Reguffe e Dilma Rousseff
REGUFFE E DILMA ROUSSEFF
Miguel Carqueija
Nossos irmãos do PT parece que sofrem da doença da “teoria da conspiração”: em tudo que os contraria vêem a direita fascista (a direita é sempre fascista, como se não existisse a esquerda fascista), a Rede Globo, a Veja, os EUA, o golpe.
Bipolares ou maniqueístas, não parecem enxergar os petistas que existem na política, como em qualquer assunto, mais de duas posições possíveis e que é perfeitamente viável ser ao mesmo tempo contra o PT, o Lula e a Dilma, e contra o PMDB, o PSDB, o FHC, o Aécio, o Alkmin, a Globo e a Veja. Posso até citar um exemplo hilário: quando da votação do impedimento da Dilma (vamos falar impedimento e não aquele estrangeirismo nojento, ok? Estamos no Brasil) um deputado que também é pastor protestante (não lembro seu nome) votou pela saída de Dilma mas logo depois amaldiçoou a Rede Globo. Bizarro mas aconteceu. Tomara que a maldição tenha pego...
Falemos pois em José Antônio Reguffe, senador da República. Ele foi primeiro deputado regional (não estadual por ser do DF), depois deputado federal, depois senador, sempre pelo PDT. É um homem ainda jovem (45 anos), inteligentíssimo, culto, e principalmente, tão honesto que chegou a ser classificado de “espartano”. Isso porque ele recusa TODAS as mordomias, inclusive (e ninguém além dele faz isso em nosso senado) aposentadoria e plano de saúde de parlamentar.
Quando do processo contra Dilma, o senador Reguffe agiu com a nobreza de alguém que possui honradez e consciência límpida. O PDT insistiu em dar apoio à incompetente, autoritária e intratável presidente que se intitulava “presidenta”. E por não concordar com isso Reguffe pagou alto preço, saiu do PDT e ficou sem partido, situação que persiste ainda hoje. É o único senador sem partido (detalhe: é ficha limpa e, pelo que sei, o mais assíduo nas sessões; e é também atuante; basta pesquisar na internet).
No plenário da votação a atuação de Reguffe foi boicotada pela mídia (nossa mídia detesta os bons) mas consegui assistir o vídeo tempos depois. Reguffe chegou no microfone com a Constituição na mão e cotejou os dois decretos da Dilma com a Constituição. E provou, por A mais B, que os decretos desrespeitavam a Constituição e que Dona Dilma cometeu, sim, crime de responsabilidade. Foi ele quem melhor fundamentou o voto pelo afastamento de Dilma.
Nem se venha com o argumento demagógico de que ele fosse aliado do PSDB e do PMDB, pois sua posição foi totalmente isenta e verdadeira. Quando mais tarde houve o escândalo Joesley (e isso também pode ser conferido nos vídeos de Reguffe na internet) o senador pediu veementemente a renúncia de Temer ou então que o Supremo julgasse a chapa Dilma-Temer, evidentemente para cassá-la. O segundo caso ocorreu mas, infelizmente, Gilmar Mendes frustou as esperanças da Nação e justificou seu desastrado voto com um ataque de nervos (só no Brasil mesmo).
Também ocorreu o afastamento de Aécio do Senado, por razões cabeludas. Infelizmente o STF permitiu que o Senado julgasse e, por sua vez, Reguffe declarou que o Senado não tinha que interferir com decisões da Justiça. Portanto ele foi claramente contrário ao retorno de Aécio.
Como se pode ver, Reguffe não é puxa-saco nem do governo, nem do PMDB e nem do PSDB. Ele é independente e segue a sua consciência reta.
Ele deveria ser nosso presidente em vez desse indivíduo que aí está.
Complementando meu pensamento, observo que o PT insiste na demagogia de dizer que houve golpe de direita, quando não houve golpe (já que Dilma realmente cometeu crime de responsabilidade) e os dois partidos que estão no poder, PMDB e PSDB, são de esquerda. Isso eu falo até na cara do Fernando Henrique Cardoso, se tiver oportunidade.
Não pensem que esse pessoal dos grandes partidos tenha autenticidade. Quem pôs, praticamente, o Lula no poder foi o FHC, responsável também pelo casuísmo das reeleições. Quem pôs Temer no poder foi o PT. O Temer é um péssimo presidente e está prejudicando sobremaneira nosso povo, mas é fato que não assumiu por ser golpista mas por ser vice. Ou já esqueceram que ele era o vice da Dilma, e até bisou sua vice-presidência num segundo mandato?
Se golpe houve então o PT é um partido de golpistas, pois votou pelo afastamento de Collor, também eleito democraticamente.
O êrro não foi tirar Dilma. O êrro foi tirar Dilma e não tirar Temer. Marina Silva, outra pessoa muito honesta e lúcida de nossa política, esteve no programa do Jô quando o processo de impedimento ainda estava em andamento. E declarou taxativamente que a chapa devia ser afastada, pois é claro, Temer também estava envolvido. Os fatos mostraram posteriormente como ela estava certa.
Voltando ao fio da meada, se você que lê quer analisar os fatos com isenção, pense na posição de José Antônio Reguffe e na honradez deste ilustre senador. No meu entender ele só não votou pelo afastamento de Temer porque o pedido de impedimento não se referiu ao vice. Por falha dos juristas, o Congresso não pôde julgar a chapa mas somente a titular. E isso não é culpa do Reguffe. Ele julgou o que chegou a ele para julgar.
