “direito”. Daí que o discurso em favor do aborto

evite a problemática moral e se apegue ao terreno jurídico e político: não quer

tanto afirmar um valor, mas estatuir um direito (que pode, em tese, coexistir com

a condenação moral do ato).

Quanto ao conteúdo do debate, os adversários do aborto alegam que o feto é

um ser humano, que matá-lo é crime de homicídio. Os partidários alegam que o

feto é apenas um pedaço de carne, uma parte do corpo da mãe, que deve ter o

direito de extirpá-lo à vontade. No presente score da disputa, nenhum dos lados

conseguiu ainda persuadir o outro. Nem é razoável esperar que o consiga, pois,

não havendo na presente civilização o menor consenso quanto ao que é ou não é

a natureza humana, não existem premissas comuns que possam fundamentar um

desemp

Mas o empate mesmo acaba por transfigurar toda a discussão: diante dele,

passamos de uma disputa ético-metafísica, insolúvel nas presentes condições da

cultura ocidental, a uma simples equação matemática cuja resolução deve, em

princípio, ser idêntica e igualmente probante para todos os seres capazes de

compreendê-la. Essa equação formula-se assim: se há 50% de probabilidades de

que o feto seja humano e 50% de que não o seja, apostar nesta última hipótese é,

literalmente, optar por um ato que tem 50% de probabilidades de ser um

homicídio.

Com isso, a questão toda se esclarece mais do que poderia exigi-lo o mais

refratário dos cérebros. Não havendo certeza absoluta da inumanidade do feto,

extirpá-lo pressupõe uma decisão moral (ou imoral) tomada no escuro. Podemos

preservar a vida dessa criatura e descobrir mais tarde que empenhamos em vão

nossos altos sentimentos éticos em defesa do que não passava, no fim das contas,

de mera coisa. Mas podemos também decidir extirpar a coisa, correndo o risco

de descobrir, tarde demais, que era um ser humano. Entre a precaução e a

aposta temerária, cabe escolher? Qual de nós, armado de um revólver, se

acreditaria moralmente autorizado a dispará-lo, se soubesse que tem 50% de

chances de acertar numa criatura inocente? Dito de outro modo: apostar na

inumanidade do feto é jogar na cara ou coroa a sobrevivência ou morte de um

possível ser humano.

Chegados a esse ponto do raciocínio, todos os argumentos pró-aborto

tornaram-se argumentos contra. Pois aí saímos do terreno do indecidível e

deparamos com um consenso mundial firmemente estabelecido: nenhuma

vantagem defensável ou indefensável, nenhum benefício real ou hipotético para

terceiros pode justificar que a vida de um ser humano seja arriscada numa

aposta.

Mas, como vimos, a opção pró-aborto é prévia a toda discussão, sendo este o

motivo pelo qual o abortista ressente e denuncia como “violência repressiva”

toda argumentação contrária. A decisão pró-aborto, sendo a precondição da

existência do debate, não poderia buscar no debate senão a legitimação ex post

facto de algo que já estava decidido irreversivelmente com ou sem debate. O

abortista não poderia ceder nem mesmo ante provas cabais da humanidade do

feto, quanto mais ante meras avaliações de um risco moral. Ele simplesmente

deseja correr o risco, mesmo com chances de 0%. Ele quer porque quer. Para

ele, a morte dos fetos indesejados é uma questão de honra: trata-se de

demonstrar, mediante atos e não mediante argumentos, uma liberdade

autofundante que prescinde de razões, um orgulho nietzschiano para o qual a

menor objeção é constrangimento intolerável.

Creio descobrir, aí, a razão pela qual meu cérebro se recusava

obstinadamente a pensar no assunto. Ele pressentia a inocuidade de todo

argumento ante a afirmação brutal e irracional da pura vontade de matar. É

claro que, em muitos abortistas, esta vontade permanece subconsciente,

encoberta por um véu de racionalizações humanitárias, que o apoio da mídia

fortalece e a vociferação dos militantes corrobora. Porém, é claro também que

não adianta argumentar com pessoas capazes de mentir tão tenazmente para si

próprias.

Lógica do abortismo

Diário do Comércio, 14 de outubro de 2010

O aborto só é uma questão moral porque ninguém conseguiu jamais provar, com

certeza absoluta, que um feto é mera extensão do corpo da mãe ou um ser

humano de pleno direito. A existência mesma da discussão interminável mostra

que os argumentos de parte a parte soam inconvincentes a quem os ouve, se não

também a quem os emite. Existe aí portanto uma dúvida legítima, que nenhuma

resposta tem podido aplacar. Transposta ao plano das decisões práticas, essa

dúvida transforma-se na escolha entre proibir ou autorizar um ato que tem 50%

de chances de ser uma inocente operação cirúrgica como qualquer outra, ou de

ser, em vez disso, um homicídio premeditado. Nessas condições, a única opção

moralmente justificada é, com toda a evidência, abster-se de praticá-lo. À luz da

razão, nenhum ser humano pode arrogar-se o direito de cometer livremente um

ato que ele próprio não sabe dizer, com segurança, se é ou não um homicídio.

Mais ainda: entre a prudência que evita correr o risco desse homicídio e a

afoiteza que se apressa em cometê-lo em nome de tais ou quais benefícios

sociais hipotéticos, o ônus da prova cabe, decerto, aos defensores da segunda

alternativa. Jamais tendo havido um abortista capaz de provar com razões cabais

a inumanidade dos fetos, seus adversários têm todo o direito, e até o dever

indeclinável, de exigir que se abstenha de praticar uma ação cuja inocência é

matéria de incerteza até para ele próprio.

Se esse argumento é evidente por si mesmo, é também manifesto que a quase

totalidade dos abortistas opinantes hoje não logra perceber o seu alcance, pela

simples razão de que a opção pelo aborto supõe a incapacidade — ou, em certos

casos, a má vontade criminosa — de apreender a noção de “espécie”. Espécie é

um conjunto de traços comuns, inatos e inseparáveis, cuja presença enquadra

um indivíduo, de uma vez para sempre, numa natureza que ele compartilha com

outros tantos indivíduos. Pertencem à mesma espécie, eternamente, até mesmo

os seus membros ainda não nascidos, inclusive os não gerados, que, quando

gerados e nascidos, vierem a portar os mesmos traços comuns. Não é difícil

compreender que os gatos do século XXIII, quando nascerem, serão gatos e não

tomates.

