Derrubando os fãs de Bolsonaro com um soprinho
Muitos afirmam que o Brasil era um paraíso durante o regime militar, sobretudo os fãs do Bolsonaro, porém essas pessoas estão desinformadas, já que o chamado "milagre econômico" ocorrido naquela época, que registrou crescimento econômico de 10% ao ano, foi conseguido graças ao endividamento do país.
Com João Goulart, a dívida governamental (mais conhecida como dívida pública) diminuíra bastante e esse presidente pretendia criar meios de conseguir o financiamento interno do déficit estatal, para fugir dos juros altos e do jugo do sistema financeiro internacional. Certamente este foi um dos motivos de sua queda.
Após o golpe que derrubou Jango, os militares aceitaram empréstimos a juros flutuantes, ou seja, sem uma taxa fixa. Inicialmente os juros eram de 5% ao ano, uma maravilha! Porém surgiu a crise do petróleo e os credores se aproveitaram disso para ganhar dinheiro em cima dela (como sempre fazem aliás), elevando os juros dessa dívida para cerca de 22% ao ano.
Em consequência da "inteligência" econômica e administrativa dos militares (que sabem tudo de armas e de guerras, mas não de economia, administração pública e política), o país endividou-se como nunca e entrou numa hiperinflação, com taxas de 160% ao ano em média. Além disso os militares passaram a imprimir muito dinheiro, provocando mais inflação e mais desemprego, já que a quantidade de moeda circulando naquela época não se ajustava à produção de bens e serviços, desregulando assim toda a economia.
Portanto o tal "milagre econômico" dos militares logo se transformou num pesadelo e numa maldição para a maioria dos brasileiros, que não tinham como se proteger da inflação alta e da carga tributária imposta sobre eles para que o governo pudesse pagar os empréstimos desastrosos e pouco inteligentes que contraiu com credores internacionais. Consequentemente o país atravessou um período econômico terrível de 1970 a 1990, com hiperinflação e muito desemprego.
Esse foi o grande legado dos militares, juntamente com a mordaça, as torturas, os assassinatos políticos, a censura, os abusos cometidos contra jornalistas e civis, a impunidade etc.
Mas se você pensa que hoje está livre de tudo isso, engana-se profundamente, já que aquela dívida contraída pelos militares a juros flutuantes continua a render bilhões anualmente aos grandes bancos nacionais e estrangeiros. Isso ocorre porque o Brasil raramente faz superávit, o que obriga o país a imprimir novos títulos para rolar a antiga dívida. E rolando a dívida, mais juros incidem sobre ela (geralmente juros de agiota, na casa dos 20%) e ela vai se elevando a cada ano... É uma bola de neve rolando montanha abaixo, portanto.
Como vimos, os militares nos deixaram um legado que parece eterno, a dívida do governo (ou pública), eis o principal motivo de deixarmos 40% dos nossos salários com o governo só para o pagamento de impostos.
Por incrível que pareça, essa taxa elevadíssima de tributos que pagamos não é provocada principalmente pela corrupção avassaladora existente no Brasil desde a chegada de Cabral nessas terras, e sim pela dívida governamental, que os militares trataram de tornar impagável.
Essa afirmação parece absurda, mas é verdadeira, já que, nos últimos anos, chegamos a pagar quase dois bilhões de reais diariamente só de juros sobre essa dívida, totalizando cerca de meio trilhão de reais anualmente só de juros. Além disso, o próprio sistema financeiro sempre foi um dos maiores financiadores (se não o maior) de campanhas políticas no Brasil. Portanto o próprio sistema seleciona os candidatos antes do eleitor, por isso este acaba votando em cartas marcadas.
A conclusão disso tudo é que o próprio sistema provoca corrupção (e não somente a ganância dos homens, como cremos), pois o sistema econômico e o sistema político escolhem previamente os políticos que serão apoiados e financiados.
Que belo legado deixado pelos militares, não? Isso o Bolsonaro não diz. Talvez por ignorância mesmo.