COINCIDÊNCIAS SIGNIFICATIVAS
Jung ficou famoso pelo seu trabalho como psicanalista e por inspirações que hoje fazem parte da psicologia e da literatura esotérica. Uma dessas inspirações é a teoria das coincidências significativas, ou seja, acontecimentos que parecem não ter absolutamente nada em comum, mas no fundo estão ligados por uma relação de causa e consequência, muitas vezes invisíveis a qualquer observador. Ele dá o exemplo do trabalho que estava desenvolvendo com um paciente que sofria de esquizofrenia. A análise não progredia porque o paciente não colaborava. Mantinha-se mudo e alienado durante as seções, não permitindo que a análise avançasse. Um dia, quando ele já estava quase desistindo, o paciente disse uma pequena frase: “sonhei a noite passada com um escaravelho”. Naquele instante, um desses insetos pulou para o parapeito da janela do consultório, chocando-se contra o vidro. Depois disso, conta Jung, o trabalho com aquele paciente prosperou até a cura final. As coincidências significativas e a chamada Teoria do Caos parecem ter alguma coisa em comum. Uma bobagenzinha que nos acontece pode mudar nossa vida por completo e, por consequência, do universo inteiro. Edward Lorenz, o cientista que enunciou a Teoria do Caos talvez não tenha se dado conta que estava tendo a mesma intuição que Jung. A ua teoria, expressa pela metáfora da borboleta que bate asas na Amazônia e provoca um tufão no outro lado do mundo pode ser uma coincidência significativa. Um menino de dez anos rouba um carro e é morto por um policial; um acidente em uma rodovia mata vários estudantes; um país inteiro se afunda na corrupção, na imoralidade e na indecência. Uma presidente é afastada do cargo por má gestão financeira; um político suspeito de ter cometido muitas falcatruas assume o lugar dela. Dez mil pessoas por dia são dispensadas de seus empregos. Um candidato a presidente é esfaqueado na rua. Um museu com 200 anos de história pega fogo. Militares são chamados a intervir na segurança pública de uma das maiores cidades do país, e uma chapa de militares lidera as pesquisas para a Presidência da República. Será que existe um elo de ligação entre todas essas catástrofes? Que acontecimento desencadeou tudo isso? Pode ter sido algo tão insignificante que ninguém percebeu. Mas em tudo isso há um consolo. O que acontece para o mal também pode acontecer para o bem. A borboleta, ao bater asas na Amazônia pode provocar uma catástrofe em algum lugar, mas também pode trazer chuva para o Nordeste do Brasil. Quem sabe se um desses infelizes que perdeu o emprego hoje não seja o personagem que o país precisa para começar a mudar para melhor amanhã? Ou talvez o tresloucado gesto do desequilibrado de Juiz de Fora não seja a âncora que vai desencadear essas mudanças? Sejamos atentos aos fatos, por mais insignificantes que pareçam ser. Porque, se não formos, ficaremos como aquela moça da canção do Chico Buarque. O tempo passou na janela e só Carolina não viu.
Jung ficou famoso pelo seu trabalho como psicanalista e por inspirações que hoje fazem parte da psicologia e da literatura esotérica. Uma dessas inspirações é a teoria das coincidências significativas, ou seja, acontecimentos que parecem não ter absolutamente nada em comum, mas no fundo estão ligados por uma relação de causa e consequência, muitas vezes invisíveis a qualquer observador. Ele dá o exemplo do trabalho que estava desenvolvendo com um paciente que sofria de esquizofrenia. A análise não progredia porque o paciente não colaborava. Mantinha-se mudo e alienado durante as seções, não permitindo que a análise avançasse. Um dia, quando ele já estava quase desistindo, o paciente disse uma pequena frase: “sonhei a noite passada com um escaravelho”. Naquele instante, um desses insetos pulou para o parapeito da janela do consultório, chocando-se contra o vidro. Depois disso, conta Jung, o trabalho com aquele paciente prosperou até a cura final. As coincidências significativas e a chamada Teoria do Caos parecem ter alguma coisa em comum. Uma bobagenzinha que nos acontece pode mudar nossa vida por completo e, por consequência, do universo inteiro. Edward Lorenz, o cientista que enunciou a Teoria do Caos talvez não tenha se dado conta que estava tendo a mesma intuição que Jung. A ua teoria, expressa pela metáfora da borboleta que bate asas na Amazônia e provoca um tufão no outro lado do mundo pode ser uma coincidência significativa. Um menino de dez anos rouba um carro e é morto por um policial; um acidente em uma rodovia mata vários estudantes; um país inteiro se afunda na corrupção, na imoralidade e na indecência. Uma presidente é afastada do cargo por má gestão financeira; um político suspeito de ter cometido muitas falcatruas assume o lugar dela. Dez mil pessoas por dia são dispensadas de seus empregos. Um candidato a presidente é esfaqueado na rua. Um museu com 200 anos de história pega fogo. Militares são chamados a intervir na segurança pública de uma das maiores cidades do país, e uma chapa de militares lidera as pesquisas para a Presidência da República. Será que existe um elo de ligação entre todas essas catástrofes? Que acontecimento desencadeou tudo isso? Pode ter sido algo tão insignificante que ninguém percebeu. Mas em tudo isso há um consolo. O que acontece para o mal também pode acontecer para o bem. A borboleta, ao bater asas na Amazônia pode provocar uma catástrofe em algum lugar, mas também pode trazer chuva para o Nordeste do Brasil. Quem sabe se um desses infelizes que perdeu o emprego hoje não seja o personagem que o país precisa para começar a mudar para melhor amanhã? Ou talvez o tresloucado gesto do desequilibrado de Juiz de Fora não seja a âncora que vai desencadear essas mudanças? Sejamos atentos aos fatos, por mais insignificantes que pareçam ser. Porque, se não formos, ficaremos como aquela moça da canção do Chico Buarque. O tempo passou na janela e só Carolina não viu.