NADA DE NOVO NO FRONT
Novamente vou tomar emprestado o título do meu artigo. Desta vez, da obra escrita em 1929 por Erich Maria Remarque. Claro que, o enredo e os personagens do romance não têm nada a ver com o atual momento político brasileiro. O “novo”, entretanto, contém semelhanças.
Quando lemos artigos que os cientistas políticos escrevem nos jornais. Quando assistimos seus debates nos programas de TV, talvez, a maioria olhe para 2018 com a mesma expectativa. O embate dar-se-á entre o discurso do novo contra o velho. Só que 2018 está logo ali. E infelizmente não se enxerga nada de novo no front.
Podemos começar a mostrar isto pelas pesquisas eleitorais. O que mais chama a atenção nem são os primeiros colocados. Ou, a rejeição que acompanha cada um deles. Assustador nessas pesquisas é a falta do novo. Pessoas e ideias que não cheirem a mofo.
Esse cheiro foi claramente percebido no episódio Michel Temer. Quando os partidos cogitaram sua saída, todos correram para ouvir as opiniões de quem? Fernando Henrique Cardoso, Lula e José Sarney.
O sociólogo que esqueceu todo o aprendizado. O alvo número um da Operação Lava Jato. O escritor medíocre da ABL que tem no seu currículo a proeza de falir o Brasil. Estamos pagando o preço dessa falência até hoje. Pasmem, estes três senhores ainda hoje conseguem se sustentar no comando da política brasileira.
Outro exemplo foi esmiuçado numa entrevista dada a BBC Brasil por Marcos Nobre. Ele relata que o mesmo “centrão” responsável pela queda de Dilma Rousseff, e na época comandado por Eduardo Cunha, desta vez salvou Michel Temer. Com Eduardo Cunha preso, Aécio Neves está muito próximo de atingir seu objetivo. Assumir o comando desse “centrão”. E de quebra, bancar uma salvação coletiva dos “fichas sujas”.
É este mesmo “centrão” que encampará a chamada “reforma política”. Que poderia ser facilmente rebaixada para uma “proteção política”. Com medo de serem retaliados pelos eleitores nas urnas, o único objetivo da propalada reforma, é que a reeleição seja tatuada de alguma maneira. Sem espaço ao novo. Para piorar, sangrando os cofres do país em quatro bilhões de reais. Nova forma de financiar suas campanhas.
O velho da nossa política não está apenas mofo e apodrecido. Começa a cheirar mal quando juízes da nossa mais alta corte, dão declarações colocando o crime, a estabilidade e a governabilidade no mesmo patamar.
Outro temor que se percebe entre os analistas, é o surgimento de um aventureiro qualquer. Concordo que num país de despolitizados como o nosso, isto seria novamente uma tragédia. Trágico por trágico, infelizmente no nosso velho só existem aventureiros.