A opção pelo abortismo exige, como condição prévia, a incapacidade ou

recusa de apreender essa noção. Para o abortista, a condição de “ser humano”

não é uma qualidade inata definidora dos membros da espécie, mas uma

convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar

aos que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou

não à humanidade é um consenso social, não a natureza das coisas.

O grau de confusão mental necessário para acreditar nessa ideia não é

pequeno. Tanto que raramente os abortistas alegam de maneira clara e explícita

essa premissa fundante dos seus argumentos. Em geral mantêm-na oculta, entre

névoas (até para si próprios), porque pressentem que enunciá-la em voz alta seria

desmascará-la, no ato, como presunção antropológica sem qualquer fundamento

possível e, aliás, de aplicação catastrófica: se a condição de ser humano é uma

convenção social, nada impede que uma convenção posterior a revogue,

negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de homossexuais, de

negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do

momento, pareça inconveniente.

Com toda a clareza que se poderia exigir, a opção pelo abortismo repousa no

apelo irracional à inexistente autoridade de conferir ou negar, a quem bem se

entenda, o estatuto de ser humano, de bicho, de coisa ou de pedaço de coisa.

Não espanta que pessoas capazes de tamanho barbarismo mental sejam

também imunes a outras imposições da consciência moral comum, como por

exemplo o dever que um político tem de prestar contas dos compromissos

assumidos por ele ou por seu partido. É com insensibilidade moral

verdadeiramente sociopática que o sr. Lula da Silva1 e sua querida dona Dilma,2

após terem subscrito o programa de um partido que ama e venera o aborto a

ponto de expulsar quem se oponha a essa ideia, saem ostentando inocência de

qualquer cumplicidade com a proposta abortista.

Seria tolice esperar coerência moral de indivíduos que não respeitam nem

mesmo o compromisso de reconhecer que as demais pessoas humanas

pertencem à mesma espécie deles por natureza e não por uma generosa — e

altamente revogável — concessão da sua parte.

Também não é de espantar que, na ânsia de impor sua vontade de poder,

mintam como demônios. Vejam os números de mulheres supostamente vítimas

anuais do aborto ilegal, que eles alegam para enaltecer as virtudes sociais

imaginárias do aborto legalizado. Eram milhões, baixaram para milhares, depois

viraram algumas centenas. Agora parece que fecharam negócio em 180, quando

o próprio SUS já admitiu que não passam de oito ou nove. É claro: se você não

apreende ou não respeita nem mesmo a distinção entre espécies, como não seria

também indiferente à exatidão das quantidades? Uma deformidade mental traz a

outra embutida.

Aristóteles aconselhava evitar o debate com adversários incapazes de

reconhecer ou de obedecer as regras elementares da busca da verdade. Se

algum abortista desejasse a verdade, teria de reconhecer que é incapaz de provar

a inumanidade dos fetos e admitir que, no fundo, eles serem humanos ou não é

coisa que não interfere, no mais mínimo que seja, na sua decisão de matá-los.

Mas confessar isso seria exibir um crachá de sociopata. E sociopatas, por

definição e fatalidade intrínseca, vivem de parecer que não o são.

Conversa franca sobre o aborto

Rádio Imprensa,3 4 de dezembro de 1996

A resposta à questão do aborto depende inteiramente de duas perguntas.

A primeira é: O feto no ventre da mãe é um ser humano ou não?

Se não é, então ele tem de se tornar um ser humano em algum momento da

gestação.4 Há duas classes de imbecis que apostam nesta hipótese absurda.

Os imbecis espiritualistas acreditam que isso acontece no instante em que a

alma “entra” no corpo. Mas a alma não é uma “coisa” alheia ao corpo: é a

própria vida do corpo. Para que ela entrasse num corpo já existente seria preciso

que o corpo, até esse instante, não tivesse vida. Neste caso, é preciso admitir que

o feto, nas primeiras semanas depois de gerado, está mortinho da silva. Já viu

coisa mais doida?

Os imbecis materialistas alegam que um feto de três meses não se distingue,

na aparência, de um feto de macaco — um argumento que é pura macaquice.

Pablo Picasso, bem examinado, é mais parecido com o homem de Neanderthal

do que com Tom Cruise.

Toda tentativa de provar que o feto não é humano esbarra em contrassensos

intransponíveis. Mas negar que o outro seja humano é a mais velha desculpa de

quem deseja matá-lo. A ciência nazista provava, com argumentos parecidos, que

os judeus não eram gente.

Afastada a hipótese maluca de que o feto não seja humano, surge então a

segunda pergunta decisiva: Existe alguma diferença substancial entre matar um

ser humano no ventre da mãe e matá-lo depois que saiu?

Os aborteiros procuram enganar as mulheres com lisonjas, assegurando que

tudo o que está dentro do corpo delas é delas, e que podem fazer o que bem

entendem com o que é delas. Este raciocínio subentende que o feto é um órgão

do corpo da mulher, e não um ser humano independente. Mas, mesmo que o feto

fosse um órgão, que é um órgão? É, por definição, algo que não pode ser retirado

sem dano para o corpo. Estão como alegar, em apoio do direito de retirar o feto,

o argumento de que é um órgão? Se é um órgão, retirá-lo é mutilar o corpo. E,

uma vez aceito o direito à automutilação, seria uma odiosa discriminação

concedê-lo a quem desejasse cortar o dedão do próprio pé e negá-lo a quem

pretendesse algo mais requintado, como cortar a própria cabeça, ou cortar o

restante do corpo e sair por aí só com a cabeça flutuando no ar.

Excluída, por absurda, a hipótese de que o feto seja um órgão, resta saber se,

mesmo sendo alguma outra coisa, ele pertence à mulher que o carrega no

ventre. A resposta é não, porque não é feito só de óvulo, mas também de

esperma. O esperma não é produzido pelo corpo da mãe, mas pelo do pai, que

apenas o deposita no corpo da mãe. A mãe não é portanto dona do feto inteiro,

mas apenas de uma parte; da outra parte, que veio do pai, é apenas depositária —

e tem tanto direito de jogar o feto no lixo quanto um banco tem o direito de jogar

no lixo o dinheiro dos nossos depósitos.

