Direita, esquerda e centro

DIREITA, ESQUERDA E CENTRO
Miguel Carqueija


Para falar a verdade, não gosto muito dessa história de rotular as pessoas em direita, esquerda e centro (ou sem o centro, geralmente esquecido) como se posições políticas fossem posições no espaço real. Mas, para fins de argumentação e porque é difícil transcender o sistema, fiquemos nessa divisão.
Muita gente acha natural ser pela esquerda e abominar a direita. Pessoas boníssimas até. Se perguntarmos a uma delas por que é pela esquerda e contra a direita ela talvez responda:
“Ora! A esquerda é que defende os direitos sociais, trabalhistas, e os direitos humanos em geral, enquanto a direita é o domínio das elites, ela esmaga os pobres e os trabalhadores, explora e rouba.”
Mas quem lhe disse isso? Por que afinal uma pessoa de direita não pode ser honrada, íntegra e justa?
A verdade é que quem definiu isso foi a própria esquerda, que “decretou” que ela mesma é boa e a direita é que é má. Ou seja, a esquerda legislou em causa própria. E normalmente ela ignora a existência do centro.
Um dos recursos da esquerda é chamar de direita uma parte dela mesma. Aqui no Brasil líderes obviamente esquerdistas, como Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, são confundidos com a direita. No entanto basta pesquisar um pouco para verificar que eles são esquerdistas chapados (eu digo isso até na cara deles). Aliás FHC é muito amigo do Lula e facilitou-lhe chegar à presidência. E Temer foi vice da Dilma duas vezes! Alguém me disse: o que houve foi um acordo entre o PT e o PMDB para propiciar a “governança” do país. Tá bom. Então por que não chamaram o Bolsonaro para ser vice da Dilma? É lógico que o Temer foi porque é esquerdista.
Além do mais, como disse Gustavo Corção em “O século do nada”, “praticamente só a esquerda existe”. Poucos políticos se assumem como da direita e isso é porque em sua maioria não são mesmo.
Não estou defendendo a direita, vejo Bolsonaro (que pode sim, ser classificado como direitista) como um machista insuportável. Mas tampouco aceito a esquerda, visto que FHC, Lula, Dilma e Temer desconstruíram o país e nesses governos a corrupção cresceu gigantescamente. E ainda está aí apesar da Lava-Jato. E é uma grande verdade que a esquerda onde se instala rouba, engana, mata, tortura, leva ao caos econômico, moral e social. Se duvidam estudem a história da Rússia sob o comunismo, bem como dos seus satélites, e da China, Camboja, Cuba etc e agora a Venezuela sob o tacão de Maduro.
Por que não podemos trazer uma pessoa de centro na eleição presidencial deste ano? O centro representa o equilíbrio, sem exageros e radicalismos. Não dêem ouvidos a quem disser que ser do centro é “ficar por cima do muro”, essa crítica não tem o menor cabimento.
Para esse ano temos pelo menos três nomes muito bons que representam o centro: José Maria Eymael, Marina Silva e José Antônio Reguffe. Os dois primeiros já se anunciaram como pré-candidatos. Reguffe talvez opte por concorrer ao governo do DF, ou pode preferir completar seu mandato no Senado que vai até 2022. Vamos aguardar os acontecimentos. Quanto a mim, estou decidido a votar no centro e se nenhum centrista chegar ao segundo turno, mais uma vez anularei.

Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 2018.