Caxias do Sul na politica nacional
Caxias do Sul na politica nacional.
Aspectos da vida politica, de um município de médio porte são interessantes de serem ressaltados: 500.000 habitantes, boas escolas e universidades, sistema médico hospitalar que em nada fica a dever aos grandes centros do país, vida cultural agitada e variada, indústria moderna, comercio diversificado, não podia, a nossa cidade, ser amorfa na sua vida politica. De certa forma se reproduz em Caxias o que acontece no Brasil, mas com uma característica bem distinta – o sobrevivente idealismo de algumas pessoas.
Os partidos estão aqui. As preferencias pelas lideranças municipais, estaduais e nacionais se mostram com clareza, o atordoamento com a anarquia nacional desorienta os debates e opções, a corrupção nos incomoda sobremaneira, a incompetência dos dirigentes e parlamentares nos espanta, a tristeza dos mais antigos com o que se passa no Brasil e a falta de entusiasmo da juventude para com a prática politica compõe o quadro geral. Não somos diferentes – sempre são minorias que “carregam” os partidos. O interesse da população determina, nas eleições, maior ou menor disputa e discussões, o que, aliás, ocorre com pouca frequência e com baixa adesão por parte do eleitorado.
É um cenário ruim, para Caxias, para o Rio Grande do Sul e para o Brasil. Desse jeito vai ser muito difícil construir a nação democrática, desenvolvida e justa que todos querem.
O que, no entanto, alegra e sustenta a esperança de dias melhores na politica, é o idealismo de quem se dedica aos assuntos da vida diária dos partidos – o idealismo dos militantes. Mais ou menos se repete na politica, guardando as devidas proporções, o que acontece no futebol: GremioXInternacional, JuventudeXCaxias. É uma fidelidade, um estado de alegria despertado pelas cores dos times, a atenção permanente para os detalhes do treinamento, da substituição dos técnicos, preenchendo as necessidades de distração e de sonhos de milhares de torcedores. Um grande antropólogo brasileiro, num trabalho seu da década dos anos de 1980 sobre a “sociologia do futebol” diz que o brasileiro se vê realizado, como cidadão, naqueles minutos onde a bola rola em um espaço determinado, num tempo certo, de acordo com regras conhecidas, onde a infrações são punidas na hora e a glória do time explode com cada gol realizado. Assim, diz Roberto da Mata, os brasileiros gostariam de ver o país: - um jogo com regras bem definidas e uma pagina aberta e verídica de como tudo funciona e se organiza.
No entanto existe um grupo de pessoas que faz com que a chama de um ideal, de um sonho, permaneça acessa como um farol a marcar o rumo e as opções de um futuro melhor para todos – aqueles que mantêm os partidos funcionando, transmitindo suas mensagens. Aqui em Caxias e nos municípios da serra gaúcha é possível perceber, com muita nitidez, esta dedicação e esta crença, aspectos que vão propiciar a renovação da politica nacional que, no interior encontrará os valores morais que necessita para reconstruir o país. A hora da participação da “turma interiorana”, com a pureza das suas intenções, está se aproximando.
Eurico de Andrade Neves Borba