A rejeição categórica do direito ao aborto decorre de evidências cristalinas,

que só uma mentalidade torpe pode negar. Mas o mal não está nas mulheres que

abortam, enganadas pelo desespero. Está no defensor do aborto, que com fala

mansa pretende induzi-las a tornar-se homicidas. Caso aceitem a proposta, das

duas uma: ou estarão criando ainda mais um motivo de culpa, sofrimento e

desespero, ou então terão de sufocar no seu coração todo sentimento de culpa,

tornando-se frias e desumanas como seu pérfido conselheiro.

Faço um apelo à mulher pobre e desesperada, que tem medo de pôr um filho

no mundo: não creia nesses falsos amigos. Quando ouvir um deputado, um

senador, um intelectual bem situado na vida dizer que defende o aborto porque

tem pena das mulheres pobres, pergunte a ele:

— Mas, doutor, se o senhor é tão bom e generoso que se oferece para ajudar

a matar o meu filhinho, por que não pode me dar algum dinheiro para ajudá-lo a

viver?

Notas

1. N. do Org.: Ver “Lula é abortista sim. Provas e mais provas, aqui”,

documentação reunida e apresentada por Alberto R. S. Moteiro em outubro de

2006, disponível no link:

http://www.olavodecarvalho.org/textos/mensagem_aborto.html.

2. N. do Org.: A posição pública de Dilma Rousseff em relação à legalização do

aborto variou ao longo dos anos, sendo ora a favor, ora perfeitamente dúbia ou

incompreensível, ora contra. Seguem suas mais célebres declarações a respeito,

todas disponíveis na internet, algumas inclusive com os vídeos originais. Em

sabatina de 4 de outubro de 2007 da Folha: “Olha, eu acho que tem de haver a

descriminalização do aborto. Hoje, no Brasil, isso é um absurdo que não haja.”

Em entrevista de abril de 2009 à revista Marie Claire: “Abortar não é fácil pra

mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto.

Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização.” Em

entrevista à revista Isto É de 8 de maio de 2010: Dilma, já candidata a presidente,

diz-se a favor de uma legislação “que obrigue a ter tratamento para as pessoas,

para não haver risco de vida, igual [àquela que existe] nos países desenvolvidos

do mundo inteiro” e também defende atendimento público “para quem estiver

em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto”. Em debate de 23 de

setembro de 2010 promovido pela CNBB — Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil: “Eu também tenho uma posição clara em defesa da vida. (...) O aborto é

uma violência contra a mulher. Eu, pessoalmente, não sou favorável ao aborto.

Como presidente da República, se eleita, eu terei de tratar da questão das

milhares de mulheres pobres deste país que usam métodos absolutamente, eu

diria assim, bárbaros e que correm, sistematicamente, risco de vida. Elas têm de

ser protegidas. E é nesse sentido que eu afirmei sempre que isso é uma questão

de saúde pública. Não é uma questão que pode confundir-se com a minha opção

por um processo de favorecimento do aborto. Não acho que isso resulte em

nenhum benefício para a sociedade. Agora, considero também que a legislação

vigente já prevê os casos em que o aborto é factível e eu não sei se acho que

seria necessário ampliar esses casos; não vejo muito sentido.” Em encontro de 29

de setembro de 2010 com católicos e evangélicos, a quatro dias das eleições:

“Eu, pessoalmente, sou contra o aborto. Acho o aborto uma violência contra a

mulher. (...) Eu não sou a favor de modificar a legislação.” Vale lembrar ainda

que o Plano Nacional-Socialista de Direitos Humanos, que trazia a proposta da

legalização do aborto, ganhou forma final na Casa Civil, da qual Dilma era a

titular.

3. N. do Org.: Lido no programa de Heitor Bastos-Tigre.

4. N. do Org.: “[Segundo o editorial da Folha de 15 de abril de 2007:] ‘A única

alternativa é deixar que o direito estabeleça o ponto, que será necessariamente

arbitrário.’ Ou seja: se ignoramos se o feto é gente ou não é, o legislador pode

fazer com ele o que bem entenda. Correr ou não o risco de matar um possível ser

humano é apenas uma questão de gosto. É claro que o editorialista não tem a

menor consciência da imoralidade do que escreveu. Para uma mente sã,

qualquer conduta baseada numa dúvida é dúbia em si mesma; e ninguém tem

direito à ação dúbia quando ela põe em risco uma possível vida humana.” [Olavo

de Carvalho, “Lógica de abortista”, Jornal do Brasil, 19 de abril de 2007 —

http://www.olavodecarvalho.org/semana/070419jb.html].

CIÊNCIA

A ciência contra a razão

Diário do Comércio, 7 de janeiro de 2009

Aquilo que hoje se chama orgulhosamente de “ciência”, pretendendo-se com

isso designar a instância última e suprema no julgamento de todas as questões

públicas e privadas, nem é uma entidade univocamente reconhecível, nem muito

menos um conhecimento que tenha em si seu próprio fundamento.

A possibilidade da existência de algo como a “ciência” repousa numa

variedade de pressupostos que nem podem ser eles próprios submetidos a teste

“científico”, nem muito menos fornecem qualquer base racional para dar à dita

“ciência” a autoridade da última palavra não só nas questões gerais da existência

humana, mas até no próprio domínio especializado de cada área científica em

particular.

Só para dar um exemplo elementar, sem as palavras “sim” e “não” nenhum

raciocínio lógico é possível. Nenhuma ciência pode nos dizer o que significam.

Toda a lógica formal baseia-se nessas duas palavras, e a própria lógica formal

não pode defini-las. Qualquer definição lógico-formal que se ofereça para elas

será sempre puramente tautológica, nada dizendo em si mesma e baseando

enfim toda a sua compreensão no apelo à experiência pessoal do ouvinte ou

leitor. Se dizemos, por exemplo, que o sentido de “sim” é anuência,

concordância, aceitação etc., nada afirmamos exceto que dizer sim é dizer sim.

