Como enfrentar o fim dos postos de trabalho
Em duas décadas estaremos vivendo uma trágica situação social, politica e econômica, para a qual ainda não temos nem reflexões adequadas para compreendê-la, nem proposições de ações cooperativas para superá-la. Refiro-me ao atual crescimento do que se chama “big data”, (extraordinário volume de informações sobre tudo, armazenados em computadores que se intercomunicam), e aos trabalhos sobre a “inteligência artificial”, que utilizando a matemática e processadores cada vez mais velozes e do “big data”, impactam a informática e a robótica criando máquinas e processos produtivos que desempregam pessoas de forma irreversível. Como consequência teremos de conviver, ao mesmo tempo, um momento terrível e decisivo da história da humanidade, nunca previsto: o aumento das diferenças de rendimento entre pessoas e regiões do planeta; a impotência dos atuais pressupostos e instrumentos democráticos de representação e de tomada de decisões; um ambiente de progressiva deterioração ambiental; uma maioria de pessoas mal formadas intelectualmente conduzidas por uma minoria de mentes brilhantes com alto nível de formação intelectual – a futura classe dominante; a diminuição das presenças das Igrejas históricas, cada vez mais deslocadas do mundo real da ciência e da técnica, incapazes de oferecerem reflexões morais para populações desnorteadas; fatos que colocarão em risco a própria vida humana e a convivência pacífica e organizada das sociedades.
As pessoas sempre trabalharam. O trabalho é a expressão maior de suas existências no mundo. Sobre os frutos do trabalho civilizações foram desenvolvidas. Os cristãos acreditam que, pelo trabalho, as pessoas participam, com o Criador, da construção do Cosmo. João Paulo II, em 1981, com sua Encíclica Laborem Exercens, sobre o trabalho, ensinava que o “trabalho é a chave principal da questão social”.
Há uma saída: volta às crenças religiosas da Transcendência e da dignidade inerente a todas as pessoas, fato que deverá conduzir, pela educação, a uma politica global de solidariedade, reorganizando as sociedades, garantido a liberdade e a justiça.
Eurico de Andrade Neves Borba, 77, aposentado, escritor, ex professor e Vice Reitor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, mora em Caxias do Sul.