ENTRE A PAPUDA E O PLANALTO

O PCC está fazendo escola. Pois foram os líderes dessa facção criminosa que inventaram um modo sui gêneris de administração á distância. De dentro de suas celas, nas mais diversas prisões do país, algumas delas de segurança máxima, eles comandam as operações de suas quadrilhas, de maneira até mais eficiente do que se estivessem presentes.
É isso que o PT quer fazer com a candidatura do Lula. Seria engraçado se não fosse trágico: um condenado administrando o país de dentro de uma prisão. Mas no Brasil tudo é possível. E é capaz dos três mosqueteiros do Supremo Tribunal Federal, Tofolli, Gilmar e Lewandowky darem parecer favorável a essa possibilidade. E quem sabe o D’artagnam amalucado que é o Marco Aurélio Mello também some sua espada aos três paladinos da bandalheira para dizer “um por todos e todos por um”.
A manobra do PT não surpreende. Afinal, essas estratégias pecessistas já foram assimiladas pelo partido (supostamente dos trabalhadores) há muito tempo. Desde que eles começaram a ganhar suas primeiras prefeituras. O assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, até hoje envolto em mistério, foi a primeira ponta do iceberg petista que se chocou com o Titanic brasileiro e acabou na tragédia da Lava a Jato.
Talvez o Brasil seja maior que o oceano e não caiba dentro dele. Por isso uma boa parte dele se salvará e poderá recomeçar a viagem para não sei aonde. Com o que sobrou da tripulação (essa que se apresenta como alternativa para as eleições desse ano), não sei se conseguiremos chegar a algum porto.
Como disse Mário Henrique Simonsen, os pobres ficam ainda mais pobres quando têm que sustentar os burocratas que eles nomeiam supostamente para enriquecê-los. Lula e seus asseclas do PT têm sido sustentados pelos trabalhadores desde a década de setenta. Depois passaram a ser “novos ricos” com o sustento que o erário público lhes deu. Acostumados com a vida fácil e o dinheiro farto, bolaram um projeto que devia garantir-lhes o poder por várias gerações. Distribuíram esmolas e promessas. Alguns aproveitaram bem e melhoraram de vida. Outros, satisfeitos com a esmola recebida, aderiram ao projeto petista, como se um prato de comida fosse tudo que uma pessoa pode querer na vida.
Isso é o que o crime organizado fez nas comunidades mais carentes das grandes cidades brasileiras. E fez tão bem que substituiu o estado. Os chefes das facções criminosas são mais conhecidos e respeitados nessas comunidades do que as autoridades constituídas.
É essa estratégia que o PT quer institucionalizar agora. Seu líder está na cadeia, mas e daí? Vários chefões do crime também estão, mas isso não impede que eles comandem suas quadrilhas a partir dos escritórios mantidos em suas celas. Não há nada de estranho nisso. Afinal, nos últimos anos, entre o Palácio do Planalto e a Papuda a única diferença tem sido o estilo arquitetônico. Pois do comportamento dos ocupantes é difícil fazer qualquer distinção. E vamos que vamos.