TI-TI-TI NA CASERNA
Se o Brasil vivesse uma democracia sadia por mais extraordinário que fosse, nada do que algum general do exército falasse chegaria aos noticiários da grande mídia. Ele seria tachado de reacionário e rapidamente esquecido. Talvez, causasse burburinhos nas redes sociais. E só.
Como vivemos uma democracia doente e na UTI com a necessidade do uso de aparelhos, o general não foi apenas o personagem dos noticiários. Ele ganhou também a atenção dos editoriais dos formadores de opinião. Rapidamente transformou-se numa perigosa bola de neve.
A fala do general para um grupo de maçons brasileiros citando “interversão militar” estremeceu o mundo político. Com a reação da caserna de não puni-lo, e ainda receber o apoio do alto comando, nas entrelinhas podemos deduzir que o general Mourão foi apresentado claramente como um “garoto de recados”.
É provável que o general Mourão tenha mais aliados leais na caserna, do que o Michel Temer tem no Congresso. Até o ex-presidente Lula deixou o juiz Sérgio Moro de lado, e disse que o Partido dos Trabalhadores precisa acompanhar com atenção os desdobramentos que dizem respeito ao general Mourão. No STF o silêncio assusta.
Com seu modo sempre peculiar, a classe intelectual brasileira tratou de demonizar o general. Não é meu desejo ser novamente governado por uma ditadura militar. Entretanto, quando se trata de demonizar, prefiro olhar para um outro cenário.
O governo de Michel Temer é uma continuação do projeto de poder dos petistas. Onde não há projeto de governo, a democracia nunca será plena. Temer só continua presidindo o Brasil, porque um grupo político se apoderou da nação.
Fazendo uma longa análise da variável “general Mourão”, o bloguista Josias de Souza construiu duas frases geniais. Primeiro converteu o plenário da Câmara em “cemitério de desovas de denúncias”. Terminou dizendo que “o brasileiro gosta tanto de piada que passou a ser presidido por uma”. Com certeza essa nunca foi a vontade dos brasileiros.
Esse grupo político que se apoderou do Brasil, de forma democrática criou uma espécie de “ditadura corrupta”. Querem fazer a sociedade engolir que números ainda inexpressivos da economia podem conviver lado a lado com um governo corrupto e ilegítimo. Um espelho das cidades brasileiras governadas pelo crime organizado.
Nenhum governante com apenas 3% de popularidade se mantém sem que haja um grupo que se apoderou do poder. E lá permanece independente dos clamores da sociedade. Existe outro ti-ti-ti nas ruas se perguntando o que fazer para tirar do poder quem se acorrentou nele? Usando o voto como corrente e cadeado.