NÓS, OS MISERÁVEIS
Disse Jesus: Se o mundo vos deu riqueza, Deveis usá-la com redobrada inteligência.
Não queirais comprar felicidade e beleza, Estas são dadas pela própria Providência.
Pois é melhor investir na felicidade alheia, Que nos trará dividendos no tempo exato.
E se não há quem nos queira sacar a meia, Com mais certeza conservaremos o sapato.
E do homem capaz de roubar uns tostões, O que dele se deve esperar? Não roubará
Se lhe dermos a guarda de muitos milhões? Pois quem numa amostra já foi desonesto,
Com muita e maior razão por certo o será, Se nas suas mãos ainda confiarmos o resto.
(JAR-O Parto de Deus)
Andando pelos lados de Pernambuco perguntei ao motorista que estava nos levando o que ele achava desse episódio do Lula preso. “Ele pode ser um ladrão, mas ninguém fez mais por Pernambuco do que ele” disse o motorista. Estávamos passando pelo porto de Suape, que segundo o motorista, foi a grande realização do Lula naquele estado. “Com isso ele nos deu mais de cinco mil empregos”, arrematou.
Lembrei-me de outros políticos do time do “rouba, mas faz”. E concluí que a doença da corrupção está no nosso sangue e nós já aprendemos a conviver com ela. Tanto que aceitamos passivamente as mazelas dos nossos políticos, desde que eles façam alguma coisa boa. Para uns uma estrada, um hospital, são suficientes. Para outros um porto e alguns trocados a mais no bolso, na forma de uma Bolsa-Família. E tem quem se contente com um par de botinas, umas telhas e uns tijolos para fazer um puxadinho no barraco. E eis toda a moral, a honestidade e a decência canceladas.
A bem da verdade, se verdadeiras as imputações que se fazem ao Lula, ele roubou pouco em comparação com outros políticos de quem se fala que surrupiaram milhões dos cofres públicos. As malas do Temer já superaram em muito os valores do sítio de Atibaia e do triplex de Guarujá, pelos quais o Lula está pagando pena. Claro que deve ter mais propina a ser contabilizada ao nosso “Messias” das caatingas, mas seja qual for o montante, ele não vai chegar nem aos pés do Maluff e do Cabral, por exemplo.
Apesar disso Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para presidente. Se lhe for permitido a candidatura é bem capaz de ele ganhar. E com ele vários notórios acusados de rapinagem dos cofres públicos, como Collor de Mello, Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho e outros, continuarão na vida pública por conta dessa indiferença com que nós tratamos a questão da moral e da honestidade.
Do ponto de vista dos simpatizantes do Lula ele roubou pouco e está sendo injustiçado. E o Sérgio Moro é um Inspetor Javert, perseguindo implacavelmente o pobre Jean Valjean-Lula. Já os Miseráveis, estes somos todos nós. Como disse Victor Hugo, “é triste pensar que o mundo sempre ensina, mas a gente nunca aprende.”
Disse Jesus: Se o mundo vos deu riqueza, Deveis usá-la com redobrada inteligência.
Não queirais comprar felicidade e beleza, Estas são dadas pela própria Providência.
Pois é melhor investir na felicidade alheia, Que nos trará dividendos no tempo exato.
E se não há quem nos queira sacar a meia, Com mais certeza conservaremos o sapato.
E do homem capaz de roubar uns tostões, O que dele se deve esperar? Não roubará
Se lhe dermos a guarda de muitos milhões? Pois quem numa amostra já foi desonesto,
Com muita e maior razão por certo o será, Se nas suas mãos ainda confiarmos o resto.
(JAR-O Parto de Deus)
Andando pelos lados de Pernambuco perguntei ao motorista que estava nos levando o que ele achava desse episódio do Lula preso. “Ele pode ser um ladrão, mas ninguém fez mais por Pernambuco do que ele” disse o motorista. Estávamos passando pelo porto de Suape, que segundo o motorista, foi a grande realização do Lula naquele estado. “Com isso ele nos deu mais de cinco mil empregos”, arrematou.
Lembrei-me de outros políticos do time do “rouba, mas faz”. E concluí que a doença da corrupção está no nosso sangue e nós já aprendemos a conviver com ela. Tanto que aceitamos passivamente as mazelas dos nossos políticos, desde que eles façam alguma coisa boa. Para uns uma estrada, um hospital, são suficientes. Para outros um porto e alguns trocados a mais no bolso, na forma de uma Bolsa-Família. E tem quem se contente com um par de botinas, umas telhas e uns tijolos para fazer um puxadinho no barraco. E eis toda a moral, a honestidade e a decência canceladas.
A bem da verdade, se verdadeiras as imputações que se fazem ao Lula, ele roubou pouco em comparação com outros políticos de quem se fala que surrupiaram milhões dos cofres públicos. As malas do Temer já superaram em muito os valores do sítio de Atibaia e do triplex de Guarujá, pelos quais o Lula está pagando pena. Claro que deve ter mais propina a ser contabilizada ao nosso “Messias” das caatingas, mas seja qual for o montante, ele não vai chegar nem aos pés do Maluff e do Cabral, por exemplo.
Apesar disso Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para presidente. Se lhe for permitido a candidatura é bem capaz de ele ganhar. E com ele vários notórios acusados de rapinagem dos cofres públicos, como Collor de Mello, Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho e outros, continuarão na vida pública por conta dessa indiferença com que nós tratamos a questão da moral e da honestidade.
Do ponto de vista dos simpatizantes do Lula ele roubou pouco e está sendo injustiçado. E o Sérgio Moro é um Inspetor Javert, perseguindo implacavelmente o pobre Jean Valjean-Lula. Já os Miseráveis, estes somos todos nós. Como disse Victor Hugo, “é triste pensar que o mundo sempre ensina, mas a gente nunca aprende.”