Do mesmo modo, o “não” não pode ser definido como rejeição, impugnação

etc., pela simples razão de que o sentido dessas palavras consiste precisamente

em dizer não. O único significado possível da palavra “sim” é o da

responsabilidade moral integral que uma pessoa assume ao declarar alguma

coisa. Essa responsabilidade, por sua vez, subdivide-se em graus que vão desde a

disposição absoluta de morrer pelo que se diz até a mera aceitação provisória de

uma hipótese para fins de argumentação, portanto também de refutação. O

mesmo acontece com o “não”.

Não há como definir essas palavras senão mediante o apelo à

responsabilidade pessoal tal como aparece no autoconhecimento subjetivo. Isso

quer dizer, simplesmente, que todo emprego puramente lógico-formal desses

termos, amputado da sua raiz na experiência moral humana, é apenas um uso

convencional e hipotético que não permite distinguir se, no fim das contas, o

“sim” quer dizer “sim” ou “não”, e o “não” quer dizer “não” ou “sim”.

Fenômeno idêntico acontece com inúmeros outros termos usados no

raciocínio científico, como por exemplo “igualdade”, “diferença”, “causa”,

“relação”, etc. Nenhuma ciência pode definir esses termos e também não o pode

a metodologia científica se tomar como pressuposto a validade do conhecimento

científico em vez de fundamentá-lo desde suas raízes. Podemos, é claro, fixar

significados lógico-formais para essas palavras, bem como para muitas outras,

mas somente como um recorte convencional operado em cima daquilo que elas

significam na experiência humana responsável.

Também não teria sentido imaginar que essa dificuldade afeta apenas a

expressão do conhecimento científico em palavras e não a substância mesma

desse conhecimento. Ou os termos usuais da linguagem científica expressam o

conteúdo mesmo e a própria estrutura do conhecimento científico, ou este último

é em si um conhecimento indizível e místico cuja tradução em palavras

permanece sempre externa, aproximativa e imperfeita.

Em suma, o conhecimento científico — e mais ainda aquilo que hoje se

entende popularmente como tal — é uma subdivisão especializada da capacidade

racional geral e tem nela o seu fundamento, não podendo julgá-la por seus

próprios critérios. O que aqui se entende como “razão” não se resume também

às capacidades usuais da linguagem coerente e do cálculo, pois ambas essas

capacidades também não passam de especializações de uma capacidade mais

básica. A razão é, em primeiro lugar, a capacidade de abrir-se imaginativamente

ao campo inteiro da experiência real e virtual como uma totalidade e de

contrastar essa totalidade com a dimensão de infinitude que a transcende

imensuravelmente. O finito e o infinito são as primeiras categorias da razão, e

não me refiro aos equivalentes matemáticos desses termos, que são apenas as

traduções deles para um domínio especializado. Dessa primeira distinção surgem

inúmeras outras, como inclusão e exclusão, limitado e ilimitado, permanência e

mudança, substância e acidente e assim por diante. Sem essa imensa rede de

distinções e inclusões que constitui a estrutura básica da razão, o método

científico seria um nada. É ainda mais estúpido imaginar que, uma vez formado

historicamente, o método científico se tornou independente da razão e pode

prescindir dela ou julgá-la segundo seus próprios critérios. É a razão, e não o

método científico, que confere sentido ao próprio discurso científico, o qual por

sua vez não pode dar conta dela no mais mínimo que seja. A “ciência” não pode

jamais ser a autoridade última em nenhum assunto exceto dentro dos limites que

a razão lhe prescreva, limites estes que por sua vez continuam sujeitos à crítica

racional a qualquer momento e em qualquer circunstância do processo científico.

O objeto da razão é a experiência humana tomada na sua totalidade indistinta,

só limitada pelo senso da infinitude. O objeto da ciência é um recorte operado

convencionalmente dentro dessa totalidade, recorte cuja validade não pode ser

senão relativa e provisória, condicionada sempre à crítica segundo as categorias

gerais da razão que transcende infinitamente não só o domínio de cada ciência

em particular, mas o de todas em conjunto.

Afinal, como se constitui uma ciência? Supõe-se que determinado grupo de

fenômenos obedece a certas constantes e em seguida se recortam amostras

dentro desse mesmo grupo para averiguar, mediante observações, experiências e

medições, se as coisas se passam como previsto na hipótese inicial. Repetida a

operação um certo número de vezes, busca-se articular os seus resultados num

discurso lógico-dedutivo, estruturando a realidade da experiência na forma de

uma demonstração lógica, evidenciando, ao menos idealmente, a racionalidade

do real. Tudo isso é impossível sem as categorias da razão, obtidas não desta ou

daquela experiência científica, nem de todas em conjunto, mas do próprio senso

da experiência humana como totalidade ilimitada.

A experiência humana, tomada como totalidade ilimitada, é a mais básica das

realidades, ao passo que o objeto de cada ciência é uma construção hipotética

erigida dentro de um recorte mais ou menos convencional dessa totalidade. Essa

construção nada vale se amputada do fundo desde o qual se constituiu. O apego à

autoridade da “ciência”, tal como hoje se vê na maior parte dos debates públicos,

não é senão a busca de uma proteção fetichista, socialmente aprovada, contra as

responsabilidades do uso da razão.

O mais evidente sintoma disso é a facilidade, a trêfega e saltitante mudança

de canal com que os porta-vozes da “ciência” transitam das atenuações

relativistas e desconstrucionistas, para as quais todos os discursos são válidos de

algum modo, às proclamações absolutistas de “fatos científicos” imunes a toda

discussão, tão sagrados que seus contestadores devem ser excluídos do meio

universitário e expostos à execração pública. O culto da “ciência” começa na

ignorância do que seja a razão e culmina no apelo explícito à autoridade do

irracional.1

Sonhando com a teoria final

Diário do Comércio, 2 de dezembro de 2012

A prova lógica perfeita independe das paixões e veleidades humanas. Independe

de testemunhas. Independe até da existência de seres humanos. Impõe-se com a

impessoalidade dos terremotos e dos ciclos planetários. Mas terremotos e ciclos

planetários são, na escala do universo, acontecimentos limitados. Infinitamente

acima deles, a prova lógica perfeita impõe-se com a autoridade absoluta da

vontade divina.

