Coletivo, jamais
Embora seja recriminável, de certo modo é natural que os interesses pessoais se sobreponham aos da coletividade. Fomos criados assim: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.
A solidariedade é quase sempre circunstancial. Nem sempre está disponível. Só quando, diante da exorbitância do fato, seria ilógico agirmos com indiferença, não oferecendo o apoio, o auxílio e a nossa preocupação àqueles cuja situação desesperadora a todos horroriza.
Talvez seja esse o caso dos meninos tailandeses que acabaram de ser resgatados por pessoas e recursos provenientes de outros países.
No entanto, quando o sofrimento é contínuo e rotineiro, quando a situação de desconforto e desigualdade é repetitiva, são pífias as políticas capazes de combater essa situação. Que passa a ser considerada insolúvel, em geral por conveniência, exatamente por aqueles com autoridade e dever de reunir esforços em busca de melhores resultados.
Tal é o caso majoritário dos políticos em nosso país. São eleitos para representar os interesses do povo. Que ficam em segundo plano, ou plano nenhum, diante de seus interesses pessoais.
Todos sofrem com isso – coxinhas, petralhas, petistas, direitistas, etc. – e sabem muito bem que essa situação não muda. Quaisquer que sejam os candidatos que elejamos. Devido ao absurdo conjunto de vantagens e prerrogativas à disposição da classe política, magistrados e governantes. Que é também a classe dominante. Cujos integrantes, por isso mesmo, estão sempre muito mais interessados na manutenção dessas distinções especiais do que nos anseios básicos de melhoria de vida pleiteados por seus eleitores.
Rio, 11/07/2018