A MALDIÇÃO DAS PESQUISAS ELEITORAIS, parte 2

A MALDIÇÃO DAS PESQUISAS ELEITORAIS, parte 2
Miguel Carqueija

No dia 30/8/2018 publiquei o primeiro artigo sob este título, agora quero contar o resto da história.
Relembrando, em 1982 as pesquisas eleitorais derrubaram a candidatura católica de Sandra Cavalcanti para o governo estadual do Rio de Janeiro; pessoas que nela votariam mudaram para Moreira Franco, numa tentativa de impedir a eleição de Leonel Brizola. Não conseguiram e foi bem feito. Eu não mudei, revoltou-me a ideia de me tornar escravo de pesquisas e fazer voto útil. Desde essa época sustento que voto útil é imoralidade.
Em 1986, nova eleição. Moreira Franco (nome absolutamente deplorável e que chegou a se gabar de contar com os votos dos comunistas) tenta de novo e desta vez ganhou, realizando um governo lamentável (foi quando prometeu acabar com a violência em seis meses).
Sandra Cavalcanti candidatou-se a deputada, nessa ocasião localizei um comitê e cheguei a falar pessoalmente com ela. Fiquei surpreso que nos folhetos de propaganda aparecia o nome de Moreira. Ela fazia parte da coalisão que apoiava a figura. Eu disse a Sandra que não votaria no Moreira, mas no Wagner Cavalcanti, o candidato menos cotado, único que me pareceu digno de voto entre os cinco ou sete. Sandra admitiu que fôra contra o apoio a Moreira Franco mas... seu nome estava lá, na propaganda dela. Coisas da política.
Esbarrei lá com Edgar Clare, com quem já falara uma vez. Ao saber que eu votaria no Wagner Cavalcanti ele me disse que eu ia “jogar fora” o meu voto. Essa opinião me aborreceu e eu procurei explicar que não voto para meu candidato ganhar, voto para ficar em paz com minha consciência. Vejam bem: se Wagner Cavalcanti (até prova em contrário um político reto, o que não ouso dizer do M.F.) estava legitimamente inscrito como candidato ao governo estadual então eu, como eleitor, tinha o direito legal de nele votar. Não sou e nunca fui escravo de pesquisas.
Agora, com Marina Silva, repete-se a história. Pela terceira vez utilizam as pesquisas para derrubá-la apesar de toda a sua chance de ganhar as eleições. O eleitorado é muito influenciável. As pesquisas não acertam os resultados: elas os produzem por indução ao público. Enquanto o eleitor tiver essa fraqueza de mudar seu voto se seu candidato cair nas pesquisas (o tal “voto útil” que, repito, é imoral) não se pode calcular quanto mal fazem essas prévias. Ainda mais que são repetidas e esmiuçadas até o paroxismo pela mídia, notadamente a repulsiva Rede Globo. Não se limitam a dar os índices da pesquisa simples, vão mais além, com as rejeições e as simulações do segundo turno.
Essa ditadura das pesquisas chega a tal grau de loucura que transforma a eleição em si numa grande palhaçada. Afinal de contas, se é a pesquisa que decide previamente, para que perder tempo votando? Por que não se empossa logo quem estiver na frente das pesquisas???
Quanto a mim, NÃO vou mudar meu voto por causa de pesquisas, isso é desaforo. Votarei em Marina Silva. NÃO votarei em extremistas, nem num, nem noutro.

Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2018.