Pedreiro Senador, Senador Pedreiro
A galeria de casos envolvendo suplentes de senadores está repleta de episódios pitorescos.
Hélio Campos, ex-governador de Roraima, pretendia ser candidato ao Senado. No entanto, desprovido de recursos e sem estrutura partidária para enfrentar uma campanha política, hesitou até o último instante. Só na última hora decidiu registrar na justiça eleitora a sua candidatura para o Senado Federal.
Sem confiar nos seus tradicionais aliados políticos e em virtude da carência de quadros no inexpressivo PMN, Campos intimou para suplentes o pedreiro e o marceneiro que trabalhavam na reforma de sua residência. O primeiro suplente foi o pedreiro João França e o segundo foi o marceneiro Claudomiro Pinheiro.
Não deu outra: em 1991, foi eleito senador da República. Hélio Campos tomou posse em fevereiro de 1991 e morreu dois meses depois.
A casa do pedreiro se encheu de bajuladores que o instruíram para o exercício do mandado. Cabelo cortado, barba feita, de paletó e gravata, João França, o pedreiro, assumiu um obscuro mandato de oito anos como senador.
Como bem definiu o ex-senador Darcy Ribeiro: "O Senado é melhor do que o céu, porque nem é preciso morrer para estar nele".
Com o fim do mandato, o ex-senador João França voltou à antiga profissão de pedreiro.