HOMENS E RATOS

                                                                              
“Quem mexeu No meu queijo” é uma interessante metáfora criada por Spencer Jhonson,  médico e escritor americano que ficou famoso escrevendo livros de autoajuda.  É um livro interessante e atual, que vendeu mais de 11 milhões de cópias no mundo todo e continua sendo usado até hoje por executivos, professores e formadores de opinião.

A metáfora utiliza o comportamento de homens e ratos na luta pela sobrevivência. Eles são postos em dois labirintos e têm seus comportamentos estudados durante algum tempo. No labirinto onde estão os ratos são escondidos pedaços de queijo e o trabalho deles é encontrá-los. No labirinto dos homens são escondidas notas de dez dólares e o trabalho deles é o mesmo: encontrar as notas.

Depois de algum tempo, tanto os pedaços de queijo quanto o dinheiro são retirados. Os ratos voltam ao labirinto algumas vezes e não encontrando nada, param de ficar procurando. Abandonam o labirinto e partem para outros lugares. Já os homens continuam, durante muito tempo, a procurar as notas que não existem mais. A experiência mostra que os homens encontram as notas mais depressa que os ratos descobrem o queijo, mas são mais renitentes para abandonar um comportamento que já não lhes serve mais. Mostra também que os homens são mais complicados que os animais quando há interesses em jogo.  Os ratos, ao descobrirem que não havia mais queijo no labirinto simplesmente abandonaram o local e foram em busca de novos territórios. Ninguém brigou nem perguntou quem havia tirado o queijo de lá. Os homens, ao contrário, começaram a desconfiar uns dos outros e a se perguntar se alguém não andava passando por lá antes para pegar o dinheiro. Isso revela também que o cérebro humano tem muita dificuldade para abandonar um hábito depois que ele é instalado. Mesmo não prestando mais a maioria das pessoas continua praticando esse comportamento na esperança que ele ainda lhe traga algum proveito.
Essa metáfora talvez explique o que está acontecendo com a política brasileira.  Ela sempre foi um labirinto de ratos com esmerado faro para descobrir onde está o queijo. O outro labirinto é onde estão os eleitores. Os políticos sempre sabem onde está o queijo e só largam a teta quando morrem ou são expulsos pelo voto. Os eleitores, ao invés, mesmo vendo que eles nunca atenderam seus interesses continuam votando sempre nos mesmos. Por isso, há mais de meio século cerca de cinquenta famílias dominam a cena política no Brasil. Que outra explicação teríamos para a presença, há tanto tempo no Congresso e no Executivo, dos Collor, dos Calheiros, dos Jucás, Sarneys, Alves, Barbalhos, Alckmins etc. só para falar nos “top of mind” das colônias de ratazanas que passeiam pelos labirintos das nossas casas legislativas e ministérios executivos?  Fico me perguntando se nas próximas eleições nós vamos continuar insistindo nesse mesmo comportamento. E depois ficar batendo panelas, balançando bandeiras e perguntando “quem foi que roubou o meu queijo?”