A DISPUTA DOS ARROGANTES

Em seu blog “Leitor” na revista Veja, Maicon Tenfen escreveu que Lula sofre da “Síndrome do Reizinho Mimado”. Até achei bonitinho, mas não concordo. Se fosse apenas isso, umas boas palmadas na bunda curaria a síndrome rapidamente. Mesmo que o choro durasse mais tempo que o normal.

Lula sofre de um mal maior e infelizmente sem cura. A “Síndrome da Arrogância”. Se um acometido por esta síndrome não bastasse, desta vez, na corrida eleitoral temos dois. Não foi a ideologia política que levou Lula e Bolsonaro para os extremos da disputa. Foi a arrogância.

Creio que tanto Lula quanto Bolsonaro teriam enormes dificuldades para explicar o significado ideológico de direita e esquerda. Numa redação com o tema “ideologia” com toda a certeza os dois reprovariam inapelavelmente. Se o tema fosse arrogância...

A ideologia também não é capaz de criar personagens populistas. Coisa que a arrogância consegue com imensa facilidade. Enquanto para o narcisista um espelho basta, o arrogante sempre clama por um altar mais alto. Afinal, de que adianta um espelho se não houver “santidade”?

Se com apenas a ideologia no embate já é difícil acreditar que qualquer um dos dois esteja pensando no bem maior que é o país, imaginem o veneno que arrogância será capaz de destilar. Os dois estão imunes ao veneno. Os brasileiros não.

A ideologia sempre estará cercada pela militância. Já os arrogantes sempre estão cercados por bajuladores. Militantes nunca se rendem às lavagens cerebrais. Bajuladores sempre. A constatação é triste, porém verdadeira. No Brasil não temos militantes políticos por ideologia. Apenas bajuladores espreitando vantagens.

Lula e Bolsonaro nos ensinam ainda mais coisas ruins. Se você quiser camuflar os defeitos, a arrogância é o melhor caminho. Já as virtudes do arrogante são servidas como se fossem chocolates ou saborosos sorvetes. E nem engordam.

Lula e Bolsonaro personificam uma arrogância doentia. Lula foi engolido pela arrogância. Como um subproduto da fama, é típico adoecer quem galga o topo chegando da base da pirâmide. Como diziam meus pais, quem nunca comeu mel quando come se lambuza.

Bolsonaro é o inverso. O que não significa ser melhor. Ele foi expelido pela arrogância. Não precisou chegar. Sempre esteve.

O Brasil já sabe o que acontece quando se é governado por arrogantes. Então não se iludam com um de “direita”. Eu queria que fosse apenas uma ilusão a falta de opções.