Aquele que dispõe de uma prova lógica perfeita pode aceitar a discordância

como um fato, não como um direito. Em última instância, explicará toda

divergência como fruto da ignorância ou da perversão e, mais dia menos dia,

desejará suprimi-la pela doutrinação ou pela força.

Felizmente, provas lógicas perfeitas só existem no domínio puramente ideal.

Não dizem respeito às realidades do mundo. Mesmo a ciência mais exata admite

que o seu reino não é o das verdades definitivas, mas o das probabilidades e

incertezas. Isso não impede, no entanto, que muitos cientistas continuem

sonhando com a “teoria final”: a explicação unificada e cabal da natureza e de

tudo quanto existe dentro dela — o que inclui necessariamente o ser humano com

todos os seus pensamentos, desejos, emoções, crenças e valores.

Os devotos desse ideal, quando falam dele, apressam-se em reconhecer que

“ainda estamos longe” de alcançá-lo. A aparente modéstia dessa confissão

esconde a fé inabalável de que ele será alcançado. Inclui também o

esquecimento de que, no passado, houve quem acreditasse piamente já tê-lo

alcançado, já possuir ao menos em linhas gerais os princípios fundantes da

natureza inteira, e estar capacitado, portanto, a aplicá-los a todos os domínios do

conhecimento e da ação, modelando por eles a sociedade, as leis, a cultura, a

educação e a mente humana. Em nenhum desses casos a fundamentação

chegava ao nível de uma prova lógica perfeita. Incluía sempre alguns

pressupostos não provados, às vezes incongruentes ou incompreensíveis. Mas, em

todo caso, comparada com o restante das opiniões em circulação, a “teoria

geral” parecia ser o que mais se aproximava de uma prova lógica perfeita,

tornando difícil, aos seus porta-vozes, resistir à tentação de arrogar-se a

autoridade ilimitada de um mandamento divino, sufocando toda oposição como

irracional e anticientífica.

Isso aconteceu pelo menos três vezes na história. A primeira foi quando Sir

Isaac Newton, tendo obtido sucesso em deduzir de princípios mecânicos alguns

fenômenos da natureza, fez votos de que em breve se pudesse explicar pelos

mesmos princípios todos os demais fenômenos. O desenvolvimento posterior das

ciências mostrou que o sonho era impossível. Mas, no século XVIII, à medida

que o prestígio de Sir Isaac se espalhava pela Europa, esse sonho foi tomado

como realidade consumada e se consagrou em doutrina obrigatória sob o nome

de “mecanicismo”. Logo o mecanicismo transfigurou-se em projeto de reforma

social e começou a cortar cabeças — inclusive as de alguns mecanicistas

insatisfeitos com as consequências políticas da doutrina. (Anos atrás escrevi umas

linhas sobre os danos que o mecanicismo trouxe ao mundo, e fui acusado, numa

lista de discussões entre professores de lógica, de querer “refutar Newton” — o

que sugere que, ao menos no Brasil, é possível ser professor de lógica sem ter

aprendido a ler.)

A segunda vez foi quando a doutrina evolucionista de Charles Darwin, mal

publicada, e embora não fosse nem mesmo uma teoria de tudo e sim apenas

uma explicação abrangente da variedade dos seres vivos, foi aplaudida como

chave geral da história humana e fundamento científico tanto da guerra de raças

quanto da luta de classes. Adotada com ligeiras modificações pelos dois regimes

totalitários que disputavam o poder no mundo no início do século XX, serviu de

fundamento ideológico à matança organizada de uns 200 milhões de seres

humanos.

A terceira, que se entremescla à segunda, foi a proclamação do marxismo

como suprema explicação científica da evolução histórica e, no dizer de JeanPaul

Sartre, “a filosofia insuperável do nosso tempo”. Deu no que deu.

Nos três casos, é inócua a tentativa piedosa de cavar um fosso intransponível

entre o núcleo “puramente científico” dessas teorias e os seus efeitos históricosociais

maléficos, atribuindo estes últimos exclusivamente à distorção ideológica

superveniente e à contaminação da “pseudociência”. Teorias científicas não

descem prontas do céu das ideias puras. Todas trazem no fundo algum elemento

ideológico, por discreto e indesejado que seja, o qual cedo ou tarde acaba por

subir à superfície da história, como as paixões rejeitadas sobem do inconsciente e

acabam por engolfar a personalidade.

Newton não concebeu sua teoria gravitacional só para explicar determinados

fatos da natureza — embora ela ainda seja ensinada assim à população ginasiana

—, mas como parte de um projeto abrangente de destruir o cristianismo trinitário

e substituí-lo por uma religião da “unidade absoluta”, de inspiração esotérica. É

preciso ser muito sonso para não notar aí o alcance da ambição totalitária

subjacente.

Darwin e Marx foram bem mais explícitos quanto às consequências

previsíveis das suas teorias: o primeiro aceitou o genocídio como um fato normal

da natureza,2 o segundo como um instrumento indispensável para a instauração

do paraíso socialista.3

A deleitação utópica com que tantos cientistas sonham com a “teoria final” e

se esmeram em aprimorar os instrumentos lógicos para fundamentá-la não

parece, nesse sentido, ser um prenúncio de dias melhores para a espécie

humana.

Por que não sou um fã de Charles Darwin

Diário do Comércio, 20 de fevereiro de 2009

As festividades bilionárias em comemoração aos duzentos anos de nascimento de

Charles Darwin tornam momentaneamente invisíveis alguns fatos essenciais da

vida e da obra desse homem de ciência.

Desde logo, Darwin não inventou a teoria da evolução: encontrou-a pronta,

sob a forma de doutrina esotérica, na obra do seu próprio avô, Erasmus Darwin,

e como hipótese científica em menções inumeráveis espalhadas nos livros de

Aristóteles, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e Goethe, entre outros.

