Antes mesmo de chegar em casa na quinta – feira, dia 05 de abril, depois de um dia intenso de trabalho, recebi a notícia de que o Juiz Federal Sérgio Moro, havia decretado a prisão do ex – presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao chegar em casa, fui conferir os detalhes da informação e fiquei surpreso com o que estava escrito no despacho do Juiz Sérgio Moro. Diz ele: “concedo-lhe, em atenção à dignidade cargo que ocupou, a oportunidade de apresentar-se voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as 17:00 do dia 06/04/2018”. No texto, o Juiz Moro proíbe expressamente o uso de algemas. E ainda acrescenta no último paragrafo do despacho: “Esclareça-se que, em razão da dignidade do cargo ocupado, foi previamente preparada uma sala reservada, espécie de Sala de Estado Maior, na própria Superintência da Polícia Federal, para o início do cumprimento da pena, e na qual o ex - Presidente ficará separado dos demais presos, sem qualquer risco para a integridade moral ou física”.

Ao deparar-me com essas informações, a sensação que senti é de que o crime compensa, embora, minhas convicções digam o contrário. E por que esta sensação de que o crime compensa? Imagine a situação de seu Zé da Roça! Homem dedicado ao trabalho, pai de cinco filhos, dois meninos de 09 e 17 anos, três meninas de 06, 12 e 15 anos, casado com Dona Marieta, mulher dedicada à família. Embora este seja em um ano de chuvas abundantes, por não ter condições financeiras para preparar a terra e comprar sementes, Seu Zé da Roça terminou repetindo a produção dos anos anteriores, ficando com o mínimo possível para alimentar sua família. Além, disso, Dona Marieta não tem andado muito bem de saúde, necessitando de cuidados médicos e de remédios. Isso, talvez seja até consequência das noites em claro que passou para oferecer o colo de mãe à filha mais nova, que possui uma doença rara, diagnosticada ainda no primeiro ano de vida.

Seu Zé da Roça tem andado preocupado, pois 70% do que lhe restou da safra deste ano já foi vendida, para custear os medicamentos da esposa e da filha, e o dinheiro que aparece aproximadamente R$ 300,00 do Programa Bolsa Família, mais algumas diárias que ele trabalha, não tem sido o suficiente para manter as despesas de casa. Até as galinhas e os porcos que tinha foram vendidos. O cerco tem se fechado e Seu Zé da Roça já não consegue vislumbrar uma saída para situação em que está a sua família. Outro dia, durante o almoço, enquanto observava os filhos e a esposa em volta da mesa questionou-se: “Até quando vamos suportar esta situação”? Por um instante, ele também pensou na possibilidade, caso não consiga prover o básico para alimentar sua família, de roubar o mercadinho que fica na comunidade vizinha.

Caso, Seu Zé da Roça leve a diante esse último pensamento, o que será que vai acontecer com ele e a família? Caso roube realmente o mercadinho para alimentar seus filhos e esposa, será se o proprietário vai perdoar? Caso venha a ser denunciado, será se a justiça, mesmo em primeira instância, vai ao menos querer escutar sua versão? Caso apareça um notável advogado, que sensibilizado com sua história, assuma sua defesa, será se ele vai aguardar em liberdade os tramites do processo? Será se as autoridades da cidade iam fazer algum pronunciamento em sua defesa? Será se os direitos humanos iam emitir ao menos uma nota em seu apoio? O que você acha que pode acontecer com Seu Zé da Roça, caso cometa o erro de roubar para alimentar a família? Provavelmente sua conclusão para este caso, seja igual ou muito parecida com a minha.

Voltemos à realidade, e vamos pensar no que está sendo protagonizado por Lula da Silva nos últimos dois dias. Ao ser informado da prisão, ainda no final da tarde de quinta – feira, o condenado em primeira e segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, se dirigiu ao sindicato dos metalúrgicos em São Paulo, inicialmente, para encontrar com sua militância política. No entanto, com a repercussão da prisão prevista para o dia seguinte, começou a circular a tese de resistência, que foi confirmada pelo próprio Lula, ainda na manha de sexta – feira. O circo foi montado e os militantes começaram a chegar atendendo chamado dos mais diversos partidos e grupos de esquerda. A ideia amplamente divulgada pelos militantes e pela mídia era formar uma barreira humana para resistir à prisão do condenado Lula, marcada para as 17h de sexta – feira, dia 06 de abril.

Tudo pronto! O cenário estava impecável... Lula, Sindicato, militância, jornalistas, produtores, câmeras de vídeos... Esperando apenas a chegada da Polícia Federal para cumprir o mandato de prisão. Enfim, 17 horas, e Lula no Sindicado! Cadê a Polícia Federal? Poxa, não compareceu! Portanto, as possíveis expectativas do condenado Lula da Silva em ver inocentes derramarem sangue por sua causa foram frustradas. Em nota, “a assessoria de imprensa da Justiça Federal no Paraná esclareceu que Moro concedeu a oportunidade de ele se entregar à Polícia Fededal e, por isso, mesmo após as 17h, ele não é tratado como foragido da Justiça”. Entram em ação os advogados em uma patética negociação com a Polícia Federal.

Em meio à negociação, surge a notícia de que agora, Lula vai se entregar depois da Missa em memoria ao aniversário da sua falecida esposa – Marisa Letícia. A missa aconteceu na manhã deste sábado, 07 de abril em frente ao Sindicato dos Metalugicos. Depois da “missa comício”, foi anunciado que o petista iria se entregar somente depois do almoço. Até o fechamento desta publicação o circo continua aberto! E as últimas informações dão conta de que Lula tentou se entregar mais foi impedido por sua militância, que embora em número reduzido, comparado às expectativas do petista, seguem refém da ideologia a que foram submetidos.  

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Daniel Jorge
Enviado por Daniel Jorge em 07/04/2018
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