VIVA A ROSA

A Ministra Rosa Weber salvou a honra do Supremo Tribunal Federal com o seu voto de ontem. Sempre se desconfiou das suas simpatias pelo PT. Afinal, ela foi indicada pela Dilma e bancada pelo PT. Mas, ao contrário dos marmanjos que o Lula colocou no Supremo, especialmente Lewandowski e Toffoli, que são petistas de carteirinha, ela mostrou que tem moral, decência, coerência, e sobretudo, ética. Pois votou contra suas próprias convicções pessoais, ao negar o habeas corpus para o Lula, preferindo incorrer na ira dos seus padrinhos do que renegar os votos que fizera ao assumir a toga do Supremo: a de não colocar os seus interesses e convicções ideológicas acima do direito e dos interesses do país. Pena que nem todos os seus pares tenham tanta personalidade. Toffoli e Lewandowky, como se disse, são visceralmente comprometidos com seus patrões e só votam de acordo com as suas linhas ideológicas. Marco Aurélio Mello é um paraquedista que só está no Supremo por conta do seu primo Fernando Collor de Mello, que o indicou e bancou sua nomeação. Nunca teve mérito para o cargo e há mais de vinte anos vive comprometendo a Corte com seus votos atrapalhados e sua chatice vitoriana. De certo não estava pensando em salvar o Lula, mas sim o seu próprio primo, que logo estará sendo julgado lá. Quanto a Gilmar Mendes, esse é um tucano de quatro costados. Ele mesmo não nega. Foi posto lá no governo de Fernando Henrique Cardoso e nunca deixou de atender os interesses dos seus padrinhos. Há dois anos atrás votou a favor da prisão do réu condenado em segunda instância. Agora mudou de idéia e passou a defender, com a fúria de um gladiador, o chamado princípio da presunção de inocência, que dá ao réu a prerrogativa de só cumprir a pena depois de transitado em julgado os intermináveis recursos que o sistema processual penal brasileiro permite. O que mudou para fazer a cabeça do irascível magistrado? É fácil descobrir. Há dois anos atrás as malhas da Lava a Jato ainda não havia apanhado nenhum tucano. Agora já estão lá o Aécio Neves, o José Serra, o Aloisio Nunes e outros “urubus de papo amarelo”, como o Delfin Neto costuma chamar os políticos do PSDB. Gilmar Mendes jamais pensaria em favorecer o Lula, como ele mesmo disse. Mas entre soltar o diabo e ter mandar os amigos para o inferno ele prefere a primeira alternativa. Dane-se a ética, o direito e a coerência. Ademais, como Hitler disse certa vez, a coerência é um vício mortal. Talvez seja. Principalmente quando se trata de defender nossos próprios interesses.
Com tudo isso, a vitória da tese de que o juiz pode ordenar o início do cumprimento imediato da pena de um condenado em segunda instância, medida essa que toda a nação aplaude e deseja, como um freio à impunidade que o nosso sistema penal tem consagrado até hoje, pode afinal, acabar sendo uma Vitória de Pirro. Pois se a presidente do Supremo ceder ao lobby dos advogados e à pressão dos seus comprometidos pares que desejam rever essa jurisprudência, a votação de ontem terá caráter apenas protelatório. Será mais um “me engana que eu gosto”, pois logo todos os políticos condenados pela Lava a Jato estarão na rua, beneficiados por habeas corpus e aqueles que estão para ser presos jamais o serão. Que a Dra. Carmem Lúcia, como a Rosa Weber, tenha personalidade suficiente para resistir à corrosão que seus colegas sem ética tentam transmitir para ela. Que as mulheres possam passar ao povo brasileiro uma imagem melhor do Supremo, que alguns dos seus membros fazem tanta força para denegrir. E viva a Rosa.