Eleição não é solução
Política no Brasil é uma máfia. Da qual um reduzido número de políticos talvez consiga se excluir. Mas não a maioria, que é obrigada a aderir a um sistema político que tem por base uma organização mafiosa voltada para a manutenção de vantagens e prerrogativas que nenhum cidadão possui. E ilícitos até mesmo permitidos pela legislação vigente. Não tem Bolsonaro, Dirceu, Lula, Temer, Collor, Meirelles, ninguém. Bolsonaro e Crivella, por exemplo, são alternativas esdrúxulas que a sociedade, obrigada a votar, decide escolher na esperança da opção pelo menos pior. De um modo geral, qualquer um que chega a ser eleito é inoculado pelo sangue venenoso da corrupção. Não adianta atacar o efeito sem a extirpação da causa.
O que precisávamos no momento não era a escolha compulsória de um candidato. O que PRECISÁVAMOS mesmo era acabar com toda a sorte de vantagens da classe política (e do judiciário). Essas vantagens, prerrogativas, mordomias representam a base do nosso apodrecido sistema político. Depois que o cidadão é eleito, ele passa a fazer parte da máfia governante a que estamos sujeitos. Ou vai ter que desistir da carreira. E quando não temos mais escolhas, aí surgem alternativas esdrúxulas como as que citamos, “enriquecidas” por cidadãos como Romário e tantos outros. Que sabemos que nada vão resolver. Porque são apenas o produto de um sistema político falido. Não para os seus integrantes, que deveriam representar o cidadão, mas para toda a nação.
Nesse cenário, qualquer tentativa de defesa da democracia, do ponto de vista teórico, terá cheiro de blábláblá. Sobretudo se pretendermos identifica-la com a soberania popular. Porque, na verdade, não existe soberania popular quase que em lugar nenhum. Nem mesmo no Primeiro Mundo. Só talvez em comunidades tribais primitivas. No caso brasileiro, por exemplo, cujo sistema político carece de total reconstrução, partidos chamados de esquerda, antes críticos contundentes do neoliberalismo, beberam nessa fonte sem pudor algum depois que alcançaram o poder. Numa clara demonstração de que a democracia é mínima por aqui, considerada sob o aspecto da representação popular.
Itaipava, 05/08/2018