VESPEIRO ERRADO
            Interessante como está circulando na net vários textos atribuídos a militares que ostentam uma patente significativa. Podem ser trabalhos de algum falsário desejando fazer uma narrativa de acordo com o seu gosto, mas é importante que possamos refletir sobre os argumentos que são postos e concluir ou não por sua veracidade e coerência.
            Irei reproduzir abaixo a pretensa carta Aberta ao Ministro Gilmar Mendes, cuja autoria é do General Paulo Chagas, pré-candidato ao governo do Distrito Federal:
            Matéria jornalística dá conta de que o senhor repudia as “manifestações” do Comandante e de outros oficiais generais do Exército Brasileiro.
            Considerando a credibilidade das Páginas Eletrônicas que publicaram a matéria e não encontrando qualquer posicionamento contrário, conclui ser verdadeira.
            Assim como o senhor, tenho o direito democrático e republicano de me expressar e digo, em alto e bom som, que a liberdade de expressão é uma garantia constitucional e esta garantia é muito clara na Lei 7524/86, que, em seu artigo primeiro estabelece que “é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público”. Assim me comporto.
            Os militares são homens sérios e responsáveis, Sr. Ministro, e não se manifestariam se a situação no País estivesse normal, se não estivéssemos vivenciando uma avalanche de denúncias sobre desmandos, corrupção, instabilidade jurídica e incitações a crimes, entre outras agressões à normalidade da ordem – com envolvimento direto de autoridades dos Três Poderes e outros cidadãos que já ocuparam os cargos mais elevados da administração do País. Ministro que muda de opinião para beneficiar criminoso não é Ministro, é comparsa!
            Somam-se a tudo isso esdrúxulas discussões entre Ministros da Corte Suprema com acusações mútuas de condutas antiéticas, que mereceriam, em qualquer lugar do mundo, rigorosa apuração.
            Sugiro que Vossa Excelência mande fazer uma pesquisa para verificar se o povo está tranquilo e em paz e se acredita e confia nas mais altas autoridades da República.
            Creio que a resposta será um retumbante não! Pois, faz muito tempo que as instituições nacionais estão fora da realidade, dissociadas dos anseios do povo, dando a lamentável impressão de que trabalham para outros patrões, talvez alienígenas.
            Se a última esperança de salvar a nação do caos, depositada pelos brasileiros nas mãos dos Ministros do STF, está desmoronando, onde estará a salvação?
            Estamos na fronteira entre a desordem e o caos total, o limite está bem à nossa frente. O Brasil está perdendo o rumo e logo a baderna se instalará, com sérias consequências que certamente desaguarão nas responsabilidades constitucionais das Forças Armadas, última reserva física e moral da Pátria.
            Embora Vossa Excelência não queira enxergar, é bom saber que ainda existe um grupo de cidadãos que ama o Brasil e que por ele dará a vida se for preciso!
            Os chefes militares sabem, Sr. Ministro, que o emprego das Forças Armadas para o restabelecimento da ordem interna não será sem traumas e essa é a diferença entre elas e as demais instituições republicanas.
            Com a omissão do Supremo diante do caos, restarão, apenas, as Forças Armadas e isso não é ameaça, é fato real!
            O Povo confia nas Forças Armadas como último baluarte e o General Villas Boas simplesmente tranquilizou a Nação, renovando de forma concreta, o juramento que todo militar presta perante a Bandeira Nacional, assegurando-lhe que o Exército compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem e que repudia a impunidade, respeita a Constituição, deseja a paz social e a Democracia e se mantém atento às suas missões institucionais. Nada mais simples, oportuno, democrático, republicano e constitucional!
            A História comprova que o Exército Brasileiro é o Povo fardado, portanto, Sr. Ministro, pense melhor antes de manifestar-se a respeito dele ou de seus Chefes, porquanto, diferentemente do Supremo Tribunal Federal, eles têm e merecem a confiança daqueles que lhes confiaram as suas mais poderosas armas!
            Respeitosamente.
            Gen Bda Paulo Chagas.
            A carta mostra o enfrentamento que a população deseja, que os magistrados colocados de forma gratuita num alto posto da nação, cujo conhecimento não é atestado por uma avaliação pública, não se comportem como apadrinhados que na realidade foram em detrimento dos interesses da nação que tem por dever defender. É salutar que a nação perceba que esses magistrados não estão acima dos deveres constitucionais que os militares estudaram, aprenderam e podem cumprir quando o País se encontrar em perigo.