E os outros
A decretação da prisão do ex-presidente Lula não deveria satisfazer ninguém. Afinal, ele deixou seu primeiro governo com expressivos resultados de inclusão social, de contenção da inflação e de maior projeção do Brasil no cenário internacional. Tendo por isso merecido os altos índices de aceitação que obteve no período ao se afastar do governo.
Não há dúvida de que Lula estaria de fato nos braços do povo até hoje se tivessem permanecido nos governos posteriores do PT os resultados obtidos em seu primeiro mandato. Mas as coisas mudaram, principalmente a partir do Mensalão, tendo o ex-presidente se recusado a admitir o conhecimento das várias ilicitudes apuradas pela Ação 470. Irregularidades e atos criminosos perpetrados por inúmeros políticos – oposição e situação – sem que nenhum deles tivesse sido realmente punido até hoje.
Houve também expressivos contatos com setores representativos da tradicional direita brasileira, cujos interesses jamais se coadunarão com os do povo, de que a concessão da vice-presidência a Michel Temer no governo Dilma talvez tenha sido o exemplo maior.
Ocorre que, na verdade, não apenas Lula, mas inúmeros outros políticos, empresários e funcionários do governo deveriam estar atrás das grades. Assim como alguns deles não deveriam ter sido liberados, como o foram principalmente pela interferência de Gilmar Mendes. Essa reclamação é mais do que válida. E essa providência de decretar a prisão daqueles que atuaram como usurpadores do dinheiro do povo deve ocorrer com a maior celeridade possível para que se consiga diminuir as chances de triunfo da impunidade. E, consequentemente, da corrupção.
Rio, 05/04/2018