Os exemplos
“Impunidade e corrupção são irmãs que caminham juntas”. Claro que o juiz Sérgio Moro não descobriu a pólvora. Mas essa realidade costuma ser ignorada pelos políticos e seus partidos. Independentemente da sigla.
Foi assim com a atuação dos deputados da Alerj na recente revogação da prisão de seu presidente e outros dirigentes da casa. Foi assim com a comemoração de congressistas motivada pela decisão de Dias Toffoli de barrar, no STF, o processo que determinava restrições imediatas ao foro privilegiado. E que já tinha o voto favorável de sete ministros. Foi assim quando o ex-presidente Lula decidiu anunciar para a nação que não tinha conhecimento algum do que tivesse provocado o escândalo do Mensalão, protagonizado por abundante número de políticos, também de diferentes partidos. Até mesmo do dele. Foi assim quando os parlamentares, em suas diferentes agremiações, procuraram (ou procuram ainda) travar o projeto das “Dez medidas contra a corrupção”, criado em 2015 pelo MPF.
Tem sido assim com a permanente tentativa do meio político, em geral, de engessamento da Operação Lava Jato. Um dos poucos instrumentos que acaba contemplando os anseios do povo – ou do negro, do pobre e dos mais fracos, primeiramente –, na medida em que tem recuperado para os cofres públicos bilhões de reais desviados indevidamente. Objetivo a ser perseguido por todos os partidos, especialmente aqueles que se consideram de esquerda.
As pessoas têm suas razões para não aplaudir homens como Moro, Janot, Bretas e outros. Ninguém é infalível. Mas quando suas posições são irrefutáveis, elas não podem passar despercebidas. Simplesmente porque não se pode tapar o sol com a peneira. Qualquer posição, se for o caso, que se tenha em relação ao PSOL não nos deve impedir de aplaudir o partido por ter expulsado o seu deputado que votou a favor da libertação de Picciani, Paulo Melo e Albertassi. É uma forma de se estimular esse tipo de punição como exemplo a ser seguido por outros partidos. Caminhando-se na contramão da corrupção.
Rio, 27/11/2017