Rio de Janeiro, 1° de março de 2018
REGUFFE E DILMA ROUSSEFF
Miguel Carqueija
Nossos irmãos do PT parece que sofrem da doença da “teoria da conspiração”: em tudo que os contraria vêem a direita fascista (a direita é sempre fascista, como se não existisse a esquerda fascista), a Rede Globo, a Veja, os EUA, o golpe.
Bipolares ou maniqueístas, não parecem enxergar os petistas que existem na política, como em qualquer assunto, mais de duas posições possíveis e que é perfeitamente viável ser ao mesmo tempo contra o PT, o Lula e a Dilma, e contra o PMDB, o PSDB, o FHC, o Aécio, o Alkmin, a Globo e a Veja. Posso até citar um exemplo hilário: quando da votação do impedimento da Dilma (vamos falar impedimento e não aquele estrangeirismo nojento, ok? Estamos no Brasil) um deputado que também é pastor protestante (não lembro seu nome) votou pela saída de Dilma mas logo depois amaldiçoou a Rede Globo. Bizarro mas aconteceu. Tomara que a maldição tenha pego...
Falemos pois em José Antônio Reguffe, senador da República. Ele foi primeiro deputado regional (não estadual por ser do DF), depois deputado federal, depois senador, sempre pelo PDT. É um homem ainda jovem (45 anos), inteligentíssimo, culto, e principalmente, tão honesto que chegou a ser classificado de “espartano”. Isso porque ele recusa TODAS as mordomias, inclusive (e ninguém além dele faz isso em nosso senado) aposentadoria e plano de saúde de parlamentar.
Quando do processo contra Dilma, o senador Reguffe agiu com a nobreza de alguém que possui honradez e consciência límpida. O PDT insistiu em dar apoio à incompetente, autoritária e intratável presidente que se intitulava “presidenta”. E por não concordar com isso Reguffe pagou alto preço, saiu do PDT e ficou sem partido, situação que persiste ainda hoje. É o único senador sem partido (detalhe: é ficha limpa e, pelo que sei, o mais assíduo nas sessões; e é também atuante; basta pesquisar na internet).
No plenário da votação a atuação de Reguffe foi boicotada pela mídia (nossa mídia detesta os bons) mas consegui assistir o vídeo tempos depois. Reguffe chegou no microfone com a Constituição na mão e cotejou os dois decretos da Dilma com a Constituição. E provou, por A mais B, que os decretos desrespeitavam a Constituição e que Dona Dilma cometeu, sim, crime de responsabilidade. Foi ele quem melhor fundamentou o voto pelo afastamento de Dilma.
Nem se venha com o argumento demagógico de que ele fosse aliado do PSDB e do PMDB, pois sua posição foi totalmente isenta e verdadeira. Quando mais tarde houve o escândalo Joesley (e isso também pode ser conferido nos vídeos de Reguffe na internet) o senador pediu veementemente a renúncia de Temer ou então que o Supremo julgasse a chapa Dilma-Temer, evidentemente para cassá-la. O segundo caso ocorreu mas, infelizmente, Gilmar Mendes frustou as esperanças da Nação e justificou seu desastrado voto com um ataque de nervos (só no Brasil mesmo).
Também ocorreu o afastamento de Aécio do Senado, por razões cabeludas. Infelizmente o STF permitiu que o Senado julgasse e, por sua vez, Reguffe declarou que o Senado não tinha que interferir com decisões da Justiça. Portanto ele foi claramente contrário ao retorno de Aécio.
Como se pode ver, Reguffe não é puxa-saco nem do governo, nem do PMDB e nem do PSDB. Ele é independente e segue a sua consciência reta.
Ele deveria ser nosso presidente em vez desse indivíduo que aí está.
Complementando meu pensamento, observo que o PT insiste na demagogia de dizer que houve golpe de direita, quando não houve golpe (já que Dilma realmente cometeu crime de responsabilidade) e os dois partidos que estão no poder, PMDB e PSDB, são de esquerda. Isso eu falo até na cara do Fernando Henrique Cardoso, se tiver oportunidade.
Não pensem que esse pessoal dos grandes partidos tenha autenticidade. Quem pôs, praticamente, o Lula no poder foi o FHC, responsável também pelo casuísmo das reeleições. Quem pôs Temer no poder foi o PT. O Temer é um péssimo presidente e está prejudicando sobremaneira nosso povo, mas é fato que não assumiu por ser golpista mas por ser vice. Ou já esqueceram que ele era o vice da Dilma, e até bisou sua vice-presidência num segundo mandato?
Se golpe houve então o PT é um partido de golpistas, pois votou pelo afastamento de Collor, também eleito democraticamente.
O êrro não foi tirar Dilma. O êrro foi tirar Dilma e não tirar Temer. Marina Silva, outra pessoa muito honesta e lúcida de nossa política, esteve no programa do Jô quando o processo de impedimento ainda estava em andamento. E declarou taxativamente que a chapa devia ser afastada, pois é claro, Temer também estava envolvido. Os fatos mostraram posteriormente como ela estava certa.
Voltando ao fio da meada, se você que lê quer analisar os fatos com isenção, pense na posição de José Antônio Reguffe e na honradez deste ilustre senador. No meu entender ele só não votou pelo afastamento de Temer porque o pedido de impedimento não se referiu ao vice. Por falha dos juristas, o Congresso não pôde julgar a chapa mas somente a titular. E isso não é culpa do Reguffe. Ele julgou o que chegou a ele para julgar.
Rio de Janeiro, 1° de março de 2018