Até o último dos corruptos
É impressão ou a Lava-Jato está trabalhando em ritmo mais lento? Que fim querem dar à maior investigação de escabrosos casos de corrupção do planeta, que sangraram a nação e os brasileiros em bilhões de reais por anos e anos a fio?
Até há pouco, sempre tínhamos novidades. Todos os dias a TV e os demais meios de comunicação nos mantinham atualizados, noticiando operações, prisões, audiências, delações ditas premiadas, gravações clandestinas e não tão clandestinas, lamúrias dos investigados e suas caras de pau sempre negando tudo categoricamente, embora a provas berrassem o contrário; as primeiras sentenças, condenações em primeira instância, em segunda.
Tudo caminhava assim, célere, sob os aplausos de um povo extorquido, roubado, que se sentia vingado a cada ação daqueles agora elevados à condição de heróis nacionais. Mas, de repente, a coisa assumiu compasso mais lento, as fases das investigações espaçaram-se; o trabalho segue, mas em menor grau de intensidade.
É verdade.
Forças sombrias –manipuladas por pessoas que bem conhecemos, algumas hábeis e poderosas no uso da caneta, até vestindo camisolões pretos– julgaram, deram liberdade, trocaram ministros, diretor da Polícia Federal, trocaram delegados, policiais, técnicos, todos já conhecedores de detalhes da montanha de documentos carreados aos processos que se formaram. Os novos “indicados” terão de tatear no escuro para entender tudo que se produziu e então agir. Isto, se não tiverem um papel diferente nessa história – um papel inconfessável, de propósitos sinistros, já que falam em término da Lava-Jato em lugar de louvá-la e garantir seu funcionamento até que o último dos corruptos fosse abatido.
Assim, novamente pretendem dar um passa-moleque na Nação Brasileira, nas Instituições, na Esperança. Desviam as atenções com reforma trabalhista, previdenciária, enevoando esforços daqueles que vivem, respiram e transpiram Lava-Jato. Agora, com o processo eleitoral iniciando, consumindo os noticiários, é que se jogará de vez mesmo uma pá de cal nos ânimos dos que anseiam ver corruptos no cárcere.
É a leitura que se faz acerca de tudo que estamos vendo acontecer. Isto até justifica a equipe da Lava-Jato vir a público para pedir que a população não esmoreça e exija em altos brados que o trabalho de investigação não seja obstado e por fim cumpra seu propósito de pôr na cadeia os bandidos engravatados que infestam este país – todos eles.