Tudo o que fez foi arriscar uma nova explicação para essa teoria — e a

explicação estava errada. Ninguém mais, entre os autoproclamados discípulos de

Darwin, acredita em “seleção natural”. A teoria da moda, o chamado

“neodarwinismo”, proclama que, em vez de uma seleção misteriosamente

orientada ao melhoramento das espécies, tudo o que houve foram mudanças

aleatórias. Que eu saiba, o mero acaso é precisamente o contrário de uma

regularidade fundada em lei natural, racionalmente expressável. O darwinismo é

uma ideia escorregadia e proteiforme, com a qual não se pode discutir

seriamente: tão logo espremido contra a parede por uma nova objeção, ele não

se defende — muda de identidade e sai cantando vitória. Muitas teorias

idolatradas pelos modernos fazem isso, mas o darwinismo é a única que teve a

cara de pau de transformar-se na sua contrária e continuar proclamando que

ainda é a mesma.

Todos os celebrantes do ritual darwiniano, neodarwinistas inclusos, rejeitam

como pseudocientífica a teoria do “design inteligente”. Mas quem inventou essa

teoria foi o próprio Charles Darwin. Isso fica muito claro nos parágrafos finais de

A origem das espécies, que na minha remota adolescência li de cabo a rabo com

um enorme encantamento e que fez de mim um darwinista, fanático a ponto de

colocar o retrato do autor na parede do meu quarto, rodeado de dinossauros (só

agora compreendo que é um deles). Agora, graças à amabilidade de um leitor,

tomei conhecimento dos estudos desenvolvidos por John Angus Campbell sobre a

“retórica das ciências”. Ele estuda os livros científicos sob o ponto de vista da sua

estratégia de persuasão. Num vídeo fascinante,* demonstra que o “design

inteligente” não é apenas um complemento final da teoria darwinista, mas a sua

premissa fundamental, espalhada discretamente por todo edifício argumentativo

de A origem das espécies. O “design inteligente” é, portanto, a única parcela da

teoria darwiniana que ainda tem defensores: e estes são os piores inimigos do

darwinismo.

É certamente um paradoxo que o inventor de uma explicação falsa para uma

teoria preexistente seja celebrado como criador dessa teoria, porém um

paradoxo ainda maior é que a premissa fundante da argumentação darwiniana

seja repelida como a negação mesma do darwinismo.

Puramente farsesco, no entanto, é o esforço geral para camuflar a ideologia

genocida que está embutida na própria lógica interna da teoria da evolução.

Quando os apologistas do cientista britânico admitem a contragosto que a

evolução “foi usada” para legitimar o racismo e os assassinatos em massa, eles o

fazem com monstruosa hipocrisia. O darwinismo é genocida em si mesmo,

desde a sua própria raiz. Não teve de ser deformado por discípulos infiéis para

tornar-se algo que não era. Leiam estes parágrafos de Charles Darwin e digam

com honestidade se o racismo e a apologia do genocídio tiveram de ser

enxertados a posteriori numa teoria inocente:

Em algum período futuro, não muito distante se medido em séculos, as

raças civilizadas do homem vão certamente exterminar e substituir as

raças selvagens em todo o mundo. Ao mesmo tempo, os macacos

antropomorfos... serão sem dúvida exterminados. A distância entre o

homem e seus parceiros inferiores será maior, pois mediará entre o

homem num estado ainda mais civilizado, esperamos, do que o

caucasiano, e algum macaco tão baixo quanto o babuíno, em vez de, como

agora, entre o negro ou o australiano e o gorila.4

Imaginem, durante as eleições americanas, a campanha de John McCain

proclamar que Barack Hussein Obama estava mais próximo do gorila do que o

candidato republicano!

Tem mais:

Olhando o mundo numa data não muito distante, que incontável número de

raças inferiores terá sido eliminado pelas raças civilizadas mais altas!5

Para completar, um apelo explícito à liquidação dos indesejáveis:

Entre os selvagens, os fracos de corpo ou mente são logo eliminados; e os

sobreviventes geralmente exibem um vigoroso estado de saúde. Nós,

civilizados, por nosso lado, fazemos o melhor que podemos para deter o

processo de eliminação: construímos asilos para os imbecis, os aleijados e

os doentes; instituímos leis para proteger os pobres; e nossos médicos

empenham o máximo da sua habilidade para salvar a vida de cada um até

o último momento... Assim os membros fracos da sociedade civilizada

propagam a sua espécie. Ninguém que tenha observado a criação de

animais domésticos porá em dúvida que isso deve ser altamente

prejudicial à raça humana. É surpreendente ver o quão rapidamente a

falta de cuidados, ou os cuidados erroneamente conduzidos, levam à

degenerescência de uma raça doméstica; mas, exceto no caso do próprio

ser humano, ninguém jamais foi ignorante ao ponto de permitir que seus

piores animais se reproduzissem.6

Notem bem: não sou contra a hipótese evolucionista. Do que tenho observado até

hoje, devo concluir que sou o único ser humano, no meu círculo de relações

próximas e distantes, que não tem a menor ideia de se a evolução aconteceu ou

não aconteceu. Todo mundo tem alguma crença a respeito, e parece disposto a

matar e morrer por ela. Eu não tenho nenhuma.

No entanto, minha abstinência de opiniões a respeito de uma questão que

considero insolúvel não me proíbe de notar a absurdidade das opiniões de quem

tenha alguma. Há muito tempo já compreendi que os cientistas são ainda menos

dignos de confiança do que os políticos, e os paradoxos da fama de Charles

Darwin não fazem senão confirmá-lo.7 Meus instintos malignos impelem-me a

pegar os darwinistas pela goela e perguntar-lhes:

Por que tanta onda em torno de Charles Darwin? Ele inventou o “design

inteligente”, que vocês odeiam, e a seleção natural, que dizem que é falsa.

Pregou abertamente o racismo e o genocídio, que dizem abominar. Para

celebrá-lo, vocês têm de criar do nada um personagem fictício que é o contrário

do que foi historicamente. Não veem que tudo isso é uma palhaçada?

Notas

* Assistam em http://www.youtube.com/watch?v=VYoKSyxLsC0.

