A adesão
Os interesses da oligarquia e das forças dominantes são profundos e imodificáveis. Para preservá-los, a oligarquia atropela a Justiça, a igualdade e direitos fundamentais da sociedade. Ou, quando não pode atropelar, corrompe a fraternidade, os princípios morais e até espirituais dos cidadãos. Políticos em geral e magistrados em particular têm a exata noção disso.
O combate a esses interesses, pelos que se arvoram anti-oligárquicos, pode eventualmente admitir o convívio com os que fazem uso de tais práticas, mas nunca a absorção delas. Ainda que tudo possa ocorrer no mesmo terreno, ou seja por vezes inevitável a proximidade entre dois campos antagônicos.
Em sociedade, portanto, nem sempre poderemos ignorar uma presença física que não achamos imprescindível, sendo a recíproca verdadeira. Mas sempre haverá espaço para a preservação de conceitos que nos sejam fundamentais e dos quais não estejamos dispostos a abrir mão. Isso caracteriza uma sinalização importante na definição de espaços, ideias e procedimentos que não podem ser os mesmos para grupos de pessoas distintos.
Quando a oligarquia absorve as forças que lhe são contrárias ou quando os interesses da chamada esquerda passam a ser os da direita, não há mais sentido em falar em oposição ou reação. O terreno fica nivelado. Só que não inteiramente plano, porque as forças no comando não vão conseguir ignorar as diferenças, desigualdades e distinções que permanecerão e continuarão a prevalecer entre os comandados ou o grupo maior da sociedade. Destinado a consumir, como sempre, a menor fatia do bolo.
Rio, 25/08/2018