Desce da forca, vem, banca o safado...
Às vezes dá um desânimo danado em ser brasileiro, diante das tantas e tantas denúncias de corrupção que praticamente envolvem TODOS os políticos deste país, principalmente aqueles aquartelados em Brasília e os que sobrevivem orbitando ao seu derredor.
Ao que se vê, e já confirmando antiga suspeita, basta ser político nesta terra para ser bandido, versado em desviar milhões de reais em propinas, em sangrar cofres públicos, em ser criativo na arte de subtrair o que a população operosa recolhe com tantos sacrifícios ao Erário.
Não há mesmo limites que contenha a ganância dessa turba especializada em surrupiar, via de regra agindo em quadrilhas ou bandos, como as hienas, que roem até os ossos. Chega a ser incompreensível que este Brasil não tenha quebrado de vez, como o cão que, permeado de carrapatos, acaba sucumbindo aos seus parasitas.
Só mesmo uma força divina, apiedada, para manter este país cambaleante rumo aos seus destinos. Daí a expressão antiga de que “Deus é brasileiro”, uma expressão tão antiga quanto a roubalheira praticada em todas as esferas de governo por aqueles que, na posse, juraram defender as leis, a Constituição e os interesses de municípios, estados e federação.
Rouba-se muito neste país, é verdade, e não é de hoje.
E não é sem razão que lá por volta de 1978, no auge da chamada ditadura militar, um padre já se reportava à existência de corruptos em nossas hostes políticas. Claro, uma merreca comparada à corrupção de hoje, que parece institucionalizada e de alguma forma tolerada por muitos, agigantada, abrangente, descarada e vigorosa em produzir estragos em estatais ou onde quer que existam dinheiros públicos.
Na época, escreveu o religioso, referindo-se ao mártir da independência: “Meu pobre Tiradentes, que imbecil! / Uma pátria sonhaste, livre, forte / e acabaste na forca. O teu perfil / tão belo e puro, teu gigante porte / não foi feito pra terra do Brasil; [....] Desce da forca, vem, banca o safado: / E serás governador ou deputado”.
Agora, como estamos vendo, presidente da república também.