1. N. do Org.: É imperdível o vídeo — legendado em português, com menos de

três minutos de duração — em que o filósofo americano William Lane Craig dá

uma resposta arrasadora sobre a suposta onipotência da ciência ao químico inglês

Peter W. Atkins em debate de 1998, disponível no link:

http://www.youtube.com/watch?v=0_TLzIR2ptM. O debate completo pode ser

assistido sem legendas no link: http://www.youtube.com/watch?v=w1Y6ev152BA.

2. N. do Org.: Para declarações de Charles Darwin neste sentido, ver o texto

seguinte, à página 398.

3. N. do Org.: Para declarações de Karl Marx neste sentido, ver “Citações

elucidativas” no capítulo Socialismo.

4. N. do Org.: Charles Darwin, The Descent of Man and Selection in Relation to

Sex, 1896.

5. N. do Org.: Charles Darwin, The Life and Letters of Charles Darwin, Part 1,

1897.

6. N. do Org.: Charles Darwin, The Descent of Man and Selection in Relation to

Sex, 1896.

7. N. do Org.: “Mas um darwinista clamando contra a violência das religiões [o

cientista inglês Richard Dawkins declarou à revista Veja de 23 de junho de 2004

que o mundo teria mais paz se todas as religiões fossem abolidas] é a imagem

mais completa e perfeita da impostura intelectual. O evolucionismo foi o pai do

comunismo e do nazismo. Todas as guerras de religião desde o começo do

mundo, somadas, não mataram senão uma fração minúscula do número de

vítimas que esses regimes fizeram em poucas décadas. Mesmo levando em

conta a diferença populacional entre as épocas, a desproporção é assustadora”

[Olavo de Carvalho, “Impostura darwinista”, O Globo, 26 de junho de 2004 —

http://www.olavodecarvalho.org/semana/040626globo.htm].

http://www.oretrogrado.com.br/wp-content/uploads/2016/07/O-minimo-que-voce-precisa-saber-Olavo-de-Carvalho.pdf

________________

“Se você não é capaz de tirar de um livro consequências válidas para sua orientação moral no mundo, você não está pronto para ler este livro.”

Olavo de Carvalho

Sumário

Nota do editor

Apresentação

O mínimo que você precisa saber sobre a idiotice, o autor e o livro

Felipe Moura Brasil

JUVENTUDE

O imbecil juvenil

Geração perdida

Jovens paranaenses

CONHECIMENTO

Desejo de conhecer

O poder de conhecer

Sem testemunhas

VOCAÇÃO

Vocações e equívocos

A mensagem de Viktor Frankl

Redescobrindo o sentido da vida

CULTURA

Espírito e cultura: o Brasil ante o sentido da vida

O orgulho do fracasso

A origem da burrice nacional

A fonte da eterna ignorância

Um paralelo entre Eric Voegelin e Lula

FINGIMENTO

Um capítulo de memórias

Cavalos mortos

Os histéricos no poder

DEMOCRACIA

De Bobbio a Bernanos

A metonímia democrática

Democracia normal e patológica — I

Democracia normal e patológica — II

Extremismo e vergonha

SOCIALISMO

1. Fatos x interpretações

Que é ser socialista?

Citações elucidativas

Lógica da canalhice

2. Socialismo x capitalismo

Ainda a canalhice

Confronto de ideologias?

A vitória do fascismo

MILITÂNCIA

1. Espiritualidade x fanatismo

A escolha fundamental

Psicologia do fanatismo

Ainda o fanatismo

2. Modelos x condutas

Causas sagradas

O paradoxo esquerdista

A autoridade religiosa do mal

REVOLUÇÃO

1. Globalismo

A revolução globalista

Onipresente e invisível

Lula planetário

Quem foi que inventou o Brasil?

História de quinze séculos

2. Manipulação

Guerras culturais

A elite que virou massa

Armas da liberdade

A demolição das consciências

Engenharia da complacência

Conduzidos à força

Da servidão hipnótica

3. Mentalidade

A mentalidade revolucionária

Ainda a mentalidade revolucionária

A ilusão corporalista

Ascetas do mal

A mentira estrutural

4. Sociedade x culpa

Direto do inferno

A fórmula para enlouquecer o mundo

Sociedade justa

Regra geral

5. Capitalistas x revolucionários

Capitalismo e Cristianismo

O bem e o mal segundo Olívio Dutra

Dinheiro e poder

6. Dinheiro x conhecimento

Vaidade mortal

A contracultura no poder

O suicídio coletivo dos ricos

Lembrem-se de Karl Radek

7. Revolucionários x mundo melhor

O único mal absoluto

A transfiguração do desastre

Até que enfim

8. Desmascaramento

A boa e velha língua dupla

Língua dupla e estratégia

Como debater com esquerdistas

INTELLIGENTZIA (MAS PODE CHAMAR DE MÁFIA)

1. Analfabetismo & glória

Tutto è burla nel mondo

Glórias acadêmicas lulianas

Frases e vidas

2. Povo & representação

Abaixo o povo brasileiro

O óbvio esotérico

Império do fingimento

3. Mídia & ocultação

Quem eram os ratos?

O preço do colaboracionismo

O maior dos perigos

Saudades da idiotice

É proibido parar de mentir

A técnica da rotulagem inversa

Os iluminados

4. Moralidade & inversão

Professores de corrupção

É proibido perceber

A reciclagem da ética

Aguardem o pior

A fossa de Babel

5. Universidade & farsa

Uma geração de predadores

A opção pela farsa

A vigarice acadêmica em ação

A verdadeira cultura negra

6. História & embuste

A História oficial de 1964

Resumo do que penso sobre 1964

O tempo dos militares e os dias de hoje

O ano em que o tempo parou

1968, o embuste que não terminou

7. Marxismo & vigarice

Devotos de um vigarista

O plano e o fato

Debilidades

8. Decadência

Saudades do jornalismo

Onde começou a queda

Da fantasia deprimente à realidade temível

9. Hospício

O Brasil falante

Gansos que falam

A revolução dos loucos

10. Conspiração

Teoria da conspiração

Falsos segredos

Credibilidade zero

EDUCAÇÃO

Jesus e a pomba de Stalin

Educação ao contrário

O futuro da boçalidade

O novo imbecil coletivo

Viva Paulo Freire!

