APENAS UMA HISTÓRIA DA HISTÓRIA

Desde cedo desconfiei dos detentores do poder, mesmo alimentando paixões absorvidas em sociedade. Por exemplo, eu penso que estava aos 5 de idade quando via meu pai gostar de política e vi a comoção dos brasileiros pela morte de Getúlio. Eu vi meu pai ser admirador de Seixas Dória e antipatizador de outros. Meu pai me levava ainda pequena para os comícios e eu olhava aquele dramalhão de senhores que se pronunciavam espichando as palavras e balançando o queixo, achava uma coisa ridícula. Depois, quando estudante universitária vi e acompanhei pelas ruas de Aracaju, sem nem mesmo saber do que se tratava, as manifestações, éramos liderados por um grupo no qual estavam Jackson Barreto, Gama e tantos outros conhecidos da época. Eram eles uma espécie de semente de lutas em favor dos trabalhadores, dos oprimidos, eram estudantes, principalmente estudantes. O tempo passou e eles e eu nos transformamos a partir de nossas vivências. Penso que não precisaria me detalhar mais. Bem jovem entrei para as fileiras de professores da rede estadual e conheci um mundo diferente do meu, o mundo, por exemplo, do Colégio Costa e Silva. E vi o quanto tudo era diferente da minha vida de estudante da UFS, no Curso de Letras, onde havia apenas 10 alunos de Inglês e mais 10 de Francês. Vi que aqueles alunos de escolas públicas precisavam c**** uma jaca para se tornarem alguém na vida. Muitos conseguiram c**** a jaca, uns ficaram diferentes, metidos, esquecidos do passado, outros ficaram fiéis às suas origens. Tudo isto foi me mostrando como muitas pessoas escondem uma alma, escondem malícias. Aos 18 anos de idade, perdi a vontade de votar, vi tantas coisas acontecendo e não achei valer a pena escolher alguém para "me representar". De toda forma, a paixão pelo conceito filosófico de Democracia continuava em mim, teimava em crer que a vontade do povo seria soberana. Quase me esqueço de dizer que tantos daqueles meus colegas dos colégios Jackson de Figueiredo e Atheneu, especialmente os assim chamados de filhos de famílias tradicionais e abastadas (arghh) ocupavam as mais importantes posições na sociedade que sempre sabia como impedir aqueles meus alunos da rede pública... Lutando na contramão do oceano do poder, poucos alcançaram os louros da vitória, uns por merecimento, inteligência e esforço, digamos este lugar comum: HERCÚLEO; outros cederam, passaram à condição de bajuladores. Tenho até parentes bajuladores. Eu não consigo bajular, pois até a minha alma vomita. Continuando, muitas coisas se seguiram, me apaixonei pelo Juscelino, por João Goulart (mas esse era pela beleza e carisma), cismei com a cara de Jânio, fiquei enjoada de todos os de Sergipe, mas sempre cito uma exceção: para mim, o melhor governador de Sergipe para os professores foi AUGUSTO DO PRADO FRANCO, mas SÓ E SOMENTE ELE. O tempo passando até que apontou no cenário político uma MULHER, nem sabia de quem se tratava, era uma estranha no ninho dos políticos. Fechei os olhos e matei minha sede de Democracia, votei e votaria outra vez em Dilma, mesmo que o único motivo fosse este de ser uma MULHER. Todos sabem da trajetória da mulher no cenário histórico brasileiro. Tá acontecido, não tem mais jeito, os vampiros do passado retornam com os dentes bem afiados para enfiar na garganta de todos os pobres, dos excluídos, dos que jamais vencerão.