Amar o próximo
Amar o próximo
Publicado blog Diário do Poder, Brasília, de 30 de agosto.
Assisti, num dos raros bons programas da nossa televisão, o Globo News Painel de cinco de agosto, uma cientista politica paulista recém voltando de uma viagem a Israel e que ouviu, de um analista politico israelense, uma observação que a impactara, pois verificara que podia se aplicar à realidade da crise brasileira. Disse o israelense: “a elite de Israel ama o povo de Israel”.
Eu fique impactado. Percebi, nos desdobramentos do raciocínio sobre a instigante sentença, vários traços sociológicos, antropológicos e históricos apontando para uma verdade. A elite israelense, independente de ser capitalista, marxista, trabalhista, ambientalista, pacifista, e o muito mais que só as ágeis mentes dos descendentes de Abrahão são capazes de produzir, ama seu território histórico e seus irmãos e irmãs que residem naquele atribulado pedaço de terra, e também àqueles que, fruto da diáspora, permanecem espalhados por todo o planeta. Um amor que também se manifesta como efetivo respeito, cuidado e reverencia para com as instituições publicas democráticas que garantem a concretude dos valores nacionais, construídos no decorrer de séculos de exílio, assegurando a liberdade, a justiça e a preservação daquela cultura. Este traço cultural unificador da nação se manifesta por meio de atitudes concretas de maciço suporte financeiro para a construção e manutenção de universidades, museus, hospitais, centro de pesquisas e reservas naturais.
Que tristeza comparar com o comportamento da elite brasileira. Uso, aqui, a expressão elite para designar o grupo de pessoas ricas e também a maioria daquelas que se destacam na politica dependendo no entanto, para se elegerem e se reelegerem, da malfadada elite que é o segmento social que efetivamente determina o presente e o futuro do país, que detém o efetivo poder politico e econômico. Com raras exceções, o que se percebe é uma classe constituída de idiotas intelectuais que tem na corrupção, (o jeitinho brasileiro?), o seu método de trabalho. Seus objetivos são a riqueza e o poder politico para facilitar seus negócios. Boa parte se aparta do restante da sociedade brasileira para residir em condomínios exclusivos, frequentam shoppings e restaurantes distintos a título de segurança, e ostenta, de forma ridícula, a despudorada explicita intenção de morar no exterior, passando pelo Brasil apenas para “acertos políticos” e para “raspar” seus ganhos... Antes a moda era morar em Paris, depois Nova Iorque, agora é Miami.
Triste o nosso país. Sórdida essa nossa elite que não lidera para o bem, mas que se sente confortável na cloaca que criou para poder continuar a usufruir seu poder e seus lucros. Não podemos contar com esta classe para reconstruir o Brasil
O povo que se dane ou que migre – as nossas elites não demonstram nenhum compromisso, nenhum amor pelos seus concidadãos: - uma “elite de merda”...
Eurico de Andrade Neves Borba, 76, escritor, aposentado, ex-professor e Vice Reitor da PUC RIO, ex-Presidente do IBGE, mora em Caxias do Sul