Ponta Grossa: política, fundamentalismo e Pablo Vittar na Munchenfest
Pablo Vittar e a formação teológica protestante
Pablo Vittar causa-nos desconforto e insegurança tão frágil é a nossa fé e consciência. Foi peso desmedido na oca e tola política que desperdiça dinheiro público e se sobrepõem aos que trabalham. A ousadia pública do cantor fragiliza a axiologia dos cristãos bem menos que estraga o homem interior dos líderes religiosos. Vittar é a sombra apavorante que remexe a carniça inconsciente de guias espirituais. Sabem o poder desse tenebroso mundo que lhes tira o sono e está proibido à membrezia. São conflitos reais que a vigilância recomendada por Jesus lhes revela. Na prática estão vencidos por ele, como desabafa Paulo de Tarso, miseráveis homens que somos.
O hilário e pitoresco incidente proporcionado por Ponta Grossa e missionariamente divulgado pelas redes sociais enriquece a discussão teológica sobre a formação necessária e fundamental dos pastores protestantes. Será sadio para nossas comunidades que o indivíduo professe fé, seja batizado e no dia seguinte pontificado a alcunha de pastor? Será correto descuidarmos de requisitos mínimos, para que assuma o púlpito e se auto-constitua intérprete das Escrituras e condutor da Igreja de Cristo, coisas que impõem honestidade, seriedade e rigor intelectual. No meio, relevadas exceções, o pastor se faz no espontaneísmo e no abstracionismo, o que possibilita a ascenção de oportunistas e espertos de frágil escolarização, negligente com a leitura, incapaz de interpretar texto e contexto, seja guindado a patrono das Escrituras. Encorajemos a membrezia das comunidades locais a, permanentemente, indagar dos epíscopos o progresso em suas leituras, biblioteca pessoal e prática social em defesa e assistência dos pobres. Igrejas sérias estabelecerão bancas rigorosas de avaliação intelectual e teológica na seleção dos pastores.
É injustificável a continuidade da aceitação de pastores sem conhecimentos básicos sobre a formação do Cânon da Bíblia. Para alguns medíocres, a Bíblia caiu do céu, traduzida em português por revelação do Espírito Santo, com os textos colocados na ordem e selecionados diretamente por Deus, encadernada pelos arcanjos. Cabe uma anedota dessa? Nosso povo sempre vítima de lobos vorazes segue mudo ao matadouro.
A falta intencional de boa vontade em pesquisar, aprofundar-se, no conhecimento histórico, sociológico, geográfico e antropológico da Bíblia salta aos olhos. Voluntariamente optaram pela covardia de não procurar a verdade e pelo temor de que todo seu castelo teológico se constate fantasioso. Grande parte do discurso dogmático desse tipo de fanatismo só existe como construção mental pessoal. Não se encontra numa análise mais profunda e séria da e na própria Bíblia.
A exposição da Bíblia, Teologia Sistemática, Teologia Pastoral requerem conhecimentos históricos não superficiais, capacidade de pesquisa em línguas originais do texto, domínio das leis básicas da hermenêutica, acesso à literatura explicativa dos costumes, política, moral e legislação social de épocas.
No caso da homossexualidade que aparece condenada em algumas passagens bíblicas e romantizada em outras, é preciso enxergá-la no lugar do qual nunca saiu, o contexto moral da Idade Antiga, da formação do povo judeu, milhares de anos atrás. Todos nossos padrões contemporâneos de família, namoro, noivado, casamento, divórcio, relações trabalhistas, formas de governo, não são correspondentes. Precisamos de pastores honestamente formados, recomendação paulina em II Timóteo 2.15.