Ainda há esperança
Em editoriais passados rotulamos 2016 como o ano da desforra por vermos bandidos travestidos de autoridades indo parar no xilindró e perdendo cargos e, 2017, como o ano da reconstrução, dada a necessidade vislumbrada de se pôr a casa em ordem ante os desastres econômico-financeiros, políticos e sociais produzidos.
Infelizmente, se acertamos com a “desforra”, não tivemos a mesma sorte em relação à reconstrução desejada. O que se fez e se tentou implantar para amenizar os rombos decorrentes da corrupção foi impor, uma vez mais, que o povo pagasse a conta, inteirinha. Resultado disso: um agravamento da crise, aumento dos preços dos produtos da cesta básica, da gasolina, do gás de cozinha, empresas encerrando atividades, mais desemprego.
Um gestor máximo que não nos representa, denunciado por corrupção e sua popularidade medida em único dígito, governando de costas para o cidadão, comprando votos e barganhando cargos públicos para se manter no poder, tudo sob o manto protetor de um congresso igualmente corrupto e a leniência de um judiciário, foi o que se constatou ao longo de 2017.
É para se perder a esperança? A resposta seria um sonoro “sim” não fosse o fato de os brasileiros não se permitirem quedar de joelhos, vencidos. Se é verdade que não desistimos nunca e temos jeitinhos para enfrentar situações críticas, então ainda há um fio de esperança em toda esta celeuma.
Bobagem imaginar que um ser transcendente possa aparecer, em vestes fulgurantes, para tentar iluminar a mente desses que nos governam, recompondo-os aos trilhos da honradez e da honestidade, pois, como paus nascidos retorcidos, jamais se endireitarão. O aleijão moral deles está no gene, na essência, e não muda.
Não há uma fórmula mágica que possa transformar 2018 em um ano de esperança. É preciso fazer a nossa parte como cidadãos cônscios de nossa responsabilidade diante de um quadro tão deprimente e adverso. A menos que fraudem as urnas eletrônicas que serão usadas nas eleições de outubro para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, podemos muito bem transformar esse estado de coisas com o apertar de uma tecla.
Sim, vamos para as ruas conscientizar a todos e usar o nosso título de eleitor com sabedoria para arrancar dos poderes essa revoada de cupins que neles desde há muito se acha instalada.