Educando para a boiolice

INVEJA

Dialética da inveja

Da inveja mal confessada

Desprezo afetado

A ingenuidade da astúcia

ABORTO

Desejo de matar

Lógica do abortismo

Conversa franca sobre o aborto

CIÊNCIA

A ciência contra a razão

Sonhando com a teoria final

Por que não sou um fã de Charles Darwin

RELIGIÃO

1. Fé x ideologia

O testemunho proibido

Do mito à ideologia

Como ler a Bíblia

2. Perseguição x silêncio

Para além da sátira

A guerra contra as religiões

Maquiadores do crime

Má conselheira

A briga que ninguém quer comprar

Cem anos de pedofilia

LINGUAGEM

1. Literatura x língua de pau

Longa noite

A palavra-gatilho

Figuras de linguagem

2. Escritores x fingidores

Literatura do baixo ventre

Coisas sérias

Conversa sobre estilo

DISCUSSÃO

A origem das opiniões dominantes

Debatedores brasileiros

Debate e preconceito

Zenão e o paralítico

Barbárie mental

PETISMO

1. Lula

Louvores à mancheia

Bondade mesquinha

Lula, réu confesso

Ato de rotina

2. Tradição & estratégia

Nada de novo

Excesso de delicadeza

A engenharia da desordem

Como sempre

Depois do mensalão

FEMINISMO

Breve história do machismo

A era dos masturbadores

A técnica da opressão sedutora

GAYZISMO

Ódio à realidade

Consequências mais que previsíveis

Já notaram?

Psicólogos e psicopatas

CRIMINALIDADE

1. Fomentação

A longa história do óbvio

Primores de ternura — 1

Primores de ternura — 2

2. Terrorismo & narcotráfico

Não quero citar nomes

Queremos ser repudiados

Um discurso dos demônios

Pensando com a cabeça de George Soros

DOMINAÇÃO

Os donos do mundo

O que está acontecendo

Quem manda no mundo?

EUA

1. Bush

A desvantagem de ver

Em nome dos cadáveres

Avaliando George W. Bush

2. Obama

Os pais da crise americana

O advento da ditadura secreta

Fugindo da humilhação

O erro dos birthers

O Fome Zero de Obama

O império das puras coincidências

Salvando o triunvirato global

Velho truque

Pensando como os revolucionários

Desarmando as criancinhas

Armados e desarmados

LIBERTAÇÃO

Autoexplicação

Idiotas reciclados

Cumprindo meu dever

Por que não sou liberal

ESTUDO

A tragédia do estudante sério no Brasil

Se você ainda quer ser um estudante sério...

Pela restauração intelectual do Brasil

Espírito e personalidade

__________________

Obrigado pela sua presença sutil e firme no Recanto, opinando-se... ___Veja a CARTA ENCÍCLICA: "Humanae Vitae" (https://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_25071968_humanae-vitae.html) de Paulo VI: o Papa que soube colocar o homem no (re) encontro e (re)diálogo com Deus. Soube ser ousado em tempos de crise com elegância e atitude de um intelectual de alto nível. Paulo VI fora beatificado nem 19 de outubro de 2014, na Praça São Pedro.

Fascinante saber que a Igreja ao reler sua trajetória pastoral do homem de Deus e do crítico da cultura contemporânea reconhece agora o seu valor de santidade, de amor à família e do respeito à vida como direito de nascer, ter lar, ter nome e lugar no mundo - em que o tecnicismo e as guerras diziam equivocadamente que não podia mais nascer o ser humano como concebíamos...___ PESQUISA EM: https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Paulo_VI ___ Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini , DECLARADO PAPA PAULO VI DA IGREJA: "Ordem Ordem Franciscana Secular;

Diocese Diocese de Roma;

Eleição 21 de junho de 1963;

Entronização 29 de junho de 1963

Fim do pontificado 6 de agosto de 1978 (15 anos);

Predecessor João XXIII;

Sucessor João Paulo I;

Ordenação presbiteral 29 de maio de 1920;

Catedral de Brescia, Brescia

por Dom Giacinto Gaggia;

Nomeação episcopal 1 de novembro de 1954;

Ordenação episcopal 12 de dezembro de 1954:

Basílica de São Pedro

por Dom Eugène Cardeal Tisserant;

Nomeado arcebispo 1 de novembro de 1954: Cardinalato:

Criação 15 de dezembro de 1958

por Papa João XXIII;

Ordem Cardeal-presbítero;

Título Santos Silvestre e Martinho nos Montes;

Brasão: Coat of arms of Giovanni Battista Montini.svg: Lema IN NOMINE DOMINI (Em nome do Senhor)

Papado: Brasão: Coat of Arms of Pope Paul VI.svg - Lema IN NOMINE DOMINI (Em nome do Senhor);

consistórios de Paulo VI;Santificação

Beatificação 19 de outubro de 2014

Cidade do Vaticano por Papa Francisco

Veneração por Igreja Católica:

Festa litúrgica: 26 de setembro__Dados pessoais:

Nascimento 26 de setembro de 1897

Concesio, Itália; Morte 6 de agosto de 1978 (80 anos) - Castelgandolfo, Itália

Nacionalidade Italiano; Nome nascimento: Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini

Progenitores: Mãe: Giuditta Alghisi

Pai: Giorgio Montini;

Títulos anteriores: Arcebispo de Milão (1954-1963)___ Este é São Paulo VI - defensor da vida e da família - rogai para que sejamos como ele: éticos, corajosos e firmes no mundo de tantos paradoxos a enfumaçar nosso cristianismo, negando a vida e semeando uma descultura de morte.

Paulo VI será sábado declarado santo da Igreja: SIM!

J B Pereira e http://www.oretrogrado.com.br/wp-content/uploads/2016/07/O-minimo-que-voce-precisa-saber-Olavo-de-Carvalho.pdf E http://www.oretrogrado.com.br/wp-content/uploads/2016/07/O-minimo-que-voce-precisa-saber-Olavo-de-Carvalho.pdf
Enviado por J B Pereira em 24/09/2018
Reeditado em 